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No outro dia

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No outro dia...

Hoje de manhã eu e Lorena fizemos postagens sobre a perda do bebê, achamos que postar algo seria uma forma de tentar amenizar a dor. Assim que postamos as redes sociais começaram a legar fogo, ninguém estava entendendo nada, várias pessoas estavam lamentando e outras criticando, enfim.

Ontem depois que chegamos do hospital, vi Lorena completamente quebrada no chão chorando enquanto abraçava o Léo. Ver a dor no olhar dela me destrói cada segundo mais, não suporto isso, não suporto ter que passar pela dor do luto de novo.

Recebemos vários mensagens dos pilotos e da nossa equipe, Fred me mandou mensagem mais cedo mas eu não o respondi ainda, não sei se vou conseguir correr, não tenho cabeça pra isso.

Lorena estava no quarto e eu na sala. Nossa vida não faz sentido algum, tudo está em silêncio, é como se uma nuvem cinza tivesse cobrindo toda a nossa vida, as coisas estão tão difíceis sem você bebê.

Ouvi meu celular tocar e olho pra tela vendo que era o Fred me ligando. Suspirei e atendi.

Ligação on

— Charles, como assim vocês estavam esperando um filho e não falaram nada? — sua voz soa aflita e triste

— Fred, por favor não encha minha cabeça com perguntas logo agora — apoio meus cotovelos nos joelhos

— desculpe — suspira — já sei a resposta mas vou perguntar, como estão?

— péssimos Fred, não temos ânimo pra nada, tudo dói, nossa vida perdeu o sentido de tudo — tento controlar a enorme vontade de gritar e chorar

— eu sinto muito de verdade Charles. Vai ficar afastado das corridas? — pergunta

— sim, não me deixe entrar naquele carro Fred, não vou sair dele bem — imploro

— nem se eu fosse louco eu deixaria, pode ficar afastado o tempo que precisar, estou aqui pra tudo ok?! — sua voz é acolhedora

— obrigado Fred — suspiro

— qualquer coisa é só ligar, se cuida rapaz — fala

— tá bom — desligo a ligação

Ligação off

Olhei em direção a estante e vi o porta retrato com o ultrassom do bebê que a Lorena colocou nele. Senti um aperto no peito enorme e uma vontade de chorar, eu nunca pensei que perder um filho doeria tanto até eu sentir na pele isso. Muitos podem falar que era só um bebê que nem formado direito estava, mas pra mim e pra mãe dele era muito mais do que isso, independente do tamanho que ele ou ela estava, ainda era nosso filho e sempre vai ser, somos pais de um anjo.

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