Capítulo 47 - Entre Provocações e Carinhos

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Julianne despertou lentamente, sentindo o peso de um sono reparador. O silêncio no ambiente parecia amplificar a tranquilidade da manhã, mas também a convidava a refletir. Seu olhar recaiu sobre a luz suave que penetrava pelas frestas das cortinas e, por um momento, ela se permitiu saborear a calma. Logo, as lembranças do dia anterior invadiram seus pensamentos: as gravações intensas, o reencontro de Niamh, e, principalmente, os olhares desconfortáveis de Meryl e Christiane.

Ela riu baixinho. Era evidente que ambas estavam enciumadas, mas, para Julianne, aquilo era quase adorável. O ciúme delas, embora um tanto exagerado, confirmava o quanto estavam envolvidas na relação que vinham construindo juntas. Isso a deixava levemente orgulhosa e talvez, só talvez, um pouco tentada a provocar ainda mais.

Determinada a começar o dia de forma leve, Julianne saiu da cama, ajeitou os cabelos recém-lavados, que caíam em ondas reluzentes sobre seus ombros, e foi até o quarto de Meryl. Ela já suspeitava que as duas estivessem lá, e ao abrir a porta, confirmou seu palpite. Meryl e Christiane estavam dormindo lado a lado, uma cena que poderia parecer rotineira, mas que fez o coração de Julianne apertar com uma pontada de ciúme.

Ela balançou a cabeça, rindo de si mesma. Dormir sozinha tinha sido sua escolha, afinal, mas isso não significava que não sentia falta de estar entre elas. Sem hesitar, Julianne caminhou até a cama e, com a leveza de quem não queria ser rejeitada, se enfiou no meio das duas.

O gesto foi acompanhado de beijos demorados nas bochechas de Meryl e Christiane, enquanto seus cabelos ruivos faziam cócegas nos rostos delas. Meryl foi a primeira a reagir, rindo e abrindo os olhos, enquanto Christiane se encolheu, resmungando com o toque.

— Jules... quanta animação a essa hora da manhã para alguém que ontem estava praticamente se arrastando! — comentou Christiane, com um sorriso sonolento.

— Energia renovada, meu amor — respondeu Julianne, aconchegando-se mais entre as duas. — E, honestamente, como vocês conseguiram dormir tão bem sem mim aqui no meio?

Meryl riu e acariciou os cabelos de Julianne, enquanto Christiane tentava parecer séria, mas não resistiu a soltar uma risadinha.

— Minha gracinha! - disse dando uma pinceladinha em seu nariz - nós dormimos muito bem. Maravilhosamente bem, se quer saber.

— Duvido muito. - respondeu fazendo bico tão charmoso e irresistível, a ponto de Meryl puxa-la para mais perto e dar um selinho em seus lábios, falando Torloni revirar os olhos, com aquele comentário tão presunçoso.

— Confesso que sentimos sua falta, mas você estava tão exausta que parecia precisar de espaço só para você. — disse Meryl, sua voz suave.

— E foi sua escolha, lembra? — acrescentou Christiane, piscando de leve. — Não venha nos culpar agora. Aliás, eu sim duvido que você tenha dormido bem, embora estivesse super exausta, afinal perdeu de dormir com os nossos carinhos e nossos beijinhos, oh coisinha convencida.

— É verdade. Você não passa nem frio. Foi estranho e tedioso e não ter nenhuma de vocês ao meu lado. — Julianne admitiu, fingindo um ar dramático. — Mas eu não cometerei esse erro de novo, como vocês podem ver, aqui estou eu.

— E quem disse que vamos aceitar você de volta? — provocou Christiane, embora já tivesse passado um braço ao redor de Julianne.

Julianne riu, depositando um beijo suave no pescoço da brasileira, causando-lhe arrepio.

— Ah, vocês não têm escolha. Sou irresistível — brincou, com um olhar travesso.

Meryl balançou a cabeça, sorrindo.

— Tão modesta...

— Não é modéstia, Mer. É fato — Julianne respondeu, fingindo indignação.

As três riram, e por alguns momentos, a leveza da manhã afastou qualquer tensão remanescente do dia anterior.

— Agora, falando sério, sei que ficaram chateadas comigo ontem, mas vocês sabem que não têm motivos para ciúmes, certo? — Julianne disse de repente, encarando as duas com sinceridade.

Meryl arqueou uma sobrancelha, enquanto Christiane suspirava levemente.

— Ciúmes? Quem disse que estamos com ciúmes? — rebateu a brasileira, tentando parecer despreocupada.

— Ah, por favor! — Julianne exclamou, apertando-a de leve. — Eu vi os olhares ontem. E confesso que achei engraçado, você fuzilando a Niamh com o olhar.

Meryl soltou um riso baixo, enquanto Christiane a olhava incrédula.

— Engraçado? — repetiu Christiane, cruzando os braços, mas seu tom era mais brincalhão do que irritado - Mas uma coisa eu quero que fique clara, não divido o que é meu. Gosto de exclusividade e isso vale para você também senhorita Meryl. - dando um beijo possessivo nas duas.

— Confesso que adoro a idéia de ser sua - Meryl respondeu, segurando seu rosto e um olhar tão intenso.

— Isso também me excita....e muito querida e isso só demonstra o quanto me deseja, além prova do quanto vocês se importam comigo. E, para deixar claro, Niamh é só uma amiga. Uma amiga animada, talvez um pouco espalhafatosa, mas é só isso.

Meryl e Christiane trocaram olhares antes de suspirarem quase ao mesmo tempo.

— Talvez tenhamos exagerado um pouco... — admitiu Meryl.

— Um pouco? — Julianne provocou, com um sorriso travesso.

— Eu não exagerei em nada e depois não sou obrigada a ser legal com aquela girafa irlandesa. Não a quero em meu caminho. — argumentou Christiane, revirando os olhos.

Julianne se inclinou para beijar ambas, primeiro Meryl e depois Christiane, antes de se aconchegar novamente.

— Você fica linda e irresistível assim com ciúmes, sabia? Mas não agora acredito que isso está resolvido,  e acho que podemos começar o dia de forma mais tranquila, não acham?

Meryl sorriu, puxando-as para mais perto.

— Concordo. Que nosso dia seja leve e divertido.

Christiane, ainda com um brilho de dúvidas nos olhos, suspirou.

— Desde que você não decida enlouquecer a gente de novo...

Julianne riu, apertando-as.

— Sem promessas.

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