Capítulo < XVIII >

712 83 29
                                    



Capítulo 18 = " Sombras do Passado "


O quarto de Zachriel estava imerso em silêncio, a penumbra da noite envolvia tudo, com apenas uma fresta de luar escapando pela cortina entreaberta. Ele estava deitado na cama, aninhado em seu cobertor macio e quartinho, Zachriel agarrado ao morcego de pelúcia, que se tornara seu companheiro inseparável. A respiração de Zachriel era lenta e tranquila, o corpo cansado finalmente se rendendo ao sono após um dia cheio que teve ao lado de seu pai.

Mas, conforme as horas da noite se passavam, algo mudou. Ele começou a se remexer na cama, seu rosto se contorcendo em uma expressão de angústia. Os murmúrios baixos que saíam de seus lábios eram confusos, intercalados por pequenas súplicas quase inaudíveis.

Zachriel estava preso em um pesadelo.

A escuridão ao seu redor tomou a forma de uma figura conhecida. Katherine, sua mãe, surgia diante dele, com um sorriso que parecia ser ao mesmo tempo doce e cruel. Ela se abaixava, ficando na altura dos olhos de Zachriel, que recuava, apertando o morcego de pelúcia contra o peito como se isso pudesse afastar as palavras que ela lançava contra ele.

__ Ninguém te ama, Zachriel. — A voz dela era um sussurro gelado, penetrante, ecoando em sua mente. __ Você é um fardo, uma responsabilidade que ninguém quer carregar. A há mesmo qje snape vai ficar com voce?... Ele logo vai perceber assim como eu. Ele vai se cansar de você, como eu me cansei.

Zachriel balançou a cabeça desesperadamente, lágrimas já se formando nos cantos de seus olhos fechados. Ele não queria acreditar naquelas palavras de Katherine, mas elas eram como uma lança perfurando seu pobre fragil inseguro coração, trazendo de volta as memórias dolorosas de abandono e rejeição. Sua respiração começou a acelerar, se tornando irregular e ofegante, enquanto ele tentava afastar as imagens de Katherine em sua mente.

__ Não... Não... — murmurou ele, se debatendo no colchão, o rosto molhado de suor frio e lágrimas. __ Papai... Papai...

O pesadelo o prendia, sua mente se fechava cada vez mais nas palavras cruéis que ecoavam, distorcidas e intensificadas por seus medos. Sentimentos de culpa, dor e solidão se misturavam dentro de seu peito, criando uma espiral caótica e sufocante. Zachriel estava entrando em um ataque de pânico, sua respiração se transformando em soluços desesperados que precisavam ser parados imediatamente.

No outro quarto, Severus acordou com um sobressalto. Os gritos de Zachriel ecoaram pela casa, um som de puro terror e angústia. Sem pensar duas vezes, ele se levantou da cama em um salto, seu coração disparando em preocupação. Ele correu pelo corredor, sentindo o desespero aumentar a cada passo até chegar à porta do quarto de Zachriel.

Ele abriu a porta com força, o olhar alarmado pousando imediatamente no filho. Zachriel estava sentado na cama, os joelhos dobrados contra o peito, balançando-se para frente e para trás enquanto soluçava e puxava o ar com dificuldade, como se não conseguisse respirar.

__ Zachriel! — Severus exclamou, correndo até ele e se ajoelhando ao lado da cama. __ Estou aqui, filho. Estou aqui. Olhe para mim.

Mas Zachriel não parecia ouvir. Ele estava perdido em seu próprio pânico dentro da sua mente confusa, suas mãos tremiam descontroladamente enquanto seguravam o morcego de pelúcia, os olhos arregalados e vazios, como se estivesse vendo algo terrível à sua frente. " Katherine ".

__ Papai... — choramingou ele, a voz fraca e entrecortada. __Ela disse... Ela disse que você vai me abandonar... Que ninguém me ama...

As palavras de Zachriel atingiram Severus como um golpe físico, deixando-o momentaneamente sem reação. Ele respirou fundo, tentando manter a calma, mesmo com o pânico crescendo dentro dele também. Ele pegou o rosto de Zachriel em suas mãos, forçando o menino a olhá-lo.

__ Não, Zachriel, olhe para mim! — Severus disse firmemente, mas a voz tremia levemente. __ Eu nunca vou te abandonar. Nunca. Eu te amo, filho. Estou aqui. Estou com você.

Mas Zachriel continuava perdido em seu próprio medo, os soluços ficando mais altos, sua respiração cada vez mais curta. Ele estava hiperventilando, os olhos rolando de um lado para o outro, buscando algo que ele não conseguia encontrar.

Severus percebeu que precisava agir rápido. Ele soltou o rosto de Zachriel por um momento e correu para o seu próprio quarto. Suas mãos tremiam enquanto procurava o frasco da poção calmante que ele sempre mantinha em sua mesa de cabeceira. Severus já tinham poções laxante em seu quarto, afinal era muito mesmo do comum que ele bebese antes dele ir dormi para ajudá-lo aa controlar seu emocional, para que não tivesse uma crise. Igual a essa do Zachriel.

Encontrou-o e voltou correndo para o quarto de Zachriel.

Ele se sentou ao lado do filho novamente, tirando a tampa do frasco e o aproximando da boca de Zachriel.

__ Zach, você precisa tomar isso. Vai ajudar a acalmar. — Ele tentou falar com a voz mais suave possível, mas o nervosismo era palpável.

Zachriel balançou a cabeça freneticamente, empurrando a mão do pai. Ele não queria tomar nada, estava com medo, perdido em sua crise.

__ Não... Não quero! — gritou ele, sua voz saindo como um sussurro rouco e desesperado.

__ Por favor, filho. — Severus implorou, segurando-o com cuidado, mas firmeza. Ele sabia que, se não conseguisse fazer Zachriel tomar a poção, a crise poderia agravar e piorar mais. __ Confie em mim. Eu estou aqui. Eu não vou te machucar. Você precisa se acalmar.

Com gentileza, mas firmeza, ele pressionou o frasco contra os lábios de Zachriel, e o menino, finalmente, cedeu, tomando alguns goles da poção, que desceu por sua garganta. Sua respiração continuou acelerada por mais alguns instantes, mas aos poucos, o efeito da poção começou a se manifestar. Ele foi se acalmando, seus soluços diminuindo, a respiração voltando ao normal.

Severus puxou o filho para seus braços, segurando-o firmemente contra o peito, como se estivesse tentando proteger Zachriel de todos os monstros que assombravam seus sonhos. Ele acariciava os cabelos do menino, sentindo as lágrimas quentes escorrerem por suas próprias bochechas.

__ Zachriel, você não tem culpa de nada. — Severus sussurrou, com a voz quebrada pela emoção. __ Você não tem culpa de como sua mãe era. Você não tem culpa pelo que aconteceu com ela. Você é uma criança, e nada disso é sua responsabilidade. Eu nunca vou te deixar, ouviu? Eu te amo mais do que qualquer coisa neste mundo.

Zachriel soluçou contra o peito do pai, agarrando-se a ele como se sua vida dependesse disso.

__ Mas ela disse que você vai se cansar de mim... Que ninguém me ama... — sussurrou Zachriel, a voz carregada de dor.

Severus apertou o filho ainda mais forte, como se aquele abraço pudesse afastar todas as dúvidas e inseguranças.

__  Isso nunca vai acontecer. — Severus falou com convicção, sentindo o coração apertar. __ Eu vou estar sempre aqui para você, Zachriel. Você é meu filho. Eu te amo, e vou cuidar de você para sempre.

Ele continuou segurando Zachriel por um longo tempo, acariciando seus cabelos e murmurando palavras tranquilizadoras, até que o menino adormeceu em seus braços, finalmente em paz. Severus, ainda ajoelhado ao lado da cama, sentiu o peso da responsabilidade e do amor paternal apertar seu peito. Ele sabia que os pesadelos não desapareceriam de uma hora para outra, mas estava disposto a enfrentar cada um deles ao lado do filho.

Porque, para ele, proteger Zachriel era a coisa mais importante do mundo.

&quot; A Soul to Save&quot;Onde histórias criam vida. Descubra agora