Capítulo 15

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Rodolffo estava sem jeito e não fazia contato visual. Seus dedos mexiam na aba do chapéu e Juliette sentiu que ali estava o seu Rodolffo de tantos anos atrás.

- Meu pai sempre me dizia que se Jesus tinha perdoado Judas, nós devíamos perdoar os nossos inimigos. Mas não é fácil conceder e nem pedir o perdão.

- Eu sinto muito pela partida do seu pai. Que Deus o tenha, seu Elias gostava de mim. Na última vez que vim aqui nos encontramos.

- Sério?

- Sério. Ele não te disse?

- Não. Mas o meu pai era muito coração, porém eu puxei mais a minha mãe.

- Não concordo com isso.

Juliette e Ana sempre tiveram diferenças, a relação sempre foi amistosa.

- Eu já tentei justificar mil vezes o quê você me fez. Não pense que foi por que não quis casar comigo. É que a forma como você me olhou doeu tanto.

- Eu queria ser convincente, mas chorei tanto depois.

- Não acredito. Infelizmente não tem como eu acreditar que você chorou.

- Não acredita que havia amor em mim?

- Não. É isso que também dói muito. Você dizia olhando nos meus olhos que me amava, mas não sentia isso. Por que fazia isso?

- Eu senti muito a sua falta. Que acredite ou não, abrir mão do seu amor foi a coisa mais dolorosa que já fiz. Tudo o quê vivemos não pode ser rasgado ou apagado... Você é o pai do meu anjinho.

- Não fale... Por favor. - ele disse fechando os olhos.

Juliette continuou a falar.

- Quando houve a reunião da família na casa dos meus pais, foi inevitável não lembrar que se ele tivesse vivo era a neta ou neto mais velho. Mas eu sei que não fui boa com ele.

Rodolffo olhou fixamente para Juliette.

- Talvez não tivesse jeito, mas o médico me disse que eu poderia tomar uma medicação e tentar impedir o aborto.

- Você não tomou a medicação?

- Não. Me perdoa por não ter te dito isso na época.

- Você tomou alguma coisa para abortar? Seja sincera.

- Não. Juro pela minha vida que não fiz isso. O médico disse que não garantia que eu conseguiria segurar por que o trabalho de parto já estava em andamento, a dilatação acontecia.

- Acredito que não haveria medicação que segurasse nesse caso.

- Hoje eu convivo com a dor de não ter tentado. Mas sinto que estou pagando caro pelos meus erros. - Juliette se pôs a chorar, algo muito incomum de acontecer na frente de qualquer pessoa.

- Não adianta chorar...

- Eu me arrependo dos meus erros de forma sincera. Esses anos todos não me trouxeram a felicidade que jurava que conseguiria. Dinheiro e dinheiro foi apenas o quê eu consegui.

- Eu preciso ter paz e com você perto isso é mais difícil...

- Ainda me ama Rodolffo?

Ela ficou mais perto dele.

- Não. Eu já fui casado com outra mulher. Já tive várias experiências depois de você.

- E por acaso isso significa que não haja mais sentimentos por mim?

- Essa conversa saiu do rumo nesse momento.

- Se eu te perturbo tanto é por que ainda mexo com os seus sentimentos. - ela colocou a mão no peito de Rodolffo. - E se ainda há algum carinho por mim sei que já tenho o seu perdão.

Eles se olharam e Rodolffo tirou a mão de Juliette.

- Não me procure nunca mais e eu juro que vou tentar te perdoar. Isso é importante para mim também. Eu preciso ter paz, me libertar dessa dor.

- E eu quero você na minha vida de novo.

- Não diga o quê nunca vai acontecer...

- Se é tão convicto de que não quer que eu te procure mais, então diz o meu nome...

- Juliette eu não quero você na minha vida. Te perdoar não significa que voltaremos a ser amigos.

- Não quero ser sua amiga...

- Acabou de dizer o contrário, está vendo como é você? Nunca soube o quê quer da vida.

- Eu vou lutar para reconquistar você. Eu te quero comigo. Nem que isso seja a última coisa que eu faça na vida.

- Você não está falando sério...

Juliette umedeceu os lábios e olhando nos olhos de Rodolffo lhe disse:

- Eu quero ser sua mulher de novo...

- Nunca vai acontecer.

- Vai sim. - ela atrevidamente deslizou as pontas dos dedos na barba de Rodolffo e ele a parou. - Eu sei que você foge por que tem medo de me amar ainda mais.

- Que loucura é essa? Acha que vai voltar depois de anos e eu vou te querer? De jeito nenhum e a nossa conversa acaba aqui. Para o carro agora.

- Por hoje é só Rodolffo... Por hoje...

Ele abanou a cabeça e entraram no carro. Logo deixava Juliette na casa dos pais e seguia para a sua. Se estava confuso no início da manhã, agora estava completamente surpreso com a proposta de Juliette.

- Deus me livre... - ele disse em voz alta.

...

Tereza e Jerônimo ficaram na expectativa de alguma novidade vindo de Juliette.

- Conversamos e nos acertamos. Está tudo bem e sem mágoas.

- Isso é sério? - Jerônimo tinha a mão na boca.

- Não estranhem se em breve Rodolffo aparecer aqui. Por hoje é só.

Tereza sorriu e juntou as duas mãos. Jerônimo estava muito surpreso.

...

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