15.

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"Yeah, I think about the end
just way too much. But it's fun to fantasize  [...]
Oh, oh, I'm falling, so I'm taking my time on my ride ."
Ride - Twenty One Pilots

Aurora estava sentada no sofá de seu apartamento, com Milorde sobre seu colo, pressionando as patinhas dianteiras na perna da atriz só para chamar atenção. De braços cruzados, testa enrugada e lábios apertados formando uma linha, parado bem a sua frente, estava Mark. Estava naquela posição há uns dez minutos. Pelo menos dentro do apartamento, pois Mark já se encontrava de cara fechada desde que entrara no carro com Aurora e Kyler, e passou o caminho inteiro de volta para casa em silêncio.

Aurora sabia que, a qualquer momento, o empresário daria início a um discurso no qual faria ela se sentir para baixo no mesmo instante. Mas, naquele instante, ela não se importava com o que estava por vir. Estava passando por um turbilhão de sentimentos que a deixavam ao mesmo tempo ansiosa e confusa. Não sabia se jogava tudo para o alto ou se ficava quieta enquanto tentava seu lugar de direito no topo do ranking das celebridades.

A atriz podia ver no rosto e nos olhos escuros de Mark o quanto ele estava irritado. Talvez, até desapontado, como já havia acontecido tantas vezes. Era como se o empresário seguisse as instruções de um manual que ele mesmo criara dentro de sua cabeça. Primeiro Mark a encarava intensamente, com os lábios pressionados em uma linha, as rugas nos cantos dos olhos aparecendo e as sobrancelhas unidas que davam o toque final para a feição irritadiça dele. Logo depois vinha um longo discurso que Aurora teimava contra argumentar.

Sempre foi assim. Ele falava, ela se irritava. Mas depois Aurora começava a se sentir culpada por qualquer erro que Mark apontava e dizia que ela havia cometido. Se o empresário seguia as instruções dele, Aurora também seguia as dela. Raiva, peso na consciência, raiva de novo.

Jogar tudo para o alto ou não jogar? Não jogar. É melhor deixar como estar. Tão simples, era o que deveria ser.

Só que nunca era.

Diferente de outras vezes que ela e Mark estiveram na mesma posição, Aurora não se sentia irritada ou com raiva, pronta para jogar todas as almofadas que estavam no sofá na cara de Mark. Não, ela estava calma. Estava numa leveza que, diante dos olhos de Mark, ver Aurora dessa forma era a mesma coisa que dizer que havia algo errado. No entanto, a atriz não via erro algum. Afinal, ela tem o direito de fazer o que quiser.

O gato que pedia sua atenção recebeu o carinho dos dedos de Aurora passando por seus pelos, enquanto ela tentava ignorar a feição de Mark só para se agarrar ao fio da sensação que ainda rondava pelo seu corpo desde que deixara seus lábios tão próximos dos de Fletcher Novak.

— Já não sei mais o que faço com você — Mark deixou os braços caírem pela lateral do seu corpo e soltou a respiração pesada.

Aurora chegou a estranhar. Esperava o empresário começar a andar de um lado para o outro, com o celular na mão e o bloco de notas aberto para listar todas as coisas que ela havia feito de errado e ele então anotara só para que não deixasse escapar nenhum passo errado dado por Perrin.

Mark, no entanto, se sentou ao lado dela. Puxou a gravata azul marinho de detalhes branco pelo nó, para que pudesse deixá-lo mais frouxo, e apoiou os cotovelos sobre a calça social preta cara.

— Aurora, o que você quer? — a voz suave do empresário foi o que mais a assustou. Até Kyler, que estava presente e sentado no braço de uma das poltronas brancas, olhou para ela de modo que Aurora entendera que ele também não estava entendendo nada. — Quer fazer sua carreira afundar de vez? — Mark direcionou seu olhar para a atriz. — Não sei... Talvez desistir de fazer o filme? Você quer me explicar o que está acontecendo? Porque já não sei mais o que você quer, Aurora! Você permitiu que eu tomasse conta da sua carreira e é o que eu estou tentando fazer aqui! Mas você não colabora.

Headline (HIATO) Onde histórias criam vida. Descubra agora