Capítulo 3 - O encontro do destino

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O voo foi tranquilo, apesar da tensão presente no jatinho que foi contrato para a viagem, além de Anahí e Manuel, estavam presentes os dois assessores de campanha assim como Marcela, uma das funcionárias destinadas a acompanhar Anahí, mas que estava muito mais para dama de companhia, sempre presente, e que com o passar do tempo acabou se tornando uma grande amiga, pois estavam sempre juntas, sem, contudo Anahí revelar suas inquietações mediante a um casamento desgastante, as duas mantinham o contato diário. Marcela era uma jovem de 25 anos, natural de Chiapas, sua origem nativa era evidente, apesar de sua formação como advogada, porém sua condição não possibilitou um emprego na área almejada, mas isto não impedia de ser uma mulher prestativa e extremamente engajada nas causas feministas e indígenas. Anahí conhecia este lado revolucionário da amiga, sem jamais mencionar a seu esposo, pois sabia que seria perseguida e perderia tudo o que havia conquistado.
O avião chegou ao aeroporto de Santorini por volta de 10h da manhã do dia seguinte, uma viagem cansativa, mas que foi recompensada pela visão deslumbrante daquelas praias lindas, o azul do mar em contato com o lindo céu, contrastando com aquelas montanhas lindas repletas de pequenas casas que davam um aspecto rústico e que encantou Anahi de uma forma única, as praias mexicanas eram lindas também, mas algo naquele espaço lhe despertou sentimentos de aconchego, paz, liberdade. Adoraria viver ali, de forma simples, sem grandes regalias, acordando sobre a brisa fresca do mar, sobe a possibilidade de uma tranquilidade tão almejada. Todos ficaram hospedados em um dos hotéis mais luxuosos da ilha, chamado de Perivolas hotel que possui uma vista impactante, piscina em infinito, simplesmente um paraíso, mas que para Anahí não era essencial, ela gostaria mesmo de estar naquelas pequenas vilas, comendo comida típica, dançando a luz da luz. O check in foi realizado e logo foram para os quartos, obviamente separados, em seguida os assessores buscaram lugares onde pudessem capturar imagens para serem divulgadas assim como foram feitas as da saída do México, que logo estavam nos jornais com o anúncio: “Manuel e Anahí viajam para curtir viagem romântica na Grécia, longe dos problemas.” O resto do dia foi basicamente de fotos e poses para demonstrar felicidade.
Na manhã seguinte, Anahí foi acordada Marcela, para que fossem conhecer o iate em que conheceriam as ilhas vizinhas, apesar do cansaço, decidiu aproveitar aquele lindo dia ensolarado e conhecer todas as belezas que estavam ali, tão perto. Depois de tomar café, todos foram acompanhados para um jipe que os conduziriam até o cais. Durante o trajeto de dez minutos, Anahí aproveitou para desfrutar todo o frescor que o ambiente lhe proporcionava juntamente com todas aquelas mudanças de paisagens, saindo da parte mais luxuosa da ilha, aproximando-se da vila de pescadores, com a simplicidade impactante, neste momento ela simplesmente esqueceu todos os problemas e mergulhou em seu mundo particular de imaginação, sonhando com uma vida pacata e feliz.
Ao estacionarem no cais, o iate estava já estava a postos, havia um senhor de aproximadamente cinquenta anos próximo, estrategicamente posicionado para recepcionar os novos turistas, os primeiros a descerem do carro foram os assessores com o intuito de resolver as questões de contrato com almirante. Manuel desce e imediatamente sobe no barco com uma postura totalmente insolente, sem ao menos cumprimentar qualquer um, e isso causava uma revolta muito grande por parte de Anahí, por perceber o quanto seu marido era opressivo, alguém frio, que não media esforços para demonstrar sua superioridade de forma ríspida, mas ela não estava interessada em passar esse tempo pensando em seus problemas, sendo assim, decidiu aproveitar todos os minutos, absorvendo todas as sensações que aquele lugar lhe proporcionava.
Desceu do carro alheia a tudo ao seu redor, se importando apenas com a paisagem que se estendia aos seus olhos, o mar de um azul tão intenso que parecia uma pintura tocando de forma violenta as encostas das montanhas, uma visão selvagem que lhe dava a sensação de liberdade. Seu coração se encheu de uma tranquilidade revigorante, relaxante. Aproximando-se da borda que ligava o cais ao mar, fecha os olhos para sentir o calor transmitido por aquele Sol maravilhoso, quando uma brisa lhe tocou a face, causando uma sensação de felicidade, sendo materializada em um sorriso sincero e natural. Para continuar sentindo aquela brisa marinha, de olhos fechados se virou para seguir em direção ao barco, quando subitamente esbarra de forma abrupta em algo forte o suficiente para lhe desequilibrar.
O impacto fora tão forte, que seu corpo direcionou-se para a borda, e em uma fração de segundos se viu envolvida por braços fortes e firmes que lhe ampararam para evitar uma queda na água. A rapidez dos acontecimentos de converteram em momento congelamento do tempo quando seus olhos se encontraram com os olhos mais brilhantes e hipnotizantes que já havia visto, era de um verde único, com tonalidade de oliva que lhe envolveu em uma áurea de plenitude, permanecendo alguns minutos que pareceram horas, e com a proximidade corporal intensificando os sentidos.
Alfonso nunca havia visto olhos tão lindos, tendo a beleza e pureza refletida na íris azul daquela mulher, magia daquele momento sem dúvida foi a mais intensa vivida por ele, que continuaria cravado em sua memória para sempre. Aquele momento mágico foi interrompido com Anahí se recompondo do incidente e adiantando-se para pedir desculpa e agradecer, que no impulso foi pronunciado em espanhol, corrigindo-se automaticamente, repetindo as palavras em inglês na esperança de ser fazer entender por aquele homem.
ALFONSO: Não se preocupe, eu falo espanhol! E não tem nada que agradecer, eu também estava distraído e não te vi, deveria ter sido mais cauteloso, mas foi por muito pouco que a Senhorita não iria mergulhar de roupa e tudo – Riu de forma discreta, mas que no íntimo de Anahí lhe causou emoções desconhecidas- Aliás, meu nome é Alfonso Rodríguez! – Estendeu a mão para que aquela mulher pudesse lhe tocar, não somente com uma forma cordial, como também para sentir o calor que aquele contato de proporcionaria.
ANAHI: Muito prazer, sou Anahí Portilla de Velasco – O sorriso de Anahí saiu tão espontaneamente, que ela mesma teve vergonha por essa atitude juvenil diante de um desconhecido.
ALFONSO: Claro, você deve ser a esposa do Sr. Manuel Velasco, sou o capitão do iate que vocês contratam para suas férias, o La Tempestad.
Antes que pudessem estender qualquer tipo de conversa, foram interrompidos por Manuel se aproximando dos dois para se apresentar a Alfonso.
MANUEL: Bom dia! Já percebi que conheceu minha esposa Capitão Alfonso. – Direcionando um olhar acusador para Anahí, misturado com uma ponta de desconfiança.
ALFONSO: Claro, foi por pura coincidência, nos esbarramos – Sorriu para Anahí, que lhe retribuiu um sorriso torto, totalmente desconfortável, ficando totalmente percebível a situação constrangedora em que acabou colocando aquela moça- Mas não se preocupe Senhor, a segurei para que não caísse no mar.
MANUEL: Agradeço por sua competência, minha esposa às vezes é muito distraída, não é amor? – Agarrou Anahí pela cintura, dando - lhe um beijo rápido, mas sendo suficiente para demonstrar sua presença e constranger Anahí. E conseguiu – Agora podemos zarpar? Adoraria aproveitar um pouco do dia, pois logo tenho que retornar ao hotel para resolver problemas que ficaram no México, pois sou um homem muito importante, não posso perder muito tempo com passeios e vida mansa, o que acha Alfonso? - a forma irônica de falar golpeou em cheio Anahí, causando-lhe repulsa daquele homem, buscando desvencilhar-se de seu braço, porém sem sucesso.
Manuel deu-lhe novamente um beijo e a soltou retornando em direção ao barco, deixando Anahí e Alfonso novamente sozinhos, mas totalmente desconfortáveis com a situação.
ANAHI: Desculpe-me pelas palavras de meu esposo, ele anda um pouco estressado devido às campanhas. – Concluiu com um olhar desolado, carregado de dúvidas e tristeza.
ALFONSO: Não tem problema, eu entendo o senhor Velasco e o respeito- Encerra a frase com um lindo sorriso que é capaz de derreter qualquer gelo, mas Anahí estava tão desconfortável com aquela situação que lhe retribuiu um meio sorriso e um olhar carregado de emoções tristes. Alfonso a viu afastando-se de uma forma tão abandonada que lhe deu vontade de correr ao seu encontro e abraçar-lhe, acariciar seus cabelos e dizer que tudo ficaria bem, mesmo sem saber o que a afligia.
Aquele encontro lhe despertou emoções que já haviam sidos adormecidos pelas circunstâncias, mas que com apenas um olhar rompeu todas as barreiras, só não conseguia entender como uma mulher tão linda possuía um olhar tão triste, alguém com tudo aos seus pés, mas que no momento de desespero e solidão lhe direciona um olhar suplicante de ajuda. Quem era aquela mulher capaz de aguçar seus sentimentos? Que poder havia naquele olhar triste que atormentou sua cabeça e acelerou seu coração?

Mi Tormenta Favorita - Anahi e Alfonso. #PonnyOnde histórias criam vida. Descubra agora