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Dias depois

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Dias depois...

Estamos no Canadá, a corrida aconteceu hoje. Meu irmão conseguiu pódio, mas Charles não concluiu a corrida por motivos óbvios. Defeito no carro.

O final de semana passado pra ele foi muito bom, a final ganhou em casa, inclusive fiquei muito emocionada e orgulhosa dele, o ver fazendo aquela comemoração apontando pro céu acabou comigo, chorei mesmo. Charles merece tudo de bom.

Aos poucos a nossa vida está crescendo em torno do luto, ainda dói e vai doer pelo resto da vida, mas o tempo está nos ensinando a conviver com essa dor. O que mais ajudou a gente a enfrentar esse momento de perda foi a nossa união, em momento algum eu e Charles nos afastamos, ambos precisavam um do outro e não dava pra construir um muro entre nós, precisamos nos unir mais ainda. A foto do ultrassom do bebê ainda está no porta retrato lá na nossa estante, e vai ficar lá pra sempre se depender de nós.

Hoje na corrida Max terminou em P1, fiquei muito feliz e orgulhosa dele, mas ao mesmo tempo estou com um aperto no coração por saber que Charles não conseguiu concluir essa corrida. Não o vi ainda, só o vi quando abandonou indo pro box, ele estava com a cara extremamente fechada e uma postura tensa e defensiva, sei muito bem o quão chateado e bravo ele ficou.

Tudo já acabou, o autódromo já está praticamente vazio, estou nos fundos do box esperando Max e Charles aparecerem pra irmos embora pro hotel, Lisa foi no banheiro enquanto eles não aparecem.

Estava muito bom pra ser verdade, vi meu pai vindo até mim. Não nos falamos desde aquele vez que discutimos, ou seja, a última vez que nos falamos foi antes da perda do bebê.

O vejo se aproximar de mim e automaticamente já sinto uma frustração tomar conta de mim. O que ele quer?

— oi filha — dá um sorriso cínico fazendo meu estômago embrulhar

— o que quer comigo? — falo ríspida

— então você perdeu meu neto né, sabe que foi sua culpa né — me olha com certa reprovação

Não acredito que ele veio achando que tem o direito de tocar no nome do meu filho.

— não venha me culpar, já fiz isso demais. Você sabe muito bem que a maior culpa de eu ter perdido o meu filho foi sua, você sempre estraga as coisas — me altero um pouco

— minha culpa? — aponta pra si mesmo incrédulo — se toca Lorena, eu não tenho nada haver com isso — levanta a voz pra mim

Quando eu ia rebater ele na mesma altura, vejo Charles vindo andando em passos rápidos na nossa direção. Em questão de segundos só vejo o vulto do Charles dando um soco no meu pai, vejo o mesmo calambear pro lado com a mão no nariz que sangrava. Nossa senhora, não acredito que o Charles fez isso, mas não vou mentir, foi muito bem feito.

— você está muito encrencado Leclerc — me pai se vira furioso pro Charles, seu nariz sangrava e estava vermelho

— vai em frente, tenta ferrar a minha vida que eu faço questão de acabar com a sua — Charles fala quase gritando com os punhos cerrados e o maxilar travado

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