Quando saí da casa do Gonçalo o meu telemóvel tocou:
*Chamada On*
-Estou sim?-perguntei.
-Catarina? É você?
-Sim sou eu. Mas quem fala?
-É a Clarice, do autocarro.
-Ah! Sim, precisa de alguma coisa?
-Bem, a menina disse que me ajudava. E eu estava a pensar como.
-Ah, claro! Quer encontrar-se na minha casa?
-Seria ótimo! Mas onde fica?
-Eu vou buscá-la. Está na ponte?
-Sim estou!
-Vou já para aí. Espere 5 minutos.
-Obrigada!Até já!
*Chamada Off*
Fui em direção à ponte de ferro, a única na nossa terra e onde vivia a Senhora Clarice.
-Bom dia!-saudei, quando a vi.
-Bom dia, filha-respondeu a Sra. Clarice.
-Então? Vamos?-perguntei.
-Com certeza!-respondeu ela.
Seguimos até à minha casa sempre a conversar. Ela parecia gostar imenso de mim e eu também estava a dar-me bem com ela. Senti sempre uma compaixão por ela, de facto há pessoas com a vida pior que a minha...
-É aqui-disse quando chegámos.
-É grande e bonita-disse a Clarice com um sorriso rasgado.
-Quer entrar?-perguntei.
-Claro-respondeu.
Entrámos e eu mostrei-lhe a casa. Ela estava tão feliz, parecia que a minha casa se tornara um castelo. Em cada divisão que entrávamos ela perdia uns cinco minutos a dizer que aquele detalhe era fantástico, que a aquela janela era linda, parecia muito feliz ao falar daquilo.
A certa altura perguntei:
-Qual é o seu emprego?
-Bem, eu era designer do interior de casas-respondeu ela.
-E porque o deixou?-perguntei.
-Quando o Diogo adoeceu, não conseguia dar-lhe atenção, então decidi deixar o emprego para cuidar dele. O problema é que ele ficou muito pior e o dinheiro fez falta. Consegui interná-lo no hospital, mas não consegui pagar os tratamentos. São mesmo muito caros, como já lhe disse.
-Eu posso...tentar ajudá-la. Com o meu pai fora, posso arranjar dinheiro. Os meus tios têm dinheiro e são compreensivos, por isso posso pedir-lhes hoje à tarde-expliquei.
-Oh! Asério?! Muito obrigada minha filha!-agradeceu ela.
-Não tem de quê!-respondi-Agora é assim, o meu pai saiu por três semanas, como lhe disse. Se quiser, pode ficar cá, por mim, está tudo ok!
-Muito obrigada minha filha! Felizmente ainda há gente boa no mundo-agradeceu ela.
-Pode dormir no quarto do meu pai, que já lhe indico onde é. Pode ir tomar um banho e veste as roupas da minha mãe, para não andar sempre com as mesmas-disse eu.
-Muito obrigada, minha rica filha!
Eu indiquei-lhe onde ficava o quarto do meu pai e dei-lhe toalhas para tomar banho. Almoçámos pizza que eu encomendei e à tarde vimos televisão. Quando eram seis da tarde:
-Olhe, o funeral da minha mãe é daqui a meia hora, eu quero ir, você quer?-perguntei.
-Não sei se é boa ideia, as pessoas não me vão reconhecer-receou a Clarice.
-Não há problema, assim até ia acompanhada-disse eu.
-Se quiser, eu vou-explicou a Clarice.
-Então vamos, vou levar o meu vestido preto e os meus saltos altos pretos-disse eu, subindo as escadas- você pode levar o que quiser, mas nada muito florido nem colorido, obviamente.
-Vou vestir-me-disse a Clarice.
Vestimo-nos e saímos de casa. Demorámos pouco mais de vinte minutos a pé até ao cemitério e quando lá chegámos, todos
os meus familiares e amigos da minha mãe que estavam presentes me cumprimentaram, lamentado a minha perda.-Sinto muito, meu amor, tu és forte-diziam uns.
-É muito difícil para todos nós, mas vamos superar-diziam outros.
É difícil perder uma mãe, muito mais é com quinze anos.
-Catarina, chega aqui por favor-chamou a minha avó (materna), chorando disfarçadamente-o teu pai?
-Está fora, foi trabalhar-expliquei, revirando os olhos.
-Que pouca vergonha, tem uma filha para cuidar e sai do país-desprezou ela.
-Ele...aaa...arranjou um bom emprego-expliquei.
-Não interessa, tem uma filha para dar apoio-reclamou.
-Deixa avó, eu fico bem em casa-disse eu.
-Pronto filha, se tu achas isso-disse a minha avó.
Depois o padre foi lá ter, disse umas coisas quaiquer, relacionadas com a igreja e para a minha mãe descansar em paz e isso. Eu não sou católica, não tenho fé, não acredito nem em Deus nem em Jesus, não percebo a necessidade das pessoas se porem a rezar à noite, mas nestes momentos assim, é o que apetece fazer. A minha avó é católica, por isso sei muitas orações. Quando o padre terminou, fizémos uma oração em nome da minha mãe e começámos a por as flores. Eu fui a primeira. "Adeus mãe" pronunciei em voz baixa quando pus as flores.
Aguardei até que toda a gente tivesse colocado as flores e depois agarrei na mão da Sra. Clarice e segui os meus tios. Disse para ela esperar num banco e fui ter com a minha tia.-Tia Sara?-chamei eu.
-Diz meu amor. Continua Ricardo!-disse a minha tia ao meu tio.
-Tia, eu vou ficar aproximadamente três semanas ou mais sem o pai. Eu vou continuar na escola mas não tenho dinheiro. Acha que o dinheiro que os tios têm colocado na minha conta pode ser retirado?-perguntei, receosa.
-Catarina, percebo que não tenha muito dinheiro, mas na sua conta tem 50 mil euros, não posso levantar o dinheiro todo, e não é seguro andar com 50 mil euros-explicou a minha tia.
-Ah, está bem-lançei um olhar cúmplice à Sra. Clarice e continuei-Tia, está a ver aquela senhora ali?
-Sim, quem é?-quis saber a minha tia.
-É a senhora Clarice. Ela tem um filho com cancro no hospital e...
-Catarina! A menina sabe que o dinheiro da sua conta é para a universidade! Não para esbanjar em pessoas que nem conhece!-zangou-se a minha tia.
-Mas tia, eu peço-lhe!-implorei.
-Como tem a certeza de que ela não vai usá-lo noutra coisa e não no suposto filho?-disse a minha tia.
-Eu confio nela, por favor!-implorei novamente.
-Está bem, mas eu vou consigo ao hospital para pagar!-disse a minha tia.
-Está bem! Obrigada!-disse abraçando-a.
-De nada minha querida- e foi-se embora.
-Consegui Clarice! A minha tia vai ajudar!
Olá, espero que estejam a gostar da fic. Obrigada por lerem e por votarem, e mesmo importante para mim!!! Beijos!!

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Why? *PT*
AléatoireCatarina é uma rapariga que vai ter de ultrapassar muitos obstáculos ao longo da sua vida. Estará ela pronta para tudo o que vem aí? Terá alguém para a apoiar?