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"Someday I'll be sodamn much more

Cause I'm bigger than my body gives me credit for."

Bigger Than My Body - John Mayer

A aula do professor Aldrin estava demorando a passar.

Normalmente, Fletcher aproveitava bastante as aulas do seu professor favorito, mas naquele momento ele só conseguia pensar em como suas costas doíam por ter dormido no sofá. Além do mais, não encontrava uma posição boa para que suas dores diminuíssem. As cadeiras daquela sala podiam ser até estofadas, mas não ajudavam em nada às suas dores.

Aldrin conseguia passar suas experiências de jornalista investigativo com êxito em cada aula que ministrava. Fazia com que seus alunos tivessem vontade de seguir a carreira e terem tanto sucesso quanto o professor teve nos anos 80, mas nem isso animou Novak. Ele admirava seu mestre, só por ele ter descoberto vários furos que rondavam a política americana. Por causa disso, Aldrin teve que se aposentar mais cedo do que pretendia. As ameaças contra ele só pararam quando deu início a sua carreira como professor da Universidade de Nova York.

Fletcher imaginava que seria bom naquilo. Principalmente na parte de investigação de crimes ou até mesmo nos podres políticos. Era isso que ele queria. Investigar assassinatos, sequestros e crimes que nem a polícia ainda desvendara. Queria ouvir histórias e depoimentos, queria conhecer pessoas e saber cada traço da vida delas. Queria transformar tudo numa história, num personagem criativo, num texto que instigassem as pessoas a lerem sua obra. Queria pegar uma caneta e um papel, e no modo antigo, dar início a uma nova aventura de mistério, criada a partir de suas investigações.

Ele era bom nisso. Investigar.

Ele investigava a vida de uma celebridade, certo? Aurora Perrin poderia, facilmente, ser um caso de polícia.

Isso se Ferrie E. Brown continuasse atormentando sua vida. Ela teria uma ficha criminal por conta de todas as suas ações que a coluna da Gossip NY costumava expor e exagerar. Ou então, seria presa por assassinar o ser que insistia em escrever mentiras sobre ela.

Depois de olhar pela quinta vez para o relógio que ficava acima do quadro negro da sala de aula, ele bufou cansado ao ver que só se passaram cinco minutos desde a última vez que olhara.

Parecia ter passado meia hora.

Ele deixou sua cabeça cair para trás, na espera agoniante por mais cinco minutos até o professor finalmente terminar sua aula.

Os alunos iam saindo um por um enquanto Fletcher ainda guardava na mochila o caderno que usou apenas para enfeitar a cadeira e fazer suas anotações invisíveis. Queria sair daquela sala o quanto antes para que pudesse tomar um ar e recuperar suas forças para conseguir terminar o bendito trabalho.
Lester não parou de enviar mensagens parar o celular do rapaz durante a aula.

O chefe não o deixava em paz nem mesmo no dia de folga.

Apesar de não ter fixado sua atenção nas explicações de Gregory Aldrin, Fletcher não tirou o celular do bolso para ver o que Lester tanto falava. Num intervalo de seis minutos, ele sentiu o aparelho vibrar quatro vezes. E depois mais duas vezes.

Com certeza, Lester havia enchido a caixa de mensagens recebidas de seu colunista mais famoso. E Fletcher sabia muito bem, por não ter respondido nenhuma delas, o quão irritado o chefe poderia estar. Em sua cabeça ele podia ver a imagem exata de Lester, como vira muitas vezes. Fletch poderia apostar que Lester estava em sua sala, agitado, ingerindo mais cafeína que o normal na caneca que a esposa lhe presenteara no aniversário de casamento de 25 anos.

Headline (HIATO) Onde histórias criam vida. Descubra agora