𝟎𝟓

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𝐄𝐍𝐃𝐋𝐄𝐒𝐒𝐋𝐘, 𝐔𝐍𝐂𝐎𝐍𝐃𝐈𝐓𝐈𝐎𝐍𝐀𝐋𝐋𝐘

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Ele tinha olhos azuis. Olhos que brilhavam com um tom acinzentado, trazendo a paz de um céu sem nuvens, mas também o tumulto das ondas que se chocam no mar profundo. 

Eram olhos nos quais você se perdia, afundando cada vez mais, esquecendo-se de emergir para respirar.

Abaixo das raras lágrimas que escorriam por suas bochechas, escondiam-se cicatrizes. 

Cicatrizes de feridas que o olho humano não conseguia enxergar, mas que ele carregava com um peso invisível. 

Eram marcas que haviam curado, mas que deixaram a pele mais grossa, mais rígida. 

Tornaram impossível para ele sentir o toque suave e carinhoso de alguém que o amava quando essa pessoa tentava alcançá-lo.

E mesmo assim, enquanto o olhava, tudo o que Charles conseguia pensar era: Sinto muito pelas feridas sob sua pele. Mas por que você também teve que fazê-las minhas?

Max levantou as mãos até o rosto, enxugando as lágrimas com pressa. 

Era como se, ao mostrar suas falhas e fraquezas expostas, Charles pudesse usá-las contra ele. Como se apagar os traços visíveis de sua tristeza fosse suficiente para se proteger das palavras que poderiam vir. 

Um gesto quase instintivo, como se aquilo pudesse torná-lo invisível. Intocável.

Ele se preparava para o impacto, tenso como um lobo acuado, o rabo entre as pernas diante de um cordeiro.

Max não sabia o que fazer com seus sentimentos. Nunca soube. Eles o deixavam perdido, exposto, e ele odiava isso mais do que qualquer outra coisa.

Mas ele não precisava se despedaçar assim, reunindo cada fragmento afiado de si mesmo, tentando encaixá-los de volta no lugar. 

Não agora. Não com Charles.

Ele nunca deveria ter aprendido a fazer isso.

Uma parte de Charles morreu no dia em que perdeu o campeonato. 

No dia em que o perdeu. 

Mas a parte dele que sobreviveu se agarrou desesperadamente à esperança estúpida de que, de alguma forma, ele poderia ter tudo de volta. 

Charles era um romântico incurável, e essa era a única razão pela qual ainda conseguia respirar nos momentos mais sombrios.

Aquele homem havia deixado uma marca nele, algo tão profundo quanto uma tatuagem gravada em sua alma. 

E Charles temia, com cada fibra de seu ser, que passaria o resto da vida sabendo que nada, ninguém, jamais se compararia ao que ele havia compartilhado com Max.

“Max…” Charles chamou, e os olhos de Max encontraram os seus novamente. 

Havia algo neles, um desafio silencioso, como se ele dissesse: O que você poderia dizer para suavizar meu olhar para você mais uma vez?

“Eu me importo com você,” a declaração saiu firme, cansada, quase como um suspiro. 

Charles não tinha mais energia para os jogos em que estavam presos. 

“Mais cedo, você me perguntou se alguma coisa disso era real... E eu não consigo acreditar que isso já tenha sido uma questão. Não quando olhar para você faz meu coração querer escapar do peito e correr na sua direção.”

𝐀𝐝𝐫𝐞𝐧𝐚𝐥𝐢𝐧𝐞: 𝐀 𝐋𝐞𝐬𝐭𝐚𝐩𝐩𝐞𝐧 𝐒𝐭𝐨𝐫𝐲Onde histórias criam vida. Descubra agora