Lydia. || H.S

|You're Enough. |

Harry.

Estava sentado sobre um barril na ponta do barco. A correria da minha irmã hoje tinha a sua razão.
Uma que eu definitivamente não estava à espera.
A Scarlett e o meu pai... quem diria.
Quem diria que aquele filho da puta ia trair a minha mãe com uma gaja que tem idade para ser sua filha.

Sinto-me revoltado. Revoltado com isto, esta atitude dele. A minha mãe não merece isto. É uma mulher cinco estrelas.
Mas nas mãos daquele palhaço o que se podia fazer?!

Estou numa luta comigo mesmo. Quero desmacará-lo em frente de toda a gente para que possam ver a merda de pessoa que ele é.. mas por outro lado quero proteger a minha mãe. E o irmão da Lydia que provavelmente é corno e nem sonha.
Não o faço por ele.. mas faço-o por ela. Se contasse em frente a todos ela ia chatear-se comigo. E neste momento não preciso disso. Preciso dela.
É isso. Preciso dela. Saquei o telemóvel do bolso e procurei o seu número na minha lista clicando em "chamar". Esperei que ela atendesse. E quando estava prestes a desligar o pi pára e ouço um soluço do outro lado.
- Sim? - ela murmura.
- Lyds.. - murmurei levantando-me. - O que se passa pequena?
- Ham.. coisas minhas nada de mais. - disse.
- Vou passar no teu quarto agora. - disse e desliguei a chamada.
Algo se passa e eu vou saber o que é.

Lydia.

Suspirei quando pousei o telemóvel. Nem me deu tempo de responder.
Limpei a cara quando ouvi a porta bater e o Harry aproximou-se do meu corpo puxando-me para os seus braços.
- O que é que se passa? - murmurou passando a sua mão pelos meus cabelos.
- Tive uma discussão com o Tobias.. - murmurei.
- Então?
- Nós não entendemos sobre um assunto.. mas deixa para lá eu vou ficar bem. - forcei um sorriso olhando-o.

E apercebi-me de que talvez ele tenha razão. Eu não sou suficiente para o Harry. Ele não tem medo de nada. E olhem para mim. Estou a chorar depois duma discussão com o meu irmão.
Eu não consigo perceber porque é que ele está tão defensivo em relação ao Harry. Simplesmente não entendo. Eu sempre o apoiei em tudo porque é que ele não pode fazer o mesmo?
Talvez estivesse enganada a respeito dele. Ele é o meu universo. E hoje deu um completo tiro no escuro.

- Estás pensativa.. não gosto de te ver assim. - murmurou.
- Desculpa. - murmurei. - Harry eu.. - pausei ganhando corajem. - Eu sou suficiente?
- Suficiente para quê?
- Para isto. Para nós. Eu sou suficiente para ti? - olhei-o.
- Não Lydia.. tu és mais que suficiente. - beijou a minha testa. - De onde vem isso agora?
- Eu.. eu não quero ser mais uma. Eu não quero não ser suficiente para ti. - disse entre lágrimas.
- Hey! Tu não és mais uma. Tu és a uma. A minha uma. E és mais do que suficiente. Nunca mais repitas alguma coisa destas. - olhou-me nos olhos.
Acenti.
- Promete.
- Prometo.. - murmurei.
Os lábios de Harry pousaram sobre os meus dando-me um beijo rápido.
- Agora precisas de te distrair. - Harry sorriu e levou-me até à cama.
Sentámo-nos lado a lado e ele retirou debaixo da minha cama o meu jogo de tabuleiro preferido.
- Pronta para perder? - sorriu.
- Nos teus sonhos. - gargalhei e começámos a jogar.

Cerca de uma hora depois acabámos o jogo. E eu estava a festejar a minha vitória.
- Perdeste o piu foi? - gargalhei quando Harry arrumou o jogo.
- Foi sorte. - olhou-me.
- Hmhm. Chama-lhe sorte chama. - gargalhei e Harry acompanhou-me.
- Sentes-te melhor? - murmurou desviando um pouco do meu cabelo para trás da minha orelha.
- Sim.. obrigada por ficares aqui comigo. - disse dando um leve sorriso. - É para isso que aqui estou. Para te pôr feliz. - sorriu e eu derreti.
- Não me apetece almoçar. - murmurei.
- Nem penses que vais ficar sem comer.
- Mas não me apetece.
- Fazemos assim. Eu peço para trazerem aqui. - disse levantando-se.
Suspirei. - Está bem.

Saiu do quarto e eu deitei-me na cama. Peguei no livro que estava na minha cabeceira. Foi o livro que estávamos a ler na noite em que nos beijamos pela primeira vez.
Lembro-me quase todos os dias desse momento. Fiquei tão confusa e agora olha para nós.

Li um pouco até ele voltar para o quarto e deitou-se sobre as minhas pernas. - Eles vêm trazer.
Gargalhei. - Tu não comes, já estás demasiado gordo.
- Engracadinha. - murmurei rindo.
Ajeitou-se. A sua cabeça descansou sobre a minha barriga e as suas mãos passaram por cima das minhas pernas.
- O que estás a ler? - olhou-me.
- Vê se te lembras. - dei-lho para a mão.
- Eish.. alta bebedeira que apanhámos quando lemos isto. - riu-se.
Gargalhei. - Afinal lembraste!
- Claro que me lembro. O nosso clube de leitura secreto. - riu. - Nunca mais o fizemos.
- Pois não.. o primeiro ficámos bêbedos olha se continuássemos.
- Touché. - rimo-nos.

- Talvez um dia destes. - sorri.
- Talvez.. - sorriu.

Uns minutos depois bateram à porta. Era o nosso almoço que tinha chegado. 

Harry trouxe o carrinho até à cama e comemos ali.

Por volta das três da tarde, Harry saiu para ir ter com a Gemma para os últimos preparativos para o baile. 

Tobias.

Já ia no quinto copo de uma bebida qualquer que me queima por dentro como gente grande.
Eu sou um idiota.

Sempre tentei transmitir confiança à minha irmã, pela pessoa fantástica que ela é, mas não, por causa daquele otário tratei-a super mal. Porque é que eu tinha de abrir a boca?!
E pior.. agora ela gosta dele. Esplêndido.
Dou um suspiro pesado e levanto-me da cadeira do bar cambaleando calmamente até à porta. Ao longe avisto Harry sobre a proa. Oh ele vai ouvir das boas.
Caminhei apressadamente até ao sitio onde ele estava dando-lhe um toque nas costas.
- Ouve lá.. - disse sério. - O que é que tu queres da minha irmã hm?
Harry olhou-me. - Tu andaste a beber não andaste?

- Eu fiz-te uma pergunta. - disse fazendo uma força enorme para me manter de pé.

- Tobias tu estás podre de bêbado. Anda eu ajudo-te a ir para o quarto. - aproximou-se de mim.
- Eu não preciso da tua ajuda! - rosnei.- Ouve-me bem porque eu só digo isto uma vez. Afasta-te da Lydia senão vamos ter problemas. Dos graves.

E sai dali. Ele tinha razão. Eu estava com um copo a mais. Consegui chegar ao meu quarto vivo. Meti-me debaixo do chuveiro com água fria para ver se acordo.
A minha vida está uma bela merda neste momento.