Capítulo 3

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Olhando para o vestido através do espelho, Penelope se certificou que não havia nenhum amassado no mesmo, ele era perfeito, seu azul claro realçava seus olhos e lhe davam um brilho diferente, seu cabelo também se encontrava perfeito, apenas com metade dele preso, enquanto o resto do comprimento ficava solto, ele tinha crescido mais do esperado.

Tirada de seus pensamentos por risadas e barulhos de passos no andar de baixo, a ruiva respirou fundo e se olhou mais uma vez no grande espelho e acentiu para seu reflexo, era hora de enfrentar Londres inteira que sua mãe tinha tido o prazer de convidar, sinceramente, pedir ajuda a suas irmãs e mãe para organizar o baile foi uma das coisas mais burra que Penelope tinha decidido, foram semanas de puro estresse.

Virando-se em direção a porta, a garota a abriu e andou até o jardim onde as pessoas estavam, parando na porta, ela os observou, seus olhos percoriam cada pessoa que estava ali presente, então, sua atenção foi prendida a um par de olhos azuis que a observava, eram olhos conhecidos, mas esquecidos por ela, forçando sua mente a lembrar e falhando miseravelmente, ela perdeu a noção de quanto tempo ficou encarando o cavaleiro.

Era estranho, ela o conhecia, mas nunca o tinha visto, ela se lembraria, ela conhecia todos aqui, menos ele, mas parecia que sim. Sua atenção foi tirada do homem estranho quando um garçom lhe ofereceu uma taça de champanhe e um pequeno talher, procurando novamente pelo cavaleiro, Penelope ficou perplexa ao não encontrá-lo, ele tinha sumido.

Se recompondo, a menina limpou a garganta e bateu o talher em sua taça, chamando a atenção de todos para si, ela analisou mais uma vez, ela encontrou sua vossa majestade em sua poltrona extravagante, ela acentiu em comprimento e sua rainha lhe deu um sorriso provocante.

– Espero que todos aqui estejam tendo uma noite agradável – Penelope deu um sorriso brilhante – E que estou muito feliz em estar de volta, como Penelope Featherington e... como Lady Whistledown.

Isso foi o bastante para burburinhos começaram a acontecer, suspiros de descrença também podiam ser ouvidos, sua mãe a olhava com pavor, o que já era esperado, suas irmãs, bem, não era uma das melhores caras, mas nada se comparava ao pavor que estava estampado no rosto de cada Bridgerton, isso seria uma lembrança para Penelope rir mais tarde.

– Por favor, não me digam que estão chocados? – seu tom foi de pura ironia e era quase impossível não abrir um sorriso mais largo enquanto olhava para os rostos de incrédulos a sua frente – Ah, claro, perdoem-me, eu tinha esquecido que um dos motivos de ninguém ter descoberto que eu era Lady Whistledown e que ninguém nunca prestou verdadeiramente em mim, pelo menos não até eu ter matado pessoas, o que não vem ao caso agora – Penelope revirou os olhos e soltou uma risada sem graça, ninguém ainda tinha ousado a falar, todos pareciam congelados – O que eu quero deixar claro aqui é o fato de que, aquele que ousar zombar de minha família, sofrerá consequências, sete anos fora de Londres foram o suficiente para descobrir coisas muitos obscuras de cada um de vocês, segredos foram criados para serem guardados e Lady Whistledown foi criada para contar cada um deles – desviando sua atenção para os empregados que traziam as crônicas de Whistledown em bandejas, ela viu o pânico se instalar em cada rosto presente ali, isso a fez querer gargalhada, mas se conteve – Fiquem calmos, não tem nada demais, apenas o que todo mundo comenta, mas realmente, não tentem fazer nada estúpido ou me desafiar.

Quando as crônicas chegaram a rainha, Penelope a olhou atentamente, e soltou um suspiro de alívio quando viu um sorriso de fazer presente no rosto de sua majestade, Charlotte se levantou, dando dois passos para ter a atenção de todos e a encarou, suas palmas ecoaram pelo jardim silencioso, logo sendo preenchido por mais palmas, que a menina julgou a serem falsas dada ao rosto de pavor de seus convidados.

– Espero que aproveitem o baile – Penelope fez sua reverência, assim que arrumou sua postura e viu as pessoas presentes ali voltarem ao baile, a música começou a tocar novamente e casais se juntavam ao salão para começar uma valsa, era completamente patético o jeito que todos estavam tentando agir normal.

A garota ainda parada na porta, viu sua mãe caminhar em passos furiosos em sua direção, ao lado dela estavam a Viscondessa Viúva Bridgerton, foi inevitável não revirar os olhos com força, ela já esperava algum tipo de sermão ou algo do tipo. Sua noite foi milagrosamente salva pelo homem estranho que ela havia perdido de vista.

– Será que posso ter essa dança Sr. Featherington? – sua voz era rouca e forte, seus olhos brilhavam enquanto ele a olhava, o que fez seu coração quase sair da boca e sua pele arrepiar, era estranho, nunca tinha sentido isso em sua vida. Olhando mais uma vez em direção onde sua mãe estava vindo, Penelope aceitou a mão do cavalheiro, e uma onde de choque a percorreu, seus olhos o encaram, quase perguntando se ele tinha sentido o mesmo, mas se conteve mais uma vez

– Claro – sua voz soou quase como um sussurro.

Ele a arrastou pela mão para o meio da pista, o que a arrancou um grito de surpresa e uma gargalhada que a muito tempo não dava, seus olhos se encontraram mais uma vez, a mão do homem foi para sua cintura e assim começaram a dançar juntamente com os outros casais, seus movimentos pareciam combinados, seus corpos estão mais próximos do que o necessário, era como se eles já se conhecessem.

– Então... Lady Whistledown? – ele perguntou com uma cara confusa, Penelope o olhou incrédula por alguns minutos até responder.

– E novo na cidade? – ela o questionou.

– Não exatamente, mas ouvi a senhorita falando sobre ter ido embora por sete anos, eu voltei a Londres a sete anos – o homem a explicou rápidamente.

– Compreendo... bom, não é nada demais – ela respondeu dando de ombro quando ele a girou.

– Nada demais? Os rostos em pânico que eu vi não pareciam nada demais – Disse a trazendo novamente para si, seus corpos deram um pequeno back.

– Eles são medrosos demais, mudando de assunto, você sabe o meu nome, nada mais justo do que eu saber o seu – ela proferiu rindo.

– Você e Lady Whistledown, é o seu trabalho descobrir – ele lhe deu um sorriso debochado, a dança já havia acabado, Penelope o olhou com um pequeno sorriso nos lábios.

Ele apertou sua mão e sorriu, a ruiva arriscava disser que aquilo era a coisa mais linda que havia, a forma como os olhos dele brilhavam ao a olhar, como ele a tocava faziam seu corpo tremer. Ele a olhou de cima a baixo com uma admiração que ela nunca tinha provado, soltando sua mão e virando de costas ele começou a ir embora.

– Ei – ela o chamou alto, e ele olhou por cima do ombro – Nós já nos  conhecemos? – ela perguntou

– Talvez – ele se respondeu indo embora novamente.

Foi impossível não suspirar, seu coração acelerava e sua respiração estava forte, havia algo naquele homem que a estava prendendo, provavelmente era o fato de não saber nada sobre ele, mas ela iria descobrir, ela sempre descobria.

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