De volta

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   O meu pai voltou na 4ª feira. O voo esteve 15 minutos atrasado, por isso ele chegou a casa por volta das 21, visto que perdeu tempo para recolher a mala. Quando chegou a casa a Clarice decidiu logo falar, embora eu tenha discordado disso.

   -Senhor Fernando, peço-lhe imensa desculpa por ter ficado a residir aqui durante 1 mês sem a sua autorização, mas eu precisava mesmo, é não se vive nada bem debaixo de uma ponte. A sua querida filha ofereceu-me teto e comida e eu agradeci.

   O meu pai pensou e respondeu ao fim de alguns segundos.

   -Clarice, percebo que a sua situação não seja a melhor, mas não pode viver aqui. Nesta casa apenas há espaço para 3 pessoas, eu a minha filha e a minha mulher-explicou ele.

   -Mas a sua mulher...

   -Está connosco em casa e ninguém pode substituí-la-completou ele.

   -Pai! A Clarice não pode viver debaixo da ponte!

   -Nesta casa também não, não dá, percebes?-perguntou ele.

   -Não, não percebo! Se tu vivesses debaixo de uma ponte sozinho e sem condições e se uma boa pessoa te desse casa tu aceitavas de bom grado. Mas depois chegava o pai da pessoa e expulsava-te. Achas isso bem?-disse eu, chateada.

   O meu pai tornou a pôr um ar pensativo e disse:

   -Você trabalhava em quê?

   -Eu era designer do interior de casas.

   -Se quer viver cá, tem de trabalhar. Eu posso arranjar-lhe emprego. Tem de sustentar-se a si e à minha filha porque eu não vou estar cá, vou voltar ao Luxemburgo. Tem de ter dinheiro para pagar metade das propinas, a outra metade pago eu enviando dinheiro.

   -Eu sabia que ias perceber-disse, abraçando o meu pai.

   No dia seguinte levantei-me, fiz a minha higiene e fui para a escola, andei com a Bianca, sempre escondida para não me verem e julgarem novamente. Quando tocava íamos logo para a sala.

   Felizmente e infelizmente o Afonso esteve doente e por isso tinha a Bianca só para mim.

   Na 6ª feira fiz exatamente o mesmo, mas desta vez passei por mais pessoas, que pareceram não saber de nada porque não falaram mal de mim nem me olharam de lado.

   Quando cheguei a casa:

   -Boa tarde.

   -Boa tarde, Catarina. Correu bem, a escola?

   -Sim...pai, tenho que te dizer uma, ou melhor, duas coisas, mas por favor, não fiques chateado, por favor.

   Ele anuiu.

   -Eu acabei com o Gonçalo-o meu pai sorriu disfarçadamente, pois nunca gostara muito do Gonçalo- e a outra é que...eu...aaaa...eu...aaaa...aaaa...aaaa...eu...estou grávida.

   Recebi uma chapada imediatamente.

   -Tu passaste-te? Eu saio do país e tu fazes isto?-gritou ele.

   -A culpa foi do Gonçalo! Ele embebedou-me sem eu saber e depois abusou se mim! A culpa e dele! De mais ninguém! É dele!

   -JÁ PARA O TEU QUARTO, HOJE NÃO JANTAS!! JÁ!!-gritou ele.

   Eu corri para o meu quarto lavada em lágrimas. Agarrei o meu peluche preferido (dado pela minha mãe, logo, era muito especial) e na minha almofada e fiquei ali assim até adormecer.  
   Acordei perto das 3 da manhã. Estava cheia de fome, por isso desci até à cozinha para comer. Voltei para a cama e só acordei às 9 horas do sábado seguinte.
   O meu telemóvel tocou um pouco depois.

   *Chamada On*

   -Estou?

   -Estou sim, bom dia. Estou a falar com a menina Catarina Neves?

   -Sim.

   -Tem o seu pai ou mãe consigo?

   -O meu pai.

   -Pode passar-lhe o telemóvel por favor?

   -Com certeza, vou passar.

   Chamei o meu pai e dei-lhe o móvel.

   Ele falaram sobre a minha gravidez e disseram que tinha uma consulta naquele dia à tarde, por isso, depois do almoço dirigi-me com o meu pai até ao hospital.

   Chegámos, ele estacionou e fomos para a sala de espera. Não foi muito tempo, mas foram pelo menos 15 minutos e eu odeio esperar.

   -Catarina Neves chamada ao gabinete 2.

   "Finalmente"pensei.

   Eu entrei com o meu pai e saudámos o médico.

   -Bom dia-respondeu ele.

   -Então Senhor Carlos, porque nos chamou? Precisa de fazer alguma ecografia?-perguntou o meu pai.

   -Não não, eu chamei-vos para saber se quer ter este neto ou se quer que ela aborte-respondeu ele.

   -Ah! Ela vai abortar, Catarina, não vais ter esse bebé! Não posso passar por uma vergonha destas! Nem eu nem tu!

   -Catarina, a menina tem apenas 15 anos e o seu corpo não está preparado para ter este bebé, ele pode nascer com deficiências no corpo ou mesmo com um atraso mental. Há probabilidade de isso não acontecer, mas é muito pouca. O seu pai prefere que aborte, mas a decisão disto é sua, é você que decide se quer tirar a vida a este bebé ou se a quer manter, mais ninguém, é vocé-explicou o médico.

   -Eu não sei, quero e não quero-respondi.

   -É o melhor que tem a fazer-aconselhou o médico.

   -Eu...

   Oláááá! Espero que estejam a gostar, este capítulo foi um dos que perdi. Ele estava maior mas eu não me lembrava de tudo, peço mesmo desculpa por o outro capítulo ter desaparecido. Eu apagei também o capítulo que falava do "desaparecimento" dos outros capítulos porque não pensei reescrevê-los tão rápido. Obrigada pelas leituras e votos. Bjs ❤

  

  

 

  

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