Rodolffo parou sua vida por Juliette. Ela saiu da UTI e estava no quarto, mas não queria ficar sozinha nenhum momento. Seus pais não estavam com ela por causa da idade, mas vinheram visitá-la.
A tarefa de estar com Juliette estava totalmente com ele.
- Eu quero ir para casa. Estou cansada desse hospital Rodolffo. Me sinto ótima.
- Não é assim tão simples. O médico acha necessário que você fique.
- Eu posso ir para a sua casa quando sair daqui?
- Juliette... É...
- Eu sei... Estou indo muito rápido.
Rodolffo aproximou-se dela e lhe deu um beijo na testa.
- Você realmente quer ir para a minha casa? Lá é um lugar simples e só tenho o necessário. Eu crio o Toby e talvez isso possa te incomodar. Também tenho galinhas e elas cantam bastante.
- Eu quero estar perto de você, ainda mais agora que estou esperando um bebê.
Rodolffo se sentia desarmado. Juliette tinha tanta doçura nas palavras e falava com tanto amor do recém descoberto feto.
- Pode ir comigo, mas sempre tenho que sair de casa, então sua mãe deve ir ficar te fazendo companhia até eu voltar.
Juliette mordeu o lábio inferior e Rodolffo lhe deu um selinho.
- Não pode ficar em casa só mais um pouquinho? - ela fez sinal com os dedos.
- Muita calma mocinha... Eu tenho muitas responsabilidades. Não podemos ficar juntos o tempo todo.
- Está bem. Mas que bom que ainda podemos ficar juntos nessa vida. E ainda ter um filhinho juntos. Você está feliz?
- Estou feliz. Principalmente por que estou quebrando barreiras que foram criadas pelo meu orgulho. Vamos tentar mais uma vez?
- Sim.
- Namora comigo? Eu ainda sou um pouco do Rodolffo que você amou.
- Namoro e você é incrível. Eu te amo.
Rodolffo segurou no queixo de Juliette e ela fechou os olhos. As bocas se uniram num beijo apaixonado e que só foi interrompido pela enfermeira com a medicação.
...
Mais três dias passaram e Juliette recebeu sua tão sonhada alta. A memória recente, segundo ela, não tinha voltado, porém a antiga era incrivelmente inabalável.
Tereza e Jerônimo foram para o hospital com a intenção de levar Juliette para sua casa, mas Rodolffo lhe disse que eles tinham decidido de outra forma.
- Não posso ir cuidar de Juliette na sua casa. Vá a nossa, será bem vindo. Acho que agora ela necessita de estar quieta e sem maiores preocupações. - Tereza disse a Rodolffo e conversou com Juliette.
Mesmo que a vontade fosse outra, Juliette aceitou sem reclamações.
- Promete que vai me ver sempre que for possível?
- Eu vou... - ele ajudou ela a entrar no carro do seu Jerônimo, lhe deu um beijo na testa e só depois seguiu no dele direta para a sua casa.
A exaustão estava extrema, mas ele não pode fugir da visita de Gisele.
- Como ela está irmão?
- Ela tá bem. Eu estou faminto e muito cansado.
- Eu te trouxe um lanche, mas o motivo da minha visita não é esse.
Rodolffo encarou a irmã.
- Gisele, por favor, hoje não...
- Hoje sim. Você contou para a Ju como vocês estavam antes dela ficar doente?
- Não.
- Eu sabia... Ela tá toda iludida achando que você perdoou e que a aceitou imediamente. Aaaah... Quando ela lembrar...
- Vá lá contar se essa é a sua vontade...
- Rodolffo você está sendo sincero ou está sendo piedoso?
- Sinceramente Gisele... Eu não sei o quê será o amanhã. Mas ela tá grávida e eu não posso abandoná-la.
- Então é só pelo bebê?
- Eu não confio na Juliette. Eu quero confiar, mas não consigo totalmente. Ela lembra de muitas coisas e não lembra de nós. Não é estranho?
- Pergunte aos médicos.
- Já perguntei. Eles acham que ela vai lembrar.
- E você não tem medo que isso aconteça? Responde com sinceridade.
- Não tenho medo. Se ela não quiser saber de mim é apenas uma consequência dos meus atos.
- Ainda bem que é consciente.
- O médico me disse que talvez a gravidez não tenha evolução, devido a tantas medicações. Eu estou triste, mas sei que vai ser como Deus quiser. Na verdade nós dois não estamos prontos para ter uma criança.
- Você não me parece triste, infelizmente meu irmão sinto que você está aliviado. É como se essa criança fosse a única coisa que te obrigasse a estar perto dela e se isso deixar de existir, você vai descarta-la.
- Gisele, eu quero estar sozinho. Pode ir agora?
- Eu vou com muito prazer.
Gisele deixou o irmão sozinho.
...
