Capítulo 22: Confissões

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    Acordei com uma dor de cabeça latejante.

– Céus– reclamei para mim mesma enquanto esforçava-me para sair daquele calor da senzala.

Abri os olhos com bastante dificuldade contra a claridade da manhã, observei as plantações ao longe, todos já estavam muito bem dispostos e trabalhando, pelo menos era o que parecia aos meus olhos sonolentos. Passei a mão pelo cabelo, levando um susto imediato, aquilo parecia mais um ninho de pássaros. Prendi todos os cachos em um coque deselegante e parti em direção a Casa Grande.

Entrei pela porta dos fundos, que levava até a cozinha, tentando não ser vista pelos donos da casa.

– Hmmmm, que cheiro bom– exclamei sorridente assim que entrei no ambiente. Os olhos de Carla se arregalaram ao me ver.

– Vejo que alguém acordou disposta hoje– ela disse, ainda assustada– Mas ainda assim, a aparência de ressaca permanece. Você deveria tomar um banho, querida.

– Ah pare, não estou cheirando a vômito nem nada, só quero ver Amélia– exclamei, sem me importar com as críticas.

– Ela está no quarto– afirmou Carla virando-se para o fogão a lenha.

Aproximei-me sorrateiramente e roubei uma xícara de café sem dono sobre a mesa da cozinha. Beberiquei com prazer, deliciando-me com a bebida quente. Carla encarou-me furiosa, mas logo sorriu de lado, sem conseguir esconder seu divertimento.

– O que foi?– perguntei sorridente– É para melhorar o mau hálito matutino.

– Sei– ela sorriu– Você não deveria entrar na casa, não depois da sua fuga, muito menos beber o café do Barão.

– Ele não se importará– eu ri– Melhor eu ir andando então.

Eu já ia me retirando quando lembrei que Lah também trabalhava na cozinha.

– Carla, onde está Lah?– perguntei preocupada.

– Vomitando na latrina– afirmou ela sem tirar os olhos da panela de barro– Toda festa é assim, sempre a mesma história. Eu me preocupo com ela, se o Barão descobre ela estará muito encrencada.

– Então manteremos segredo– afirmei, colocando meu indicador sobre meus lábios– Quando ela melhorar, me avise.

– Aviso sim– Carla afirmou, fazendo um gesto com a mão– Agora vá menina, se alguém entrar e te ver aqui não sei o que será de nós duas.

Roubei um pão doce da mesa e enfiei na boca enquanto me retirava. Andei silenciosamente pelo corredor principal, até achar a porta de madeira do quarto de Amélia. Ela estava de costas, virada para a penteadeira e penteava seu cabelo loiro e cumprido com veemência e falta de cuidado. Segurei a escova de cabelo antes que ela fizesse mais estragos.

– Olívia!– ela sorriu para mim quando me viu, levantando-se para me abraçar– Fico tão feliz em vê-la, você nunca mais veio me visitar, eu estava preocupada.

– Andei ocupada, principalmente com o novo trabalho– menti, o novo trabalho era a menor de minhas ocupações– Deixe-me cuidar deste cabelo.

Amélia voltou a se sentar, deixando-me cuidar dela, como antes.

– Seus hematomas desapareceram– ela afirmou– Mas sua aparência está horrível hoje.

– Realmente, hoje não está sendo um dos meus melhores dias– assim que eu saísse dali iria providenciar um banho.

– Aconteceu alguma coisa?

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