Capítulo 07 - La luz de tus ojos

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Mais um dia se passou e continuavam perdidos e confusos. Alfonso aos poucos estava se recuperando aos cuidados de Anahí, porém distante, sem grandes aproximações, a situação era insuportável, mas precisavam conviver pela sobrevivência. Alfonso com suas habilidades conseguia pescar peixes suculentos que proporcionaram uma alimentação mais diversificada, pois Anahí não aguentava mais beber somente água de coco e comer sua carne, mas, sobretudo por que os frutos derrubados pela chuva acabaram rapidamente e Anahí agradeceu silenciosamente por ele estar ali e bem. As descobertas para ela nunca terminavam, o crescimento naqueles dias eram significativos, aprendeu pequenas coisas como limpar um peixe, acender uma fogueira, conviver com pouco conforto, mesmo sem ao menos se importar com tais regalias que durante toda sua vida estava cercada sem ao menos lhe causar familiaridade. Alfonso observava essa postura como um sinal de que ela era uma mulher especial, que havia algo que a incomodava, lhe causava um distanciamento, sabia que por trás de todo o luxo que ela estava envolvida, havia uma mulher triste, alheia a tudo aquilo, e ele estava disposto a descobrir.

ALFONSO: Desculpe-me se o peixe não está no seu agrado senhora Velasco. – concluiu seco

ANAHÍ: Já lhe disse que não quero que me chame assim, não me sinto confortável. – falou.

ALFONSO: A forma que você me tratou há alguns dias demonstram que não podemos nos tratar de forma mais pessoal.

ANAHÍ: Esta não é a questão, apenas não quero ser chamada desta forma. OK?

ALFONSO: Tudo bem, apenas com uma condição, que você me responda algo. – falou

ANAHÍ: Pode perguntar.

ALFONSO: Você é feliz? – questionou.

ANAHÍ: Por que pergunta isso? Quem te deu o direito de se questionar a esse respeito, mal me conhece- respondeu e seu tom de voz demonstrou um nervosismo perceptível em Alfonso.

ALFONSO: Perdoe-me a intromissão, é que te olho e vejo que você é tão distante, sempre tão pensativa, olhos perdidos em um vazio que gostaria poder te tirar.

ANAHÍ: Não sabe o que está dizendo, não seja louco, o que você é pra acreditar nisso, um marinheiro que nunca saiu daqui. – falou ríspida, que até ela mesma percebeu.

ALFONSO: Não sabe o que passei na vida, ao contrário do que pensa, já viajei a muitos lugares, não forma como imagina, mas trabalhei em diversos lugares, minha vida nunca fácil, sei que você não é feliz, por que vejo pela luz de seus olhos, e pra sua surpresa, eu também já passei por momentos na vida que me fazem desejar não acordar diariamente, como também motivos, principalmente um motivo para lutar, e se chama Heitor. –concluiu.

ANAHÍ: Como assim? Você tem um filho? É casado? – questionou, já atormentando-se pela possibilidade dele ter uma mulher, e que estava tentando trai-la.

ALFONSO: Sim, tenho filho e sim, sou casado, quer dizer, fui. – concluiu, olhando distraidamente para o mar, mexendo no peixe recém assado.

ANAHÍ: Se divorciaram?

ALFONSO: Não, infelizmente ela morreu há exatos dois anos, morreu em decorrência do parto difícil de meu filho. Éramos recém- casados, estávamos buscando conquistar o mundo, nunca era suficiente, ela era grega, uma excelente cozinheira e juntos sonhávamos em formar uma pequena pousada a beira mar, eu era jovem, sonhador, havia acabado de me formar nos cursos da marinha, mesmo ainda praticando a pesca com muita paixão. A gravidez veio inesperadamente, mas com todo amor que queríamos dar-lhe tudo, porém ela não teve tempo, pois logo nos primeiros meses de gravidez descobrimos que seria de risco, mas para Helena não importava, tudo o que ela queria era seu filho. No dia do parto eu estava em alto mar, como sempre ambicioso, e ela rompeu sua bolsa, o parto foram difícil e devido as complicações ela acabou não resistindo, mesmo o médico tendo dado a opção de não salvar a criança em troca de sua vida, mas claro que Helena jamais iria fazer esta escolha, optando por se sacrificar em nome do nosso amor que se materializava em Heitor. Não cheguei a tempo para me despedir, e no primeiro momento recusei o menino, pois pra mim o que importava era Helena, e isso foi muito cruel, desumano, a culpa foi toda minha, pois diante da minha impotência de pai não consegui nem ao menos segurar meu filho – conclui, ofegante, pois jamais havia falado essas coisas para ninguém, e parecia que havia retirado um peso enorme de suas costas, e as lágrimas vieram como sinal de uma libertação depois de tantos anos.

Mi Tormenta Favorita - Anahi e Alfonso. #PonnyOnde histórias criam vida. Descubra agora