Capítulo 34 = " Passos de Conforto e inquietação "
Os raios de sol atravessavam as cortinas negras do quarto, iluminando suavemente o espaço e aquecendo a pele palida de Zachriel. Ele piscou lentamente, os olhos cinza-escuros ajustando-se à luz do sol em sua cara. Ainda estava abraçado ao seu ursinho de pelúcia e ao morceguinho que não largava desde a noite anterior. Apesar da sensação de conforto proporcionada pelos brinquedos e pela cama do pai, havia algo em sua cabeça que parecia pesado. Uma dor que não era apenas física, mas sim emocional.
Ele não sabia exatamente que horas eram, mas sua mente logo o levou de volta à noite anterior, à crise que havia enfrentado e ao olhar preocupado de Seu pai. Seu peito apertava com o pensamento, e ele sentiu a garganta fechar levemente. Ele não gostava de sentir-se assim, daquele geito: tão fraco, tão incapaz de controlar as coisas ao seu redor e dentro de si.
Zachriel ficou sentado na cama por um momento, ainda segurando firme o morceguinho de pelúcia. Sua mente parecia confusa, como se pensamentos embaralhados corressem sem destino. Ele se perguntava por que aquilo acontecia com ele. Por que não podia simplesmente parar com isso ser normal, como outras crianças?
Antes que pudesse se afundar ainda mais nas próprias perguntas, ele ouviu passos pesados subindo as escadas. O som fez seu coração acelerar levemente. Ele conhecia aqueles passos. Um leve alívio percorreu seu peito, substituindo parte da angústia.
Severus entrou no quarto com uma bandeja nas mãos. Ele usava uma camisa social preta desabotoada no colarinho e as mangas enroladas, até o cotovelos, acompanhado de uma calça moletom cinza, seus curtos cabelos estavam num tanto bagunçado, diferente do seu cavanhaque, que estava bem feito. Severus com aquela roupa transmitia um ar casual e acolhedor.
O rosto de Zachriel relaxou um pouco ao ver a imagem do seu pai, mas ele ainda parecia hesitante, talvez preocupado com o que o pai iria dizer.
___ Bom dia, finalmente acordou — disse Severus, com um tom gentil, colocando a bandeja sobre em cima cama.
___ Como você está?Zachriel desviou o olhar, os dedos brincando nervosamente com o ursinho.
___ Ah... tô bem, eu acho — respondeu baixinho, mas havia incerteza em sua voz.
Severus se inclinou, observando o rosto do filho. Zachriel parecia pálido, com olheiras leves marcando sua expressão cansada. Ele não precisou de mais nada para entender que seu menino não estava bem.
___ Você teve uma noite bem difícil — disse Severus, abaixando-se para deixar um beijo suave na testa de Zachriel.
O gesto trouxe uma pequena sensação de conforto ao menino, mas ele ainda estava inquieto. Severus começou a fazer um cafuné leve nos cabelos castanhos claros de Zachriel, os cachos se desmanchando entre seus dedos. O toque era calmante, e, pouco a pouco, um pequeno sorriso surgiu no rosto do garoto.
Zachriel deixou escapar uma risadinha suave quando os dedos do pai passaram pelo seu couro cabeludo de uma forma que fazia cócegas.
___ Ei! Isso faz cócegas, papai! — disse ele, rindo de maneira infantil, os olhos finalmente ganhando um brilho de alegria.
Severus sorriu de lado, vendo o efeito do carinho no humor de Zachriel. Ele sabia que aquele momento era importante, que precisava construir a segurança do menino pouco a pouco, especialmente após as crises que ele enfrentava.
___ É pra te animar, garoto — respondeu Severus, enquanto pegava a bandeja e mostrava os itens para Zachriel.
___ Fiz um café da manhã especial hoje. Vamos comer juntos.
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" A Soul to Save"
Sci-fiEsquecido por um mundo que o rejeitou, Zachriel conheceu a escuridão cedo demais. Filho de uma mãe Protistuta ausente e cruel, viveu seus primeiros anos em um bairro sombrio e degradado da Grã-Bretanha, onde inocência e segurança eram apenas sonhos...