Lydia. || H.S

| Nice To See You Again|

Uma batida forte embateu na minha porta fazendo-me levantar atribuladamente da cama, correndo para a mesma.
Abri-a rapidamente vendo Tobias com uma expressão preocupada.
- Preciso que faças as malas durante o dia e que às 6 p.m estejas pronta! - Tobias murmurou.
- Mas porquê?! Importas-te de me explicar o que se passa?!
- Fomos enganados Lydia! Os barcos partem amanhã de manhã! - Tobias grita.
- O quê? - murmuro.
- Isso que ouviste! Avisaram o William e ele ligou-me de madrugada a avisar. Eles queriam deixar-nos para trás para se poderem vingar.

Senti os meus pés darem passos para trás e senti o meu corpo cada vez mais pesado.
Então era isso. Por isso é que eles iam partir em três dias.
Uma semana.. é claro que é imenso tempo, mas infelizmente esta ideia nunca me ocorreu.
Se não fosse o William eu e Tobias iríamos pagar por um passado que não nos pertence a nós mas sim ao nosso primogénito.

Charles Walker. O maior mentiroso que alguma vez se sentou na assembleia Londrina.
Mas a verdade é que os seus erros eram apenas para quanto os ingleses.
Dentro das 4 paredes que nos acolhiam ele era o meu herói.
Era aquela pessoa que depois de um dia de trabalho, chegava a casa e brincava comigo a todas as brincadeiras que me ocorriam. Ajudava-me com os trabalhos de casa e dava-me o beijo de boa noite.

Todos estes atos faziam com que eu fechasse os olhos a todos os erros que ele cometia. Mas o mesmo não aconteceu com o meu irmão. Tobias sempre teve uma grande mágoa em relação ao pai. Ele conseguia ver o mal que ele fazia às pessoas e ele não conseguia perdoá-lo.
No dia do assassinato do meu pai tudo ficou escuro. Mas não para Tobias. Enquanto eu sentia uma grande dor, Tobias deixou escapar apenas uma lágrima que limpou assim que deu por ela.
E foi a partir daí que eu e o meu irmão nos tornámos inseparáveis. Sempre fomos unidos mas foi desdse esse dia que passámos a ser só um.

Senti a minha cara molhada entrar em contacto com tecido. Eu estava nos braços do meu irmão.
- Lydia está tudo bem. Eu nunca deixaria que alguma coisa te acontecesse. Nós vamos sair daqui! - sussurrou.
- Desculpa.. - murmuro.
- Não tens de pedir desculpa. Eu sei como isto te atinge mas tens de parar de pensar nisto. Por causa dele querem fazer-nos mal. Eu não vou deixar que te levem de perto de mim por causa dele. Nem pensar. - Tobias rosnou.
- Ninguém me vai tirar daqui. Nós vamos embora. - limpei as lágrimas. - Vês? Já passou.
Tobias esboçou um pequeno sorriso. - Sabes... tu sabes que és tudo para mim não sabes? - ele sussurrou.
- Sei. Tu também és. Vai correr tudo bem! - tento acalmá-lo.
- Claro que vai! - ele sorriu.
- Então eu vou vestir-me e depois começamos a empacotar pode ser?
- Pode! - Tobias acentiu e deixou o meu quarto fechando a porta.

Um suspiro pesado deixou os meus lábios.
Passei a mão pela cara e de seguida pelo cabelo. Está na hora.
Abri a minha gaveta da mesa de cabeceira e retirei a minha roupa interior e a minha pequena bolsa que eu guardo por baixo da roupa.
Na cómoda, retirei umas calças pretas de ioga e uma camisola azul clara super larga.
Deixei o quarto e dirigi-me à casa de banho onde fiz a minha higiéne e me vesti. Atei os meus cabelos escuros num coque e desci para a cozinha. Preparei umas torradas e um café enquanto ouvia os passos largos de Tobias a virem em direção à cozinha.
- Já falei com a senhora Erin por causa da casa. Só temos de levar roupas e bem essenciais o resto não vamos ter de nos preocupar.
Acenti e dei uma dentada na minha torrada. O meu irmão acabou por se juntar a mim.

Depois do pequeno almoço tomado, subimos para os nossos quartos, na condição de arrumar tudo no período da manhã.
Trouxe as 3 malas de viagem que me pertenciam e várias caixas de papelão castanho que eu e Tobias tínhamos juntado todos estes anos.
A primeira coisa que fiz foi tirar toda a roupa que tinha nos armários, gavetas, e bem.. em cima da cadeira da secretária.

Separei-a por estações e abri de um lado as três malas, do outro um grande saco preto. Esta é a altura perfeita para ver as coisas que eu quero e dar as que não me servem ou que eu já não gosto.

Uma hora depois tinha tudo separado e pronto para meter nos caixotes de doação para países necessitados. A verdade é que já faço isto à algum tempo e bem esta foi uma reviravolta de guarda roupa visto que mais de 60% das minhas roupas foi parar ao saco.
Enchi duas malas de viagem e mais duas daquelas que usava para ir para a escola com roupa.
A outra mala de viagem decidi aproveitar para meter alguns dos meus livros, fotografias, cd's e etc.
Arrumei tudoo resto dentro das caixas e escrevi nas laterais o que continham.
Por volta das 12 p.m eu e Tobias tínhamos acabado os quartos e eu tinha também acabado a casa de banho.
Descemos os dois e, em conjunto arrumámos os pertences da sala e cozinha.

| 4 p.m |

O carro de Tobias parou em frente de uma grande casa que me era desconhecida.
Não me atrevi a fazer qualquer tipo de pergunta pois Tobias estava sério. Eu sentia o quão tenso ele estava e só gostava de saber o porquê.
Abrimos as portas e saímos do carro. Andei até o meu corpo estar posicionado ao lado do de Tobias e a sua mão apertou a minha.
- Não me largues por nada. - ele disse apenas.

Caminhámos até ao portão onde nos foi permitida a entrada e seguimos pelo grande corredor no meio de dois magníficos jardins até uma porta castanha.
O dedo indicador do meu irmão pressionou o pequeno botão branco que eu suponho ser a campainha.
A porta foi aberta de seguida e só ai é que eu me apercebi que afinal esta casa não me era tão desconhecida. Estávamos na residência dos Styles.

Uma empregada que aparentava ter por volta de 40 anos guiou-nos até à sala principal onde Matthew falava alegremente com quem eu alego ser a sua filha mais velha, Gemma.

Matthew Styles, membro do governo inglês. O melhor amigo do meu pai. Um dos piores pesadelos do povo do Reino Unido.
Veio-me à memória um almoço partilhado por ambas as famílias. Foi um almoço alegre e se bem me lembro Matthew tem outro filho que não me lembro do nome.
Mas lembro-me de Gemma. A habitual filha prodígio que todos os pais desejam ter. Bonita, inteligente e astuta.

As suas atenções foram postas em nós e senti um nervosismo começar a crescer.
- Eu não acredito... - Matthew murmurou incrédulo levantando-se. - Tobias e.. Lydia Walker.
- Nós mesmos. - Tobias proferiu.
- Há quanto tempo.. - olhou-nos e aproximou-se de nós esticando a mão para o meu irmão. Este cumprimentou-o. De seguida foi a minha vez.
- Por favor venham sentar-se. - convidou sorrindo e nós assim o fizemos. - Eu estou muito feliz em ter-vos aqui. Já se passaram quê? 7 anos? - perguntou referindo-se à morte do meu pai.
- Sim.. - murmurei.
- Vocês estão tão crescidos..
- Eu lamento interromper Matthew mas acho que sabe que não viemos apenas fazer uma visita.