Julianne despertou lentamente, sentindo o peso de um sono reparador. O silêncio no ambiente parecia amplificar a tranquilidade da manhã, mas também a convidava a refletir. Seu olhar recaiu sobre a luz suave que penetrava pelas frestas das cortinas e, por um momento, ela se permitiu saborear a calma. Logo, as lembranças do dia anterior invadiram seus pensamentos: as gravações intensas, o reencontro de Niamh, e, principalmente, os olhares desconfortáveis de Meryl e Christiane.
Ela riu baixinho. Era evidente que ambas estavam enciumadas, mas, para Julianne, aquilo era quase adorável. O ciúme delas, embora um tanto exagerado, confirmava o quanto estavam envolvidas na relação que vinham construindo juntas. Isso a deixava levemente orgulhosa e talvez, só talvez, um pouco tentada a provocar ainda mais.
Determinada a começar o dia de forma leve, Julianne saiu da cama, ajeitou os cabelos recém-lavados, que caíam em ondas reluzentes sobre seus ombros, e foi até o quarto de Meryl. Ela já suspeitava que as duas estivessem lá, e ao abrir a porta, confirmou seu palpite. Meryl e Christiane estavam dormindo lado a lado, uma cena que poderia parecer rotineira, mas que fez o coração de Julianne apertar com uma pontada de ciúme.
Ela balançou a cabeça, rindo de si mesma. Dormir sozinha tinha sido sua escolha, afinal, mas isso não significava que não sentia falta de estar entre elas. Sem hesitar, Julianne caminhou até a cama e, com a leveza de quem não queria ser rejeitada, se enfiou no meio das duas.
O gesto foi acompanhado de beijos demorados nas bochechas de Meryl e Christiane, enquanto seus cabelos ruivos faziam cócegas nos rostos delas. Meryl foi a primeira a reagir, rindo e abrindo os olhos, enquanto Christiane se encolheu, resmungando com o toque.
— Jules... quanta animação a essa hora da manhã para alguém que ontem estava praticamente se arrastando! — comentou Christiane, com um sorriso sonolento.
— Energia renovada, meu amor — respondeu Julianne, aconchegando-se mais entre as duas. — E, honestamente, como vocês conseguiram dormir tão bem sem mim aqui no meio?
Meryl riu e acariciou os cabelos de Julianne, enquanto Christiane tentava parecer séria, mas não resistiu a soltar uma risadinha.
— Minha gracinha! - disse dando uma pinceladinha em seu nariz - nós dormimos muito bem. Maravilhosamente bem, se quer saber.
— Duvido muito. - respondeu fazendo bico tão charmoso e irresistível, a ponto de Meryl puxa-la para mais perto e dar um selinho em seus lábios, falando Torloni revirar os olhos, com aquele comentário tão presunçoso.
— Confesso que sentimos sua falta, mas você estava tão exausta que parecia precisar de espaço só para você. — disse Meryl, sua voz suave.
— E foi sua escolha, lembra? — acrescentou Christiane, piscando de leve. — Não venha nos culpar agora. Aliás, eu sim duvido que você tenha dormido bem, embora estivesse super exausta, afinal perdeu de dormir com os nossos carinhos e nossos beijinhos, oh coisinha convencida.
— É verdade. Você não passa nem frio. Foi estranho e tedioso e não ter nenhuma de vocês ao meu lado. — Julianne admitiu, fingindo um ar dramático. — Mas eu não cometerei esse erro de novo, como vocês podem ver, aqui estou eu.
— E quem disse que vamos aceitar você de volta? — provocou Christiane, embora já tivesse passado um braço ao redor de Julianne.
Julianne riu, depositando um beijo suave no pescoço da brasileira, causando-lhe arrepio.
— Ah, vocês não têm escolha. Sou irresistível — brincou, com um olhar travesso.
Meryl balançou a cabeça, sorrindo.
— Tão modesta...
— Não é modéstia, Mer. É fato — Julianne respondeu, fingindo indignação.
As três riram, e por alguns momentos, a leveza da manhã afastou qualquer tensão remanescente do dia anterior.
— Agora, falando sério, sei que ficaram chateadas comigo ontem, mas vocês sabem que não têm motivos para ciúmes, certo? — Julianne disse de repente, encarando as duas com sinceridade.
Meryl arqueou uma sobrancelha, enquanto Christiane suspirava levemente.
— Ciúmes? Quem disse que estamos com ciúmes? — rebateu a brasileira, tentando parecer despreocupada.
— Ah, por favor! — Julianne exclamou, apertando-a de leve. — Eu vi os olhares ontem. E confesso que achei engraçado, você fuzilando a Niamh com o olhar.
Meryl soltou um riso baixo, enquanto Christiane a olhava incrédula.
— Engraçado? — repetiu Christiane, cruzando os braços, mas seu tom era mais brincalhão do que irritado - Mas uma coisa eu quero que fique clara, não divido o que é meu. Gosto de exclusividade e isso vale para você também senhorita Meryl. - dando um beijo possessivo nas duas.
— Confesso que adoro a idéia de ser sua - Meryl respondeu, segurando seu rosto e um olhar tão intenso.
— Isso também me excita....e muito querida e isso só demonstra o quanto me deseja, além prova do quanto vocês se importam comigo. E, para deixar claro, Niamh é só uma amiga. Uma amiga animada, talvez um pouco espalhafatosa, mas é só isso.
Meryl e Christiane trocaram olhares antes de suspirarem quase ao mesmo tempo.
— Talvez tenhamos exagerado um pouco... — admitiu Meryl.
— Um pouco? — Julianne provocou, com um sorriso travesso.
— Eu não exagerei em nada e depois não sou obrigada a ser legal com aquela girafa irlandesa. Não a quero em meu caminho. — argumentou Christiane, revirando os olhos.
Julianne se inclinou para beijar ambas, primeiro Meryl e depois Christiane, antes de se aconchegar novamente.
— Você fica linda e irresistível assim com ciúmes, sabia? Mas não agora acredito que isso está resolvido, e acho que podemos começar o dia de forma mais tranquila, não acham?
Meryl sorriu, puxando-as para mais perto.
— Concordo. Que nosso dia seja leve e divertido.
Christiane, ainda com um brilho de dúvidas nos olhos, suspirou.
— Desde que você não decida enlouquecer a gente de novo...
Julianne riu, apertando-as.
— Sem promessas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Legado do Desejo
FanficTrês mulheres consagradas no cinema se encontram durante as gravações de um filme europeu, em um luxuoso castelo afastado. Meryl Streep, sempre racional e controlada, se vê envolvida em uma teia inesperada de desejo e sedução, ao perceber que há mui...