Capítulo 25- Llegaste tu.

200 19 13
                                    


Alfonso

Estava em um lugar que me parecia desconhecido, a sensação de fresco em meu rosto denunciou. Estava próximo a praia. Caminhei lentamente buscando reconhecer o espaço, a claridade incomodava meus olhos com uma luminosidade intensa. Ao me aproximar da areia avistei ao longe uma silhueta esguia em pé nas proximidades da água olhando em direção ao horizonte. Aproximei-me mais um pouco e logo o rosto feminino virou-se o suficiente para manter-se de perfil e imediatamente alertei-me com a confusão de meus devaneios. Era Helena.

Não podia ser. Ela estava morta há tantos anos. De forma receosa cheguei mais perto e notei que a mesma já esperava minha chegada e lentamente sorriu, virando-se para mim com aquele olhar encantador que havia me conquistado há tantos anos.

Quando fiz o movimento para iniciar a conversa, ela simplesmente tocou meus lábios com os dedos em sinal de que deveria manter o silêncio e logo em seguida beijou-me lentamente na bochecha, com um carinho que tanto me comovia e sorrindo seguiu o caminho contrário a mim, caminhando e olhando para trás, seguindo para a água, adentrando até o ponto em que estava com a cintura completamente submersa. Subitamente ao piscar novamente já não era Helena na água. Era Anahí.

A paralisia tomou conta de meu corpo e minha mente, ao ver lentamente Anahi sumindo nas águas gélidas do oceano. Um adeus silencioso. Corri o máximo que pude na tentativa inútil de resgata-la, mas fora inútil, ela já havia sumido e um clarão cegou-me.

De repente estava em uma cama respirando freneticamente com um gosto metálico na boca, a sensação de medo tomou meu corpo. Havia sido um sonho. Contudo a realidade era cruel.

Anahí estava em situação de risco, a bala havia se alojado em seu peito e naquele exato momento estava na sala de cirurgia. A sua imagem desfalecida martelava em minha cabeça e a possibilidade de perdê-la consumia-me por dentro. Queria estar perto, transmitir todo meu calor e amor, contudo sou apenas aquele que nas sombras a beija, que nas sombras a ama sem medidas. Ela me pertencia, porém havia o compromisso com outro homem, alguém poderoso.

De longe observei o desenrolar do resgate sem ser reconhecido. O Governador estava escoltado por uma dúzia de segurança da Guarda Nacional acionada após o ataque. A frieza em sua postura me fazia entender o motivo para a tristeza em que Anahí se encontrava ao chegar ao meu barco, as frustações e o consolo encontrado em meus braços. Neste momento percebi que precisava estar com ela, mesmo que a distância, protegendo-a. Mesmo que isso me custasse à vida.

Após meus devaneios da madrugada, despertei e rapidamente fui ao encontro dos informantes que me noticiavam sobre a situação de Anahí, já que não poderia manter-me tão próximo pela quantidade de seguranças que cercavam os quarto e obviamente por que talvez Manuel me reconhecesse. Meu informante Damian era um jovem enfermeiro que todos os dias trazia notícias de que Anahí estava aos poucos se recuperando e sendo mantida sedada para repor suas forças. Já se passou uma semana e a angustia adormentava-me a alma.

- Têm novidades? – questionei sem ao menos cumprimentar o Damian.

- As notícias são ótimas, ela já está fora de risco, apenas recuperando-se da lesão. É uma mulher muito guerreira, lutou sozinha diante de tudo isso. – lamentou.

- Eu preciso vê-la imediatamente- falei.

- Cuidado com o que está fazendo, as coisas são perigosas aqui. Você viu o que passou com a primeira dama, imagine um pobre mortal como você ou eu que estou te acobertando.

- Não me interessa, tenho que protegê-la e quero estar ao seu lado. E isso será hoje, já tenho todo o plano traçado e você novamente irá me ajudar.

Na lateral interna do hospital mantive-me ansioso pela oportunidade de entrar e encontra-la. Após alguns minutos de agonia Damian chegou trazendo consigo um conjunto branco que serviria de disfarce para chegar ao quarto. Corri ao banheiro com a rapidez ansiando pela chance de tocá-la.

Caminhamos a passos lentos e compassados pelo corredor que direcionava ao quarto em que Anahí estava internada, e disfarçadamente Damian mudou de direção para que eu pudesse seguir sem abrir qualquer suspeita. A mascara cobria minha identidade e permitia circular acima de qualquer suspeita. Os seguranças estavam espalhados pelo corredor e sem me sentir intimidade aproximei-me da porta e fiz um gesto afirmativo com a cabeça para que liberassem a passagem, passado pela porta e fechando atrás de mim qualquer maldade. Por que naquele momento só havia ela e eu.

O quarto estava silencioso apesar das batidas constantes dos aparelhos. E ali estava ela, pálida, deitada sobre um lençol branco, formando uma redoma impecável de pureza. Lentamente aproximei-me e notei que seu sono era tranquilo apesar dos aparelhos, a serenidade era tamanha que parecíamos estar bem.

- Estou aqui – toquei sua mão acariciando lhe – Nunca irei te abandonar. Só te peço que não me deixes, por favor- Minha emoção foi tão grande que sem perceber debrucei-me sobre seu corpo para beijar sua testa, seus olho, seu rosto em um gesto de carinho, para que através de meu toque pudesse perceber minha presença.

No meio do trajeto senti um suspiro mais profundo em sinal de que estava tornando sua consciência. Seus olhos eram de um azul límpido e suplicante. Meu choro se mostrou livre pela simples certeza de que ela estava viva. Por que a esperança triunfou.

Mi Tormenta Favorita - Anahi e Alfonso. #PonnyOnde histórias criam vida. Descubra agora