O corredor era longo e na mente Rodolffo recordava as inúmeras vezes que ele se arriscava para estar com Juliette e das juras de amor que eles trocavam.
"Juliette 14 anos e Rodolffo 15 anos.
Banho no riacho.
- Eu não posso demorar muito. O pai precisa de mim Xuli...
- Não precisa não... Eu preciso mais.
- Não seja assim... Não diga isso.
Juliette fez biquinho e encostou-se em uma pedra. Eles só eram dois adolescentes a flor da vida e a plena ingenuidade.
- Não faça assim... Está se comportando como uma garota mimada. Você não é assim.
- Nos finais de semana você nunca mais tem tempo para mim. Eu sinto saudades suas.
- É só nesses finais de semana... eu tenho que ajudar ao pai na colheita, ele precisa de mim.
- E eu?
- Nos vemos todos os dias de segunda a sexta-feira.
- Não é suficiente. Um dia eu vou ter você para sempre comigo, te juro isso.
Rodolffo sorriu e foi até Juliette. Ele fez carinho na sua face e ela sorriu, enquanto ia fechando os olhos.
- Eu gosto tanto de você.
- Então vem me ver mais tarde.
- Eu não posso.
- De noite. Você consegue chegar aqui... Eu te espero no meu quarto.
- Isso não é certo.
- Não é errado. Eu te amo e você me ama.
- Somos muito jovens.
Juliette o chamou para mais perto e ele a beijou apaixonado. O desejo estava neles e havia tanta ternura em cada gesto.
Tudo ficou acertado e Juliette sabia que seu pai não estaria em casa naquela noite, então enquanto os outros dormiam eles viviam as novas experiências do amor. "
- Eu acho que fui culpado. - Rodolffo parou no meio do corredor.
- Culpado de quê?
- As vezes a ansiedade e o medo de perder nos submete a muitas coisas. Eu fui me omitindo por que era confortável. Um dia o meu pai me disse que se eu queria mesmo casar com a Juliette deveria pedir ao pai dela. Mas eu dizia que queria, porém externar nunca externei.
- Mas isso não existe mais nos nossos tempos. As pessoas não pedem mais isso aos pais.
- Juliette e eu não temos uma história de amor atual. Tudo entre nós começou a mais de 20 anos atrás. Ela foi o meu primeiro amor, juntos descobrimos tudo e eu sei que houveram muitos erros, mas meu coração nunca foi de alguém de verdade como foi dela. Quando tudo terminou eu jurei que nunca mais a veria e esse era o plano, mas ela não aceitou a minha decisão.
- Que bom, não? Agora vocês tem um filho...
- Mas eu ainda sinto o medo de perdê-la e isso dói de uma forma agoniante.
- Tenha calma. Eu já te disse que está tudo bem. Vamos vê-la e comprovar o quê eu estou dizendo.
O médico era atencioso, mas ele não sabia o real medo que Rodolffo sentia.
...
No quarto...
Juliette estava acordada e uma técnica em enfermagem verificava o soro. Ela tinha o olhar triste e distante para o teto do quarto, mas foi chamada a atenção pelo médico.
- Como se sente Juliette? - perguntou o médico.
- Eu ainda estou grávida? - foi a sua primeira pergunta.
- Sim. Está tudo bem. Você só está com a pressão oscilando um pouco, mas não é grave. Agora vou te deixar com o seu acompanhante.
O médico saiu e Juliette olhou para Rodolffo.
- Eu senti uma angústia tão grande. Foi um susto enorme, mas está tudo bem com vocês dois.
Ela fechou os olhos e Rodolffo segurou sua mão.
- Logo estaremos em casa de novo.
- Eu lembro... Eu não queria lembrar daquela noite e daquela manhã, mas minha mente só recorda isso. A sua frieza comigo e as suas palavras... Eu até acho que mereço, mas está doendo muito relembrar.
Rodolffo não esperava por isso naquele momento, mas sabia que ele era o grande culpado por aquela dor.
Ele deu um beijo na sua mão e logo depois deu outro na sua barriga.
- Eu sei que errei e confessei o meu erro, mas nesse momento te peço que me esqueça. O seu corpo precisa descansar e o nosso bebê precisa de você. O palpite do médico é que é uma menininha.
- Mas ele já conseguiu ver?
- Ele disse que não é uma certeza absoluta ainda, mas as perninhas estavam abertas.
- Eu quero ver também... Pede a ele, por favor.
- Eu peço.
Juliette levou a mão até a barriga e sorriu.
- Não importa se é menina ou menino, eu só quero ter essa criança nos braços. Eu só quero isso e nada mais.
Rodolffo e ela choraram juntos.
...