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"Look at the stars,
Look how they shine for you,
And everything you do
Yeah, they were all yellow."

Yellow - Coldplay

Aos oitos anos, Aurora Perrin adorava as câmeras. Quem ela queria enganar? Aurora Perrin amava as câmeras. Naquela época eram como se fossem melhores amigas, do tipo que não se desgrudavam nunca. Não havia desavenças que as separassem. Ela sempre estava pronta para conquistar mais um telespectador com sua esperteza e seu sorriso.

Aos oitos anos, Aurora se tornava uma pequena estrela. A criança que conquistou todo o país (quiçá, o mundo) por interpretar uma princesa órfã de mãe, que não aceitava ninguém tomasse o lugar da rainha. Aonde ia, conquistava a todos. Isso acontecera mesmo antes de protagonizar o seu primeiro filme. Ela costumava acompanhar seu pai em algumas premiações e as câmeras sempre a enquadravam tão bem, que era quase como uma lei derreter seu coração por causa de tamanha fofura na qual Aurora Perrin carregava consigo. A combinação perfeita de delicadeza e doçura.

Ela ainda se lembra bem de como se sentiu quando parou no meio do tapete vermelho na estreia de seu primeiro longa, O Rei e a Babá. Estava tão feliz que achou que não haveria dia melhor como aquele. O sorriso gigantesco não saía de seu rosto por nada e já nem sentia suas bochechas doerem. O pai a acompanhara e, apesar de também ser alguém importante no meio artístico, a atenção foi toda de Aurora. Muitos repórteres a entrevistaram naquela noite. Suas respostas criativas e inteligentes fizeram com que todos que a vissem naquela posição colocassem um sorriso no rosto sem sequer notarem.

Desde então, as câmeras acompanharam o crescimento de Aurora e a viram se tornar a mais nova estrela de Hollywood. Continuaram como melhores amigas. As câmeras capturavam as interpretações de Aurora com perfeição; através delas, a atriz podia desfilar seu look produzido apenas para as premiações e festivais dos quais fazia questão de se apresentar, podia contar àqueles que a viam pela pequena tela do outro lado sobre seus novos projetos, sobre o designer de seus vestidos rodados, extravagantes e brilhantes, sobre suas expectativas em relação aos prêmios teens dos quais passara a receber indicações e sobre como sempre tinha um pequeno surto de fã quando notava que Leonardo DiCaprio estava próximo dela quando apareciam na mesma premiação.

Como disse: melhores amigas...

Até o momento que Aurora Perrin deu seu primeiro deslize, assim que completou seus doces dezesseis anos. Ao invés de uma festa espetacular, que provavelmente chamaria a atenção do país inteiro, Aurora ganhou de presente uma multa por excesso de velocidade quando utilizava o conversível do pai sem sua autorização.

Ela ganhou um castigo também, mas nada foi pior do que a sensação que passou a atormentá-la depois de ver seu nome impresso na imagem da multa que estampava a primeira página da maioria dos tabloides. O resto deles mostrava o flagra: o policial da rodovia parando o carro de Aurora.

A atriz resolveu que ficar quieta seria a melhor alternativa. Não deu declarações e aproveitou o castigo para curtir sua casa antes de viajar para Londres, onde iria gravar mais um filme.

Mesmo depois de ter tomado tal decisão a mídia continuou em cima dela. Os sites de fofoca formigavam soltando uma notícia atrás da outra para tentar resolver o mistério do desaparecimento de Perrin. Ela só não deu as caras por menos de duas semanas. Era necessário focar nela e em sua multa? Não havia outras estrelas de Hollywood para encher o saco?

E então o desentendimento com as câmeras começou.

Era como se Aurora fosse a garota nova na cidade e no colégio. As câmeras, no entanto, eram Regina George, preparadas para atacar e expor os segredos mais íntimos de da atriz. Dessa forma, Aurora costumava pensar que não tinha como ficar pior. Afinal, seu fim apenas chegaria caso ela revelasse que estava apaixonada por Aaron Samuels.

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