O avião aterrou calmo. Não vi ninguém maldisposto, felizmente. Saímos e despedi-me do meu pai, desejando-lhe sorte. O Pierre guiou-me para a saída principal, visto que o meu pai ia sair por outra. Um bentley preto estava à nossa espera, com outro motorista, brasileiro, claro está.
-Boa tarde-saudou ele.
-Boa tarde. Eu sou o Pierre e esta é a Catarina, a filha do chefe. É dela que vamos ter de tomar conta-explicou o Pierre.
-Mas que jovem tão bonita-elogiou ele.
-Obrigada, já agora, como se chama?-perguntei.
-Meu nome é Gualter, mas todo mundo me trata por "Gu"-disse ele.
-Então chamamos-lhe "Gu"?-perguntou o Pierre.
-Sim, prefiro "Gu" do que Gualter. Meu nome não é bonito não-disse ele.
-Ah, deixe lá isso. Vamos para o hotel-exclamou o Pierre olhando para o relógio.
Fomos para o hotel e durante o caminho reparei que havia muita gente a viver em bairros de lata, havia rapazes a jogar futebol, raparigas a ler em bancos, estavam sujos e as suas roupas eram velhas.
-Ninguém faz nada por eles?-perguntei.
-Infelizmente, ele não são ninguém para o governo. Não lhes dão casa, teto nem comida. Não são letrados e não têm condições. É difícil a vida para eles-explicou o Gu.
-E porque não procuram emprego?-perguntei novamente.
-Acha que alguém daria emprego a uns cidadãos com odores desagradáveis e mal vestidos? Nunca nesse mundo!-exclamou o Gu.
-E os ricos?Não fazem nada?-perguntei.
-Os ricos vivem para o dinheiro e o dinheiro para eles. Querem cá saber desses pobres que aí andam-disse ele com desagrado.
-E você? Concorda com isso?-perguntei novamente.
-Acha? Acha que estou feliz vendo esses pobres sofrendo? Já fui como eles, felizmente consegui arranjar roupa decente e ir para a escola, onde aprendi e consegui um bom emprego-disse ele em modo flashback.
-Pois, foi uma sorte senhor Gu-disse o Pierre.
Continuámos o caminho até ao hotel e quando chegámos levaram as nossas malas para os quartos. Quando entrei no hotel percebi logo que era...digamos...fino.
Se o hotel era bonito, os quartos ainda mais. Uma cama com lençóis brancos muito modernos. A casa de banho tinha azuleijos muito bonitos e uma banheira muito grande. Era demasiado, comparado com as casas dos pobres que eu vira no bairro de lata.
-Então? Gosta do quarto?-perguntou o Gu.
-É bonito, de facto-disse eu.
-É onde vai ficar. Eu fico noutro quartinho e o senhor Pierre também fica noutro-disse o Gu.
-Ok.
O Gu saiu e guiou o Pierre para outro quarto, indo ele também para outro.
A noite chegou e jantámos no restaurante do hotel, muito bom mesmo. Subi depois para o quarto novamente e deitei-me na cama, ligando o computador. O André estava on no skype, por isso liguei-lhe.
*Chamada On*
-Olá amor-saudou.
-Olá amor-respondi.
-Então? Isso aí é fixe?
-Bué! Tenho um quarto enorme só para mim! É fantástico. E tu, como estás?
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Why? *PT*
De TodoCatarina é uma rapariga que vai ter de ultrapassar muitos obstáculos ao longo da sua vida. Estará ela pronta para tudo o que vem aí? Terá alguém para a apoiar?