Capitulo 2

164 15 4
                                    

MIA'S POV

Não me importava de poder ficar ali o dia todo. Apenas coberta pelos meus felpudos cobertores, e envolvida na escuridão. Era nestes momentos em que eu a preferia á realidade. Em que ate os pesadelos eu preferia. Porque mesmo passado um ano, eu continuo a não gostar da ideia de acordar e de não o ter ali. De não o ter comigo. De a sua imagem não passar de uma memoria na minha mente.

Mas não me considero fraca. Alias, nunca pensei que conseguisse ser tão forte como o sou agora. Ou pelo menos como aparento ser. Acho que apenas precisava de aceitar o facto de ele ter partido, para as lágrimas finalmente desaparecerem. Custou-me vários meses, mas felizmente acabei por o fazer. Contudo, ainda sinto a sua falta. Muito. Especialmente quando estou sozinha. Mas aprendi a lidar com isso. Afinal, não é possível viver se estivermos em constante tristeza. E eu prometi a mim mesma que iria viver. Custe o que custar.

Levantei-me relutantemente da cama, ainda com os olhos entre abertos. A luminosidade intensa que entrava pela janela cegava-me um pouco, mas nada a que não me fosse habituando. O quarto começou a tornar-se mais nítido, enquanto eu apenas o observava. Era mais pequeno que aquele em que eu estive há um ano atras. Apenas com um pequeno espaço livre á frente da porta, a minha cama, armário e secretaria á esquerda, a pequena janela com vista para todas as outras dúzias de prédios á frente, e uma estante de madeira com livros e uma televisão em cima á direita.

O apartamento em si não era muito grande. Apenas o suficiente para três pessoas viverem nele. Foi tudo o que a proteção de testemunhas nos conseguiu arranjar. Isso e um emprego para as três. Nada de especial. Apenas alguns turnos num café do bairro vizinho ao nosso.

Na verdade, penso que foi nesse sitio em que ambas passamos mais tempo, nos primeiros meses. O que melhor para nos fazer esquecer do que matar-nos a trabalhar? Apesar de elas terem acabado por arranjar outras ocupações. A Eleanor decidiu recomeçar a estudar. Está agora a tirar gestão na universidade. Acho que sempre a distrai mais. Quanto á April, decidiu ter aulas de dança num estúdio perto da baixa. Ela sempre foi uma excelente bailarina.

Quanto a mim? Apenas continuo exatamente como no inicio. A cumprir horas extraordinárias naquele café. Que mais podia eu fazer? Afinal, era esse o meu plano quando tentei mudar-me para Nova Iorque, da primeira vez. Trabalhar num café ou um restaurante. Tentar começar por baixo. E com sorte, talvez um dia conseguisse ter o meu próprio estabelecimento. Mas esse sonho já não me interessa muito. Acho que apenas percebi o quão impossível era.

Abri o meu armário branco, retirando lá de dentro o meu uniforme de trabalho e vestindo-o. Não era nada de extravagante. Apenas uma blusa azul escura de manga curta e uma calças pretas. Muito simples e confortável. Tal como seria de esperar. E eu ate gostava das cores escuras. Não sei se me teria agradado muito se tivesse sido obrigada a vestir cores vivas e brilhantes.

Sai do quarto, caminhando ate á cozinha. O apartamento encontrava-se em silêncio, tal como era de esperar. A Eleanor havia saído mais cedo para a universidade, e aposto que a April ainda estava a dormir. Quem me dera também estar. Ou conseguir pelo menos faze-lo em condições. Sinto-me sempre cansada. As minhas insónias dão cabo de mim. Acho que a única coisa que ainda não aprendi foi a controlar o stress.

Comi uma barra de cereais, não tendo fome para mais nada, enquanto vestia o meu casaco castanho de algodão, que me ia até acima dos joelhos. Era super confortável e quente. O melhor para o tempo frio que se encontrava lá fora. Apesar de eu nem me importar muito. Algumas pessoas tornam-se mais deprimentes com o frio. Mas eu não. Ou talvez já esteja no meu limite de deprimência.

Abandonei o apartamento, descendo aqueles dois lances de escadas e saindo para a rua. O céu estava de um tom cinzento, e tudo á minha volta se encontrava incrivelmente branco. Eram poucas as pessoas que caminhavam por estas ruas a esta hora, enquanto pequenos flocos de neve lhes caiam sobre a roupa.

Help Me 2 (Fanfic Harry Styles)Onde histórias criam vida. Descubra agora