Capítulo 24 - Se tu quisieras

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Alfonso

Visualizá-la era simplesmente inebriante, me fazendo esquecer completamente todo o combinado para a noite. Paralisei ao ver seu olhar distante, vagando em busca de algo longe, totalmente dispersa no meio de todas aquelas pessoas. Meu ímpeto fora de sair e retira-la imediatamente daquele inferno, mas deveria manter a calma, tinha uma missão a cumprir e era homem para saber o seu lugar.

Por um instante tratei de esquecer Anahí e focar-me na situação, iniciando o processo de reconhecimento do espaço e das pessoas no entorno. De repente avistei dois homens que passaram a ter atitudes suspeitas, intrigando-me.

Primeiramente ambos se comunicavam de forma discreta, mantendo o olhar para a multidão, porém a situação que me deixou alerta fora a vestimenta dos mesmos, todos de terno e gravata, parecendo ser do corpo de seguranças. Seria apenas uma conversa de trabalho? Destacamento de proteção? Algo estava realmente estranho.

Lentamente os dois indivíduos separam-se, caminhando para destinos diferentes. Decidi seguir o que se aproximava do palanque, porém aproximando-se da lateral que dava acesso ao interior do espaço, o que poderia ser a entrada para a ala reservada aos políticos importantes. Caminhei sorrateiramente, mantendo meu rosto encoberto pelo boné, porém sem demonstrar nervosismo mediante a situação.

Naquele momento eu não me preocupava em estar infligindo o compromisso firmado anteriormente pelo grupo. Meu instinto me dizia que algo não estava certo, e precisava observar de perto tudo. Havia chegado a hora em que a ação deveria seguir o planejado, exatamente no momento em que Velasco terminava o momento de evocar os heróis e iniciar seu discurso. A manifestação começou a todo vapor, vozes ecoavam a um só coro "Liberdade não se compra. Somos todos livres". A polícia tentava cercar os manifestos que se alastravam pela multidão sobressaindo ao barulho dos fogos de artifícios. Neste momento um tiro ecoou no ar, assustando a todos, inclusive o grupo presentem sobre o palco, sendo retirados imediatamente em busca de uma saída.

Repentinamente corri para a parte interna do palco no intuito tão somente de encontrar Anahí, protege-la. Distante ouvia-se gritos pela praça. Percorri um caminho escuro onde se ouvia apenas vozes gritando a saída imediata, comandando o resgaste do Governador quando de repente ouço tiros vindos de muito próximo onde estava, sinalizando que o tiro havia sido disparado ali.

Meu ímpeto foi de correr como se não houvesse amanhã, buscando no meio da penumbra qualquer sinal daquela a quem lhe havia depositado seu coração. A gritaria das mulheres correndo para a saída me confundia, buscando vestígios de Anahí. Imediatamente avistei o segurança ao qual anteriormente com uma arma em punho e mais assustadoramente rendendo um dos militares com a arma na cabeça. O mesmo gritava "Viva a revolução", com um disparo acertou em cheio a cabeça do refém, sem chances para defesa. No momento em que seguia o caminho avistei o brilho esverdeado daquele que seria o vestido de Anahí, a mesma havia surgido sozinha no corredor, correndo desesperadamente em direção à saída, olhando para trás como se estivesse sendo perseguida. Ela corria com se estivesse vindo em minha direção, porém tinha absoluta certeza de que não estava vendo-me, devido a aflição. Meu ímpeto fora de correr em sua direção, exclamando seu nome:

- Anahí! Corra, estou aqui! – Corri em sua direção.

No momento em que ela notou minha presença e o parecia ser um sorriso em sua face se transformou em um inferno.

- ANAHÍ!!! – soltei um grito quase que gutural ao ver um disparo vindo pelas costas, atingindo em cheio Anahí, jogando seu corpo em um ângulo mortificado. Corri o mais rápido que pode e a alcancei, a mancha vermelha em suas costas, a visão mais devastadora que tive em toda a minha vida. Lentamente vire-a sobre mim, deitando-a em meu colo, seu rosto desfalecido era de uma beleza angelical, aquela ao qual tudo o que sou se resume. Não haveria vida ao saber de um mundo onde ela não estivesse.

- Meu amor, acorde, por favor. Não me deixe! – sussurrei ao seu ouvido, acariciando seu rosto, lágrimas brotando de meus olhos. Um gemido chamou minha atenção e percebi que ela estava viva. Seu olhar era sofrido pela dor.

- Alfonso, é você mesmo? Não estou sonhando? – falou com a voz embargada.

- Claro que sou eu, estou aqui meu amor – sorri e uma lágrima escorreu por meus olhos.

- Que bom que voltou para me buscar, sabia que não iria me abandonar. Mas acho que demorou um pouco, acho que não poderei mais estar com você.

- Claro que vai, não diga isso. Você vai ficar bem.

- Só quero que saiba que te amo. Que te amei desde o momento em que te vi. Que você é o sonho que por alguns momentos pude desejar ter. – seus olhos estavam pesados, fechando lentamente.

- Por favor, não durma. Você vai sobreviver – beijei sua boca – Alguém me ajude! – Gritei para a escuridão.

- Acho que não poderei estar com você, mas antes tenho algo pra lhe contar – continuou Anahí, abrindo seus olhos com dificuldade.

- Não se canse. Logo virão para te ajudar.

- Só peço que não me abandone. Quero que saiba que você, que você...– seus olhos fecharam profundamente, me desesperando.

- Não! Por favor! – chorei abraçando profundamente o grande amor de minha vida.

Parece que a vida tem momentos que nos levam ao mais profundo abismo, de dor.

Mi Tormenta Favorita - Anahi e Alfonso. #PonnyOnde histórias criam vida. Descubra agora