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"Close your eyes and I'll kiss you
Tomorrow I'll miss you
Remember I'll always be true."
All My Loving – The Beatles

Fletcher não parava de encarar a mensagem na tela de seu celular.

Conseguiu se controlar durante as aulas na faculdade e não pegou o aparelho em seu bolso uma só vez, para então continuar surpreso com o que Aurora Perrin havia lhe enviado na noite anterior. Mas em casa, sentado em uma das cadeiras da bancada da cozinha, fingindo que estava assistindo a irmã mais nova guardar as compras feitas aquela manhã no armário, ele lia a mensagem a cada dez segundos.

Aurora o convidou para um jantar em seu apartamento à noite. O celular, que estava embaixo dele quando se deitou para dormir na sala, vibrou, o assustando.

"Não tive tempo de dizer o quanto gostei do filme essa noite. O que acha de um jantar em meu apartamento amanhã às 20h? Assim você pode me convencer a assistir aos outros...".

Depois do susto, não pode evitar o sorriso em seus lábios. Afinal, ele estava certo de que Aurora acabaria cedendo se interessando pelos outros filmes da franquia de Star Wars.

Respondeu, então, no mesmo instante.

"Combinado! Essa vai ser fácil, alteza. Tenho ótimos argumentos. ;)"

Embora tenha aceitado o convite da atriz, passou um tempo pensando se deveria ir mesmo a esse jantar ou não.

Foi no meio de sua última aula que Fletcher teve que sair de sala para atender a ligação de Lester. O chefe da Gossip NY então perguntou ao seu colunista de ouro se já estava com o segredo de Perrin em mãos, pois ele estava quase conseguindo a entrevista que Fletcher tanto queria no New York Times.

Desistir do jantar não era mais uma opção.

De certa forma, ler a mensagem da atriz fazia com que Fletcher caísse na realidade e começasse a perceber que o plano de conseguir o segredo de Aurora poderia dar certo.

Pensar que daria certo o deixava mais seguro. E era o que estava tentando fazer para afastar suas ideias tendenciosas ao pessimismo, onde sempre desistia de tudo e aceitava o seu duro fim: sem emprego na GNY, sem New York Times, sem livro publicado.

Talvez estivesse levando o drama a sério demais. Mas já que tudo estava indo pelo caminho certo, por que parar agora?

— O que você tanto olha nesse celular? — Fletcher levantou a cabeça para encarar Pipper, que estava com as mãos espalmadas sobre a bancada e tentava descobrir o que o mais velho tanto fazia ao encarar a telha diante dele. Fletch balançou a cabeça e, rapidamente, pôs-se a guardar o celular em seu bolso da frente. — Só espero que você não esteja metido em encrencas, Fletch — completou Pipper, fazendo o irmão rir. — Ah, não! Você está, não está?

— Ei, quer parar com isso? Eu sou o irmão mais velho aqui e é minha obrigação ficar preocupado. Não a sua, Pipper — brincou Fletcher, mas Pipper apenas girou os olhos antes de se afastar e continuar guardando as compras nos armários acima da pia. — O que me fazer lembrar... Já decidiu quando vai contar ao pai que trancou a faculdade?

Pipper parou o que estava fazendo no mesmo instante. Fugia do assunto sempre que possível, fosse com Fletcher ou Blaze. Falar sobre a saída de Princeton não estava entre seus tópicos favoritos para uma conversa. Por isso preferia insistir que o irmão mais velho estava metido em algum problema. Ainda mais que ela conseguia perceber a ansiedade que Fletcher sentia saltar de seus olhos, mesmo que ele dissesse que não era nada e que tudo estava na mais perfeita ordem desde que ele virou um dos assuntos mais comentados quando fora visto com Aurora Perrin.

Headline (HIATO) Onde histórias criam vida. Descubra agora