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                  "All these lights, they can't blind me.

With your love, nobody can drag me down."Drag Me Down - One Direction


O dia está lindo. Você precisa levantar.

Kyler entrava em seu quarto a cada dez minutos para dizer a mesma frase toda vez.

Ela sabia disso.

Ela vira o sol aparecer sobre Manhattan aquela manhã. Fechou os olhos apenas por algumas horas e quando os abriu, foi como nem os tivesse fechado. Aproveitou então para se despedir dos pais, já que voltariam para Los Angeles logo cedo.

Com toda sua loucura, esquecera que Oliver e Adele passariam pouquíssimos dias com ela até voltarem para a Costa Oeste. No fundo, queria pedir para que eles ficassem ali com ela, dando colo, protegendo-a do mundo como faziam quando Aurora tinha cinco anos. Entretanto, seria demais. Não poderia estragar os planos dos pais, que decidiram passar uma longa temporada na França com a família de Adele.

O pai perguntara outra vez se Aurora não queria acompanhá-los. Afinal, passar um tempo longe desse mundo maluco que ela vivia seria ótimo para repor suas energias. Independentemente de ter recusado a oferta dos pais, Aurie queria que os dois continuassem ao seu lado, assim evitariam a conversa com Mark. Foi o que fizeram quando ela voltou para casa na noite anterior. A mãe a levou para um banho quente, impedindo que Kyler lhe fizesse uma cascata de perguntas; o pai, então, pediu para que Mark conversasse com ela apenas no dia seguinte, quando Aurora estivesse bem disposta.

Antes de dormir, insistiu para os pais que contassem como fora a viagem à Paris e a compra da nova casa. Conversaram por alguns minutos, até que sua mãe, cuidadosa ao extremo, declarasse que já era hora do descanso. Assim que Adele deixou o quarto, Aurora pediu ao pai para que ficasse mais um pouco. Ainda que Oliver não quisesse entrar nos detalhes sobre a fuga da filha aquele momento a pedidos da esposa, não conseguira se controlar e prontamente perguntou a ela se estava mesmo na casa do Hamptons. Aurora riu, pois o pai já devia imaginar que ela não estava.

Assegurou que estava bem, mas não disse com quem ou onde estava. Ali, contando sob o olhar atencioso do pai, confessou das coisas que fizera e que nunca havia feito antes. Coisas das quais sua agenda turbulenta não a deixava fazer. Ali, sob o olhar cuidadoso do pai, Aurora previu as palavras ditas por Oliver. E como não? Ele falava o mesmo desde que a ideia sobre passar um tempo em outro país havia despertado.

"Você deveria passar um tempo na França, Aurie. Seria bom dar um tempo."

Dar um tempo na carreira assustava Aurora de uma forma surreal.

Ela sabia que, aos poucos, continuar como a queridinha da América ia quebra-la em pedacinhos.

Pedaços tão minúsculos que no futuro seria impossível colocá-los de volta em seu devido lugar.

Por mais que soubesse de tal perigo, dar uma pausa na sua carreira seria o mesmo que desistir.

E se desistisse?

Voltava ao mesmo ponto que conversara com Fletcher quando estavam no carrossel em Coney Island: o que faria depois?

E se quisesse voltar até o ponto que parou? Ainda seria conhecida pela fama do seu passado?

Aurora estava decidida a tentar mostrar ao mundo quem ela era.

Ela tinha que tentar.

Aquela manhã, quando os pais partiram para o aeroporto, repassou em sua cabeça a conversa que tivera com o colunista. Lembrava-se claramente de todas as palavras ditas ali. O diálogo rodava seus pensamentos como se fosse sua música favorita, presa no repeat por horas. Em alguns momentos ela até mudava suas falas, onde dizia que aquilo seria uma ideia maluca e que ela teria que aprender a viver escondida das câmeras até ser esquecida completamente. Outros, ela afirmava novamente que conseguiria realizar seus planos e cumprir o trato feito com Fletcher.

Headline (HIATO) Onde histórias criam vida. Descubra agora