Prólogo

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Antes de escrever sobre a minha história, acho necessário e de boa índole começar com a apresentação da personagem principal, no caso, eu. Mas antes do meu nascimento, coisas importantes aconteceram e também merecem ser citadas nessa breve introdução.

Personagem 1: Murilo Araújo Barros, formou-se em direito na faculdade federal de Minas Gerais, a cidade do melhor pão de queijo e requeijão que eu tenho conhecimento ­– Sim, eu achei de extrema importância fazer essa observação.

Personagem 2: Ada Onazi Ambrose estava com sérias dificuldades financeiras na sua cidade de origem, Lagos, na Nigéria. Ela morava com os quatro irmãos em uma casa de apenas um cômodo, trabalhava como faxineira de segunda a domingo. Portanto, a ideia que mudara definitivamente sua vida foi vir para o Brasil.

Com vinte e seis anos, Murilo teve a sorte de atender Ada, que estava enfrentando graves problemas para adquirir o visto permanente do Brasil. O final, óbvio para todos, foi que os dois se casaram no ano seguinte e agora, em 2013, completam trinta anos de casados.

O casal mora em Brasília, capital do país. Murilo, um bem sucedido juiz e Ada, professora de inglês – língua nativa– de uma escola particular.

E no meio dessa história toda, nasceu a única filha do casal. Eu mesma. Olívia Ambrose Barros. Estudante de vinte e dois anos do oitavo semestre do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília. Moro no Lago Norte, bairro mais nobre da cidade, em uma casa de dois andares, com pé direito duplo na sala, toda em concreto, madeira e vidro. Sou classificada, portanto, como classe média alta, mas eu particularmente nunca gostei deste termo.

E o fato mais interessante disso tudo é que eu sou classe média alta e sou... negra, isso mesmo, negra e filha de pais negros bem sucedidos. Para muitos, isso é uma estranheza, uma raridade, ou até, uma barbaridade. O meu maior desejo é que esses pré julgamentos acabem, mas infelizmente isso não vai acontecer de um dia para o outro. Portanto, sou ativista pró igualdade social, participante frequente de debates, grupos e estudos a favor de um mundo mais igualitário.

Agora que fui devidamente apresentada, devo informar aos leitores que os parágrafos da página seguinte irão contar a minha história, talvez um pouco inusitada, mas que merece ser ouvida.



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