In Your Hands

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Luana On

-Sara! Sara, por favor! - Saio correndo e gritando pela rua atrás de Sara.

Aquela filha da puta tem o que na cabeça pra me beijar? Olha a merda que ela fez. Juro que se Sara não me perdoar eu acabo com a raça daquela mulher!

Meu sangue fervia em minhas veias e a cada passo Sara ficava mais perto.

-Sara, me ouve por favor! - As palavras saiam trêmulas e atravessadas por entre meus lábios. Meu rosto cada vez mais brilhoso devido às minhas lágrimas que se misturavam ao suor que escorria da minha testa.

Eu mal conseguia enchergar o caminho. Meus minha visão estava turva e a cada segundo minava cada vez mais lágrimas em meus olhos.

-SARA! - finalmente a alcanço e a abraço por trás fazendo com que nós duas parássemos de correr.

Viro Sara para que fique de frente para mim e a única coisa que consigo fazer é apertar meu corpo contra o dela, afundar meu rosto em seu pescoço e chorar.

Eu soluçava junto da mulher que amava. Tentava com todas as minhas forças falar algo. Me explicar. Mas o único sim que minhas cordas vocais emitiam não faziam sentido. Não conseguia articular os músculos da minha boca para formular palavras.

Permanecemos alguns minutos paradas na calçada até que eu conseguisse me acalmar. Meus braços rodeando a cintura de Sara e os dela largados ao lado de seu corpo, sem me tocar. Respiro fundo e olho dentro dos olhos dela.

-Vamos pra casa, Sara? Me deixa te explicar com calma. Por favor? - Seu olhar vazio e sem foco me fatiava o coração em mil pedaços.

-Vamos. - Ela disse focando, agora, o olhar no meu.

Seguimos o caminho todo caladas.

Sara On

Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Não com água acreditar no que tinha visto. Não conseguia respirar.

Ao chegarmos ao apartamento de Luana eu me recostei na parede da sala e desatinei a chorar. Nao conseguia mais conter, era como se uma barragem tivesse sido aberta e agora inundava tudo ao meu redor.

Minhas pernas bambeavam e então eu escorreguei para o chão e coloquei a cabeça entre as pernas.

Luana se sentou à minha frente e me apertou contra seu peito. Eu podia ouvir seu coração irregular, podia sentir os espasmos de seu corpo quando ela soluçava, podia sentir suas lágrimas pingando por sobre o meu cabelo.

Sei que Luana não teve culpa. Eu cheguei no banheiro logo depois da Simone. Mas a cena me chocou. Luana poderia ter se esquivado antes. Poderia ter a empurrado assim que ela se aproximou e por que ela não fez? Será que ela queria? Será que me ouviu ao chegar ao banheiro? Será que não teve culpa?

-Sara, me perdoa.. - Fui tirada dos meus pensamentos. - Eu empurrei ela! Você viu.. - suas palavras saiam trêmulas e vinham seguidas de soluços e mais soluços.

Permaneci em silêncio.

-SARA! Fala alguma coisa! Por favor.. - Luana puxou meu rosto me fazendo olhar em seus olhos. Eu não queria que fosse assim, mas não conseguia pensar em nada. - Eu vou ter um troço, Sara! Me responde.. Por favor.. Por..

-Para de falar Luana. Só não fala nada. - digo calma, controlando meu choro.

-Mas eu..

-Luana, eu vi a situação toda.

-Então você viu que eu a empurrei! Que eu fui pega de surpresa! Que eu..

-Que você podia ter desviado, ter a empurrado assim que ela chegou perto de você! - digo com o tom de voz um pouco alterado.

-Eu me assustei, Sara! Não sabia o que fazer. Como eu ia adivinhar que ela me beijaria? Eu não fazia ideia..

-Eu preciso pensar, Luana. Preciso assimilar o que aconteceu. Você poderia ter saído dali antes que ela fizesse algo. Mas não, você ficou parada e esperando.
-Sara! Eu amo você! VOCÊ! É com você que eu quero construir minha vida! Voc..

-Luana, eu vou dormir. Estou cansada. Se não se importa.. - interrompo-a e me levanto seguindo na direção do quarto sem olhar para trás.

Me deito na cama da Lua e adormeço antes de poder pensar em mais alguma coisa.

Acordo de manhã e, com a visão meio embaçada, visualizo Luana sentada no canto da cama me olhando. Penso em sorrir por um instante, até me lembrar da noite passada.

Seus olhos estavam inchados. Rosto vermelho e olheiras gigantes abaixo de seus olhos. Sinto meu coração se apertar. É doloroso demais vê-la assim.

A parte de mim queria abraçá-la, beijá-la, dizer que está tudo bem. Mas outra parte de mim queria sair correndo, gritando e esfolando a cara daquela puta.

-Eu queria te levar para um lugar.. Eu preciso que você venha comigo - Lua diz encarando suas mãos que mexiam no lençol.

-Não quero sair hoje. - digo fechando os olhos.

-Por favor, Sara.. - ela vira seu olhar para mim e seus olhos estão marejados. - A gente vai e se você realmente não quiser permanecer lá, eu te trago de volta. Mas.. Por favor.

-Tá. Eu vou - digo suspirando enquanto me levanto e me direciono para um banho.

O que será que ela quer? Não estou nem um pouco afim de subir montanhas ou de andar de bike ou qualquer outra coisa.

Faço minha higiene matinal e, ao voltar para o quarto, vejo Lua desligando rapidamente o celular e olhando para mim. Puxo todo o ar que consigo e tento ignorar os pensamentos que vêm à minha cabeça.

-Estou pronta. - digo cruzando os braços.
-Então vamos. - Lua sorri e caminha em minha direção. - Você está linda.

A viagem foi longa e passamos o tempo todo caladas. Luana parou o carro em uma estrada de terra perpendicular à uma prainha e de frente para o único quiosque da praia toda.

Estávamos em um lugar lindo com várias formações rochosas em alguns pontos da areia e em outros na água, formando uma espécie de morrinhos.

-Fica aqui, eu já volto. Preciso de um pouco de água. Você quer? - Lua diz abrindo a porta do carro. Faço que não com a cabeça e ela sai.

Enquanto Luana está no quiosque uma pessoa bate no vidro do carro e pede para que eu o abaixe. Meio receosa eu abaixei.

A mulher me entregou um envelope e foi embora.

-Que estranho. - digo olhando intrigada e tateando o envelope. Antes que pudesse abrí-lo outra pessoa bateu no vidro e me entregou um pepel enrolado em formato de tubo.

Eu não estava entendendo nada, mas resolvi abrir o tubo primeiro.

Dentro do tubo havia um desenho de uma praia com alguns "X" na areia. Como não entendo nada o coloquei sob meu colo e abri o envelope. Nele havia uma carta. Reviro os olhos e imagino que seja coisa da Luana. Confesso que não pude evitar um sorriso torto.

" Oi meu amor!
Você já deve imaginar que isso é coisa minha né?
Olha, eu sei o que está se passando pela sua cabeça e sei que cada músculo do seu corpo quer fazer sua mão encontrar meu rosto, não para acariciá-lo e sim para esbofeteá-lo.
Peço para que me dê uma chance de lhe explicar. E peço para que siga as instruções dessa carta.
Eu te amo. E é você que eu quero para sempre ao meu lado.
O nosso futuro está literalmente em suas mãos."

Respiro fundo e olho na direção do quiosque e não há ninguém. O quiosque nem mesmo estava aberto.

-O que eu faço agora? - digo fechando os olhos e encostando a cabeça sob o encosto do banco do carro.

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