[24 Hours Left - Part II]

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- É verdade! - ela sorri.
- Já tens tudo pronto?
- Já! Estou tão ansiosa.
- E eu.. Quero muito ver como vais!
- Oh não é nada de especial.. - sorriu corando um pouco.
- Engana-me.. A Gemma disse para levar um babete.
- Ela é doida. - gargalhamos.

- Vamos ver amanhã quem tem razão. - sorriu e eu acenti. - Agora mudando de assunto..

- Hm? - ela murmurou segurando a sua face branca no meio das suas mãos.

- Lydia... eu... tenho pensado imenso no outro dia e... ouve eu.. tenho tentado por todas as minhas ideias em ordem, tenho guardado tudo para mim, tenho feito um verdadeiro esforço para tentar esquecer o que aconteceu, mas eu não consigo. Não consigo esquecer tudo o que aconteceu, não consigo esquecer-te! - desabafo de uma vez.

Tenho feito este exercício montes de vezes. O exercício de tentar esquecê-la. E está a ser difícil. Porque eu não sei o que ela sente. Eu não sei os seus pensamentos. Mas sei os meus.

E sinto que isto me está a mudar. Não sei se é para melhor, ou talvez pior mas está a mudar-me. E eu gosto dela. Chega de me enganar, de me embebedar por noites sem fim, de dormir com 1000 mulheres diferentes e de me sentir como uma verdadeira pedra. Porque ela consegue ter esse lado meu. Ela consegue coisas que ninguém consegue.

- Isto não parece meu, eu sei. - ri-me. - Mas se eu não me vou calar agora, não vou fazê-lo novamente. Tu não me sais da cabeça, simplesmente não sais. Tudo o que se passa à minha volta se foca em ti. E isto pode parecer piroso, mas é a única maneira que encontro de dizer que gosto demasiado de ti para o manter escondido. - confesso num suspiro.

Lydia

Sentia os meus olhos aguados. Os músculos do meu rosto contraídos num sorriso surpreso.

Num ato inesperado colo o meu corpo ao único que neste momento importa para mim. Abracei-o fortemente e os seus braços fortes rodearam o meu corpo.

Descansei a minha cabeça na curvatura do seu pescoço. Acho que ele percebeu a mensagem, pois pude sentir o seu sorriso crescer.

Ficamos assim por um bocado até ter coragem na cara para o olhar. Foquei o meu olhar nos seus olhos verdes brilhantes e levei a minha mão à sua face.
- Fico contente por me teres contado. - murmurei.
- Fico contente por me teres ouvido.. - Harry sussurrou olhando-me.
- Eu vou sempre ouvir-te. Vou sempre estar aqui para ti. Porque por muito louco que esteja o mundo eu sei em quem me posso apoiar. E por muito pedra que sejas estás lá para mim e isso é o importante. - beijei a sua testa.
- Não foi fácil dizer isto.. tu sabes.. desde pequeno que mostrar sentimentos não é fácil para mim.. mas eu estou disposto a tentar..
- Eu notei. - brinquei para tentar que ele ficasse mais à vontade.
- Mas eu tenho uma pergunta..
- O quê?
- O que é que tu sentes? - perguntou direto.

Fiquei em silêncio durante um pouco.
Como é que eu me sinto?
Bem... eu.. eu gosto dele. Ele entende-me, conhece-me minimamente. É bom companheiro apesar de tudo.

- Eu.. sinto o mesmo. - disse entre dentes sentindo uma vaga de calor nas minhas bochechas. Estarei com febre?
- A sério? - Harry murmura e pude ver esperança nos seus olhos.
- Sim. - acenti.
- Então..
- Então..
- Então..
- Então..
- Vamos com calma. - dissemos em coro fazendo-nos gargalhar.
- Fico feliz por chegarmos a acordo. - ri-me.
- É. - sorriu.

E pela primeira vez surgiu um silêncio que não era incómodo. Progressos.. agrada-me.

- Harry preciso que venhas ver uma coisa. - Gemma diz entre respirações aceleradas. Ela veio a correr.
- Está tudo bem? - Harry perguntou levantando-se.
- Vem. - ela diz impaciente. Harry olha para mim. - Ligo-te mais logo.
Acinto e eles saem do buffet.

O que será que se passou? A dois dias de irmos para terra firme não me digas que é agora que vai acontecer uma tragédia.

Tobias

Uma preguiça de todo tamanho tomava conta de mim. Eram cerca de 10 da manhã e tudo o que me apetecia era ficar na cama a dormir o dia todo. Não fazer nada deixa-me de rastos.

Dei mais uma volta na cama até que me apercebi que aqui deitado não estava a fazer nada de produtivo.

Levantei-me e fui tomar um duche. Vesti-me e sai do quarto dirigindo-me ao buffet para comer. É a melhor parte do navio. Comida.

Servi-me e quando ia para me sentar vi a minha irmã sentada numa mesa. Alcancei-a e sentei-me a seu lado.
- Então? - sorri dando um beijo na sua bochecha.
- Olá. - deu-me um leve sorriso.
- Estás bem?
- Estou! E tu?
- Sim. - murmurei. - Estás sozinha?
- Estava com o Harry mas ele...
- Lydia mas porque é que insistes e ignoras o que eu te digo?! - arfo.
- Não vais começar outta vez com essa conversa pois não?!
- Vou. Eu ainda sou o teu irmão mais velho por isso tens de me dar ouvidos. - Peço desculpa se sou maior de 18 e não posso estar com a pessoa de quem gosto.
- O quê?!
- Sim. Sim. Ouviste bem! Eu gosto do Harry e ele gosta de mim. E só não estamos juntos porque porque.
- Não! - dei um murro na mesa fazendo com que os talheres saltassem e Lydia desse um pequeno pulo. - Tu não percebes que ele só te quer usar?! Que vais ser só mais uma?! Ele vai magoar-te com todas as forças que tem porque não és boa o suficiente. - disse irritado. - Ele e a família só vêm dinheiro à frente e tu vais ser só mais uma. - digo e paro quando a ouço soluçar. Merda Tobias.

Lydia levantou-se.
- Lydia espera. - disse e peguei no seu pulso mas ela rapidamente o empurrou.
- Eu sei que não sou boa o suficiente. Mas a vida é minha. Eu faço o que eu quero. E eu esperava tudo menos isto de ti. - ela diz chorando. - Não me dirijas a palavra. Posso não ser boa o suficiente para falar contigo. - cospe e sai do buffet.
- Foda-se. - gemo irritado e levo as mãos à cabeça. Porque é que eu tinha de abrir a boca?

Lydia. || H.SOnde histórias criam vida. Descubra agora