☆ Capítulo < VI >

855 108 28
                                    






Capítulo 06 = " O encontro de Dois Silêncios "






A manhã despetava, os pequenos requicios do sol caiam penetrando o quarto escuro. Mas o amanhecer parecia mais uma ironia para Severus Snape, um homem que há muito se desconectara das promessas de renovação que cada dia oferecia. Ele estava em frente ao espelho do banheiro, encarando seu próprio reflexo, mas o que via não era exatamente o homem que todos conheciam, bem ou imaginvam que ele era. A imagem que olhava de volta era marcada por sombras, lembranças e, acima de tudo, arrependimentos profundos dentro da sua alma.

Ele suspirou, os olhos pesados e vermelhos de uma noite mal dormida. Ainda sentia os resquícios do pesadelo que o acordara, aquele sonho que insistia em retornar. Não era apenas um sonho, mas uma lembrança – uma colcha de retalhos de todas as coisas das quais ele preferia fugir se pudesse. Os pesadelos constavam em memorias de Severus,  das noites em que servira a Voldemort, dos rostos pálidos de suas vítimas, dos gritos que ainda ecoavam em sua mente como um eco cruel e interminável, enquanto ele usava as maldições imperdoáveis em cada uma. Fechava os olhos, numa tentativa de se esconder, mas o passado continuava lá, tão vívido quanto sempre, transformando cada respiração em uma luta.

Com um movimento quase automático, ele abriu o armário do banheiro, revelando uma pequena garrafa de uísque que reluzia no canto. O vício o seguira como uma sombra ao longo dos anos, como um consolo frio para o peso que carregava.

Snape odiava ser um viciado, isso o lembrava do seu pai
" Tobias ", de como ele era um completo viciado, não passando de um completp bêbado, qualquer. Mas o irônico da história, é que ele estava indo ao  mesmo caminho do trouxa. " Patético ".

Snape hesitou, os dedos tocando o vidro da garrafa, e por um momento, a tentação parecia mais forte que ele. Mas Severus afastou a mão com um grunhido.

Era cedo demais, até para ele.

Precisava estar sóbrio, pelo menos agora. Suspirando profundamente e olhou para seu rosto mais uma vez. As olheiras contavam histórias de noites sem descanso, enquanto os olhos, que um dia foram cheios de intensidade e desejo por algo melhor, agora se viam ofuscados pelo desespero e pela amargura. O cigarro também o acompanhava nessas horas de solidão; talvez fosse o único que ainda lhe oferecia uma espécie de alívio. Uma trégua curta, mas que lhe permitia um momento de calma em meio ao caos que habitava sua mente.

Ele se viu tomado por uma onda de ansiedade que fazia seu peito apertar. Suas mãos começaram a tremer levemente. Era o estresse pós-traumático, os flashbacks retornando em uma sucessão que ele mal conseguia controlar. O rosto de Lily piscava em sua mente – não a Lily a sua melhor amiga, e irmã de coração, que sempre tinham o vibrante no olhar  cheio de vida, mas o espectro dela, com os olhos fechados, sem vida, enquanto ele, impotente, não podia fazer nada para mudar o que acontecera.

Lilian está morta, sua melhor amiga estava morta, e nem conseguiu salvá-la...

Respirou fundo, concentrando-se na sensação do ar entrando e saindo. Tentava se apegar ao que lhe restava de controle. Mas, naquele momento, até isso parecia uma luta perdida dentro do seu peito. Ele desviou o olhar do espelho e saiu do banheiro, deixando o reflexo para trás como uma tentativa de escapar das próprias lembranças.

Severus ainda ao sair  do banheiro, a pele ainda um pouco úmida. Seus ombros largos sustentavam uma musculatura definida, assim como o peitoral e abdômen, resultado de anos de disciplina e treinamento, mas nada que pudesse ser considerado exagerado. Para snape manter-se de pelo menos em forma era algo que sempre fez questão de colocar em prática, não por vaidade ali, afinal ele nem via vaidade em se mesmo, mas a necessidade de manter-se em controle absoluto de si mesmo.

&quot; A Soul to Save&quot;Onde histórias criam vida. Descubra agora