Capítulo 21

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Rodolffo olhava para as feições de Juliette e quando ela levou a mão na região frontal da cabeça percebeu que os olhos dela reviraram.

- Juliette... - ele foi tão rápido ao ponto de evitar que ela caísse totalmente no chão. - Ei... O quê você sente?

Os olhos estavam fechados e Rodolffo checou os sinais vitais.

- Meu Deus... Juliette fala comigo.

Ele fez alguma manobras que poderiam fazê-la acordar, mas não surtiu efeito. Então ligou para a recepção.

- Bom dia. Qual a sua necessidade cliente?

- A senhorita Juliette... Ela acabou desmaiar aqui no quarto. Preciso de ajuda para levá-la ao hospital. Sejam rápidos, por favor.

- Certo senhor. Estamos indo.

Juliette gemeu e Rodolffo a colocou sobre a cama.

- Reage... Pelo o amor de Deus não faz assim.

Ele a compôs com o roupão do hotel e logo estavam três funcionários do local em volta deles.

- Senhor, no ato da reserva a senhorita Juliette nos relatou que tem um aneurisma cerebral e por causa disso até pagou adiantado a diária, nos pedindo que vinhessemos atrás dela se houvesse demora na saída.

Rodolffo ouviu o quê foi informado ao hotel, mas não acreditou.

- A senhora está falando sério?

- Está aqui senhor... Pode ler a observação dela.

A letra era de Juliette, Rodolffo a reconheceria em qualquer lugar do mundo.

- Abram portas para mim. Vou levá-la imediatamente ao hospital.

Com ela no colo e com a ajuda dos funcionários do hotel, Rodolffo conseguiu conduzir até o hospital e viveu os momentos mais desesperadores da sua vida.

Os sinais vitais estavam muito fracos e seu medo era que ela vinhesse a óbito nos seus braços.

- Tudo é culpa minha... Minha culpa! 

Rodolffo disse essa frase tantas vezes enquanto aguardava notícias de Juliette que a equipe médica a submeteu a testes contra violência corporal e ele foi ouvido por uma autoridade policial.

Quando tudo foi esclarecido e se acalmou, Gisele estava do lado do irmão.

- Vocês brigaram Rodolffo?

- Eu fui horrível com ela Gisele. E agora Juliette pode morrer.

- Não fale isso. Nada de mal vai acontecer.

Já passava das 11:30 horas da manhã quando um médico veio conversar com Rodolffo. Ele explicou todo quadro clínico de Juliette.

- Se o aneurisma se romper, ela possivelmente terá morte cerebral. Ela está inconsciente pela pressão que o coágulo está fazendo no cérebro. Mas a cirurgia também tem muitos riscos e ela pode morrer na mesa por uma parada cardiorrespiratória ou outra complicação. Precisamos que alguém assinei um termo para a cirurgia se iniciar e já avisamos que podemos levar mais de 10 horas no procedimento. Serão 18 profissionais envolvidos nessa tentativa de salvar a paciente.

-  Eu assino. - Rodolffo estava muito abalado, mas não se opôs. - Que Deus tenha misericórdia dela.

Gisele, resolveu que era hora de avisar a Tereza e Jerônimo. A jovem também estava muito abalada e contar o ocorr não foi fácil.

- Dona Tereza, sou eu a Gisele. Estou ligando para falar da Ju.

- Oi filha... Está tudo bem? Sua voz está tão fanha.

- A Ju sentiu-se mal enquanto estava com meu irmão e agora ela está no hospital. Vai fazer uma cirurgia, mas logo ficará bem se Deus quiser.

Dona Tereza ficou em pânico. Exigiu falar com Rodolffo. Ele falou e explicou todos os por menores.

- Eu estou aqui dona Tereza. Se acalme, a senhora já tem quase 70 anos e não é bom passar por tanta agitação.

Rodolffo ouviu o choro da mãe de Juliette do outro lado da linha e abraçou a irmã.

- Ela voltou por que estava morrendo Gisele. Esse é o único motivo.

- Para Rodolffo, pelo o amor de Deus. A Ju me confessou que ainda ama você e olha o papelão, idiotice e molecagem que você faz com ela. Cara, ela não te obrigou a ficar com ela. A própria me disse que ia saindo sem te comunicar e você vai atrás para fazer cafajestagem... Eu não te reconheço mais. O meu irmão nunca faria isso e já que fez espero que se arrependa sinceramente disso.

- Eu me arrependo. No fundo disse essas coisas por que eu queria que ela sofresse como sofri no passado.

- Para quê? Me diz?

- Por que só assim Juliette poderia dá valor ao que senti por ela.

- Eu acho que ela deveria ter te dado um tapa bem dado. Ter cuspido na sua cara e ter dito que você é um broxa só para equilibrar o seu juízo. Ai que raiva estou de você e fui eu quem trouxe a Juliette para te ver, quão enganada estava contigo. Se o papai fosse vivo sentiria muita vergonha do que você fez. Ele não te criou para ser esse moleque.

O clima entre os irmãos era péssimo.

...

Rodolffo e Gisele ficaram no hospital por todo o dia, mas no início da noite dona Tereza e seu Jerônimo também chegaram.

- Alguma notícia filho? - Tereza disse indo até Rodolffo. - Ainda bem que ela estava com você. Talvez se estivesse sozinha... - ela se pôs a chorar e Rodolffo a abraçou.

- Tudo vai ficar bem dona Tereza. Deus é maior.

A família não tinha sido informada da discussão e seu Jerônimo aproximou-se logo em seguida.

- Vocês dormiram juntos? - ele perguntou olhando nos olhos de Rodolffo.

- Sim. Nós dormimos.

- E quando ela ficar boa, vocês vão morar juntos?

Rodolffo engoliu no seco.

- Juliette quer comprar uma propriedade. E o desejo dela é que fôssemos com ela, mas eu não quero sair da minha casa. Então se vocês vão morar juntos, é bom que ela não vai sozinha.

- Jerônimo, isso não é hora de perguntar essas coisas. - Tereza o repreendeu.

- Se eles voltaram, dessa vez eu não quero ser o último a saber. Bem que desconfiei dessa viagem dela, tinha algo em Goiânia.

- Seu Jerônimo, nesse momento vamos pensar na saúde da Juliette. Não tenho cabeça para outra coisa. - Rodolffo respondeu.

- A minha filha vai ficar boa, tenho certeza que sim, mas você não vai usar ela como bem quer não... Tá me entendendo? No passado eu deixei passar, agora vai ser diferente. - Jerônimo dizia isso com tom de ameaça. - Juliette tem um pai que é por ela.

Gisele afastou Rodolffo e lhe falou baixinho:

- No dia que ela acordar e contar a verdade para o pai... Prepare-se seu otário!

...

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