Capítulo 1

595 71 9
                                    

O ano era 1823 e uma nova temporada se iniciava em Londres, e com ela, bailes e casamentos estavam prestes a acontecer, o que ninguém espera, de fato, era a movimentação repentina em frente a casa das damas Featherington atraindo não apenas a atenção da matriarca, mas também a atenção de alguns vizinhos fofoqueiros e pessoas que apenas estavam passando em frente a residência, todos ali presentes, mesmo que distantes, estavam curiosos sobre a carruagem um tanto elegante na qual estava parada em frente a casa, foram tomados por um choque de surpresa assim que assistiram Penelope Featherington descer da carruagem.

A postura da jovem menina estava impecável, pode-se disser que muitas das debutantes da sociedade londrina sentiriam inveja, como não sentir? Se não pela postura, certamente seria pelo belíssimo vestido, a qual se acentuava perfeitamente ao corpo da jovem, resaltando suas curvas e dando uma boa visão de seu busto, seu vestido tinha uma tonalidade esverdeada que facilmente seria confundindo com um tom de branco,  também havia pequenos ramos de flores em um verde mais escuro desenhado por todo o vestido, a cor combinava com o tom de pele da jovem, juntamente com os seus olhos que pareciam estar mais azuis e brilhantes diante da coloração de sua vestimenta, olhos esses que fizeram a sociedade londrina ter certeza que não era apenas o guarda-roupa de Penelope que tinha mudado.

Sua chegada tinha sido uma grande surpresa até mesmo para sua mãe, afinal, nesses últimos seis anos não havia recebido nem sequer uma carta de sua filha mais nova, assim, só sabia do bem estar da mesma por cartas que sua irmã lhe enviava, irmã essa que rebeceu Penelope de braços abertos.

Assim que notará a carruagem parada em frente a sua porta, não pode deixar de ir para ver do que se tratava, era curiosa demais para não fazê-lo, e ora, era em frente a sua casa. Ao mesmo tempo em que abriu sua porta a carruagem também foi aberta, revelado assim Penelope. Dizer que Portia estava incrédula seria um eufemismo, mas obviamente não deixará transparecer, não queria espantar a filha, não queria ficar um minuto sequer longe da mesma, infelizmente teve que passar sete anos longe de Penelope para perceber o quanto a menina fazia falta e o quão ruim fora para ela no passado, tinha prometido a si mesma que se a filha voltasse pra Londres algum dia ela estaria disposta a mudar para que não a perdesse novamente. E bom, esse dia havia chego.

Portia que ainda se encontrava parada em frente a porta, saiu de seu pequeno transe marchando em passos longos e firmes até a filha com um sorriso de orelha a orelha, a única coisa na qual mais deseja era ter a filha novamente em seus braços, quanto mais se aproxima mais seu coração acelerava, na qual foi machucado brutalmente assim que viu sua Penelope dar dois passos para trás para evitar o abraço que tanto ansiava, seu sorriso morreu, sua garganta se fechou, tinha se criado um buraco em seu estômago com a rejeição da filha.

– Penelope – sua voz saiu trêmula, não houve como não esconder que o afastando a machucou, mas não é como se a mesma não merece, tudo o que poderia fazer agora era acolher e dar espaço a Penelope.

– Mamãe – sua pronuncia era fria, seu olhar mais ainda, a garota não tinha movido um músculo sequer, sua visão estava apenas focada nos olhos de sua mãe, esperando algum tipo de reação, na qual não teve, fazendo um singelo gesto com a cabeça e mãos para que Penelope entrasse para dentro de casa, para assim conversarem melhor.

Assim que adentraram a casa, Portia conduziu a jovem para a sala de estar que prontamente se sentou ao sofá e sua mãe no sofá a frente, ouve um silêncio constrangedor na visão de Penelope que se prontificou a quebrá-lo.

– Então... – começou – Sei que a peguei de surpresa com a minha volta repentina, sinto muito por não tê-la avisado, mas titia achou que já estava na hora de retornar a Londres e eu concordei, e bom, aqui estou eu.

– Estou feliz que esteja aqui Penelope, de verdade – sua voz soava calma, tentando ao máximo demonstrar que estava mais do que feliz em saber que a filha havia voltado para ficar, e de fato estava, no entanto, não pode deixar de notar o sorriso nervoso de Penelope.

– Obrigada, se me permite irei me retirar, estou muito cansada da viagem, creio que meu quarto ainda continua intacto – Proferiu se levantado e indo até a porta da sala.

– Claro querida – Portia assentiu e seguiu Penelope com o olhar até a mesma desaparecer de sua vista, seu suspiro ecoou pela sala de estar, aquela temporada certamente seria revigorante aos olhos de Lady Featherington.

----------•••----------

A uma história que diz que quando um passarinho retorna ao ninho, ele retorna para relembrar boas memórias, para se sentir seguro, mas Penelope não era um passarinho e isso significava que não havia boas memórias a quais lembrar naquela casa, sua angústia crescia a cada passo que dava em direção ao seu antigo quarto.

Passando suas mãos pelo extenso corrimão da escada enquanto subia, deixando escapar um suspiro cansado, a garota poderia finalmente respirar adequadamente, a ruiva sabia que em algum momento teria que conversar melhor com sua mãe, mas esse dia não era hoje.

Foram seis anos longe de Londres, e ainda não parecia tempo o suficiente para a fazer esquecer naquela maldita noite, ela não se sentia a mesma desde então, o vazio em seu peito nunca foi enchido, as lágrimas não derramadas a faziam se sentir afogada e o nó em sua garganta a fazia se sentir sufocada, memórias ainda vividas a atormentavam em seus pesadelos.

Aquela maldita noite!

Agora de frente para a porta de seu quarto, Penelope levou a mão a maçaneta e a girou, a abrindo, ela se viu surpresa ao encontrar seus aposentos em perfeito estado, isso provavelmente tinha algo a ver com sua mãe, ouve algo nos olhos dela na qual a garota sentiu que havia mudado, só não sabia se era real ou apenas fingimento, porque se tinha alguma coisa em que sua mãe era boa, era mentir.

Adentrando o quarto a ruiva fechou a porta atrás de si e se locomovel em direção a janela que dava a maravilhosa vista da casa a frente, Os Bridgerton, a família nomeada como perfeita aos olhos da sociedade, mas Penelope sabia muito bem que a família não era tão perfeita assim, fechando as cortinas a garota se virou novamente, olhando ao aredor, a menina percebeu uma caixa em cima de sua cama na qual ainda não havia visto, se aproximando, ela abriu a caixa.

Havia uma faca, a mesma faca daquela noite. Ele sabia que ela tinha voltado, agora, era hora de Londres oficialmente saber que ela também tinha voltado. Tudo começaria com uma conversa esclarecedora e um baile.

DarknessOnde histórias criam vida. Descubra agora