Anahí
A angustia pela ausência de informações atormentava minha mente e preocupava meu coração ao ponto de me tornar alguém inerte no meio de uma tempestade, presente apenas em corpo, com o pensamento vagando muito distante. Os únicos momentos em que me permitia concentrar era com Valentina sempre tão ativa e amorosa.
- Com licença – aproximou-se Marcela do jardim e que estávamos eu e Valentina brincando.
Ao vê-la, Valentina correu ao seu encontro gritando animadamente e atirando-se aos braços de Marcela.
- Tia Marcela!! Estava com tantas saudades de você! – exclamou, apertando o abraço em volta do pescoço.
- Mas nos vemos não tem nem duas horas minha abelhinha – falou com voz doce, beijando-lhe a testa.
- Pra mim nunca é suficiente! Mamãe e você são minhas princesas, preciso estar sempre por perto. – engasgou com tantas palavras, me fazendo gargalhar imediatamente. – Não seja assim Valentina, você sabe que sua tia Marcela não pode estar sempre ao seu dispor.
- Mas eu quero! Vou pedir ao papai que a guarde em um potinho! – todas nós rimos da brincadeira.
- Agora vá brincar – pedi, para que pudesse conversar mais tranquilamente com Marcela – Então? Conseguiu alguma informação acerca do grupo? Onde estão?- questionei aflita.
- Tenha calma, não me metralhe com tantas perguntas que são impossíveis de ser respondidas, já lhe disse que meu primo não conseguiu encontrar o paradeiro do acampamento. Parece que eles estão se deslocando pelo interior, está difícil localizar.
- Por favor, precisamos avisar o mais rápido possível. Velasco continua investindo na captura de todos os rebeldes.
- Tenta fé, tudo vai dar certo!
Pela tarde enquanto Velasco conversava com agentes pelo telefone da sala, permaneci no ambiente fingindo estar distraída assistindo televisão enquanto Valentina dormia sobre meu corpo. No meio da conversa notei o tom de sua voz alterar-se à medida que a conversa tomava cursos do desagrado dele. De repente o noticiário anuncia novos ataques, alertando-me novamente para o perigo em que estávamos correndo, sobretudo pela proximidade com as festividades da Independência. Tenho certeza de que o dia será intenso e conflituoso. E Velasco também sabia, por isso começou a arquitetar a captura dos rebeldes. Mas pra mim não eram rebeldes apenas, eram pessoas humildes, honestas e o principal. Era Alfonso.
16 de Setembro– Independência do México.
Os maquiadores chegaram para que eu fosse preparada para o grande evento, o primeiro ato de meu estimável esposo como Governador de Chiapas. Todos estavam eufóricos, com exceção de mim. A palidez de meu rosto contrastava com a intensidade da cor de meu vestido, incrivelmente verde, que realçava meus olhos tristes e distantes. Era como olhar para uma desconhecida dentro de mim mesma, uma máscara que esconde minha dor.
Ao anoitecer fomos deslocados para a praça escoltados por dezenas de seguranças do mais alto escalão, mas também pudera mediante as ameaças extremistas toda a proteção era inevitável, por este motivo decidimos deixar Valentina em casa sob a vigilância constante de seguranças.
No caminho Velasco permaneceu distante, sempre conversando com seus assessores sobre a quantidade de presentes, questões políticas, mantendo-me deslocada no meio de estranhos. Desde meu regresso ele se manteve ausente, sempre muito ocupado, até mesmo para Valentina, buscando engrandecer sua imagem como um governador ativo e que pensa na população sob o discurso de segurança e combate aos rebeldes. Mal sabe ele que pelas ruas o que se nota é o desagrado em relação a sua postura, protegendo de forma secreta os grupos extremistas. O papel de primeira dama me faz conhecer realidades tão desiguais que martelam em minha cabeça, qual será o futuro daquele povo, e neste aspecto conseguia entender a postura de Alfonso sobre tais assuntos, sendo ele sempre tão questionador e firme em suas ideias de mudanças. Um homem aventureiro e determinado. Tais pensamentos me roubaram um sorriso e agarrei com força o medalhão em minhas mãos já que fui proibida de usar pela simplicidade do objeto que destoava com o luxo do vestido. Definitivamente algo extremamente exagerado, que ostentava além do necessário, fonte de críticas pela situação crítica do povo chiapaneco em contraposição aos gastos midiáticos do governo. Não concordava, mas era obrigada a seguir pela imagem e postura da senhora Velasco. Mas meu coração pedia a gritos uma saída.
Chegamos ao local e os seguranças cercaram o caminho nos direcionando automaticamente para o salão onde começaria a cerimônia de passagem da bandeira para Manuel e minha companhia ilustrativa de esposa devotada e fiel. Os fogos anunciavam o início da festa, lentamente soldados aproximavam-se com o estandarte e a bandeira mexicana, seguindo todos os protocolos, mantive-me afastada, porém junto ao meu esposo, caminhando com a mão posta sobre o busto em sinal de respeito a nação. Após a passagem da bandeira, Velasco caminhou em passos firmes para o palanque que aplaudia a entrada triunfal do símbolo maior de nossa nacionalidade. As câmeras nos cercávamos obrigando-me a permanecer com o sorriso nos lábios, um sorriso forçado e sem jeito, apenas por conveniência. Permaneci ao seu lado enquanto gritava palavras de ordem, evocando nossos heróis nacionais.
Minhas palavras era ditas de forma automática, sem qualquer emoção, pois minha mente e meu olhar buscavam no meio da multidão por algum sinal de que ele estivesse ali, olhando-me.
Mas creio que isto seria impossível.
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Mi Tormenta Favorita - Anahi e Alfonso. #Ponny
RomanceSINOPSE! Anahi tem uma vida que para todos é um sonho, um casamento prestigiado com um dos homens mais importantes do México, mas em seu interior algo lhe falta. Contudo o destino cuidará e a sua vida pacífica converte-se em uma tormenta de amor, qu...