Capítulo Um

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 — Olivia? Acorda!

Abro os olhos meio assustada, meu coração está disparado e minha respiração está ofegante.

— Olivia, meu amor. Você está bem? — Megan perguntou.

— É... estou, só foi um pesadelo. — Respondo, sentando na cama.

— Anda tendo pesadelos há uma semana, o que está havendo?

— É que, naquele dia em que levei a Liz para brincar no parquinho, eu...

— Você...?

— Eu encontrei a Alice... — Respondi, de cabeça baixa.

— Alice? — Pergunta Megan, com um tom de voz arrogante.

— Sim!

— Essa garota é uma pedra no seu sapato. Eu não a quero em nossas vidas, Liv. Não quero.

Me levanto e vou para o banheiro. Megan então se levanta e vem repetindo a mesma coisa atrás de mim:

— Meu amor, esquece isso e me deixa tomar meu banho em paz? — Pergunto, após dar um beijo em seu rosto pálido.

— Tudo bem... — Ela respondeu. — Te amo.

— Eu também te amo. — Gritei.

Mesmo ouvindo dela um "eu te amo" sei que a reciprocidade da minha parte não vai ser o suficiente para ela esquecer essa história toda da Alice. Eu sei que não!
Após o banho vou até o meu quarto para escolher uma roupa qualquer. Megan estava morando comigo então tínhamos que dividir o guarda-roupas (ele é um pouco grande) e seria um desperdício de espaço se eu usasse ele sozinha.
Arrumo-me rapidamente e desço para comer algumas torradas. Megan está sentada sozinha, tomando um gole de chá:

— Bryan já passou aqui para levar a Liz para a creche? — Pergunto, enquanto passo a geleia na minha torrada.

— Já sim! — Responde Megan, meio seca.

Eu e Megan acabamos de nos arrumar. Ela está claramente brava comigo, de sua boca não sai uma palavra sequer. Abro a porta e ela passa por mim rapidamente, sem me olhar. Ao mesmo tempo, em que em seu rosto não há expressão alguma, eu posso sentir a raiva carregada em seu olhar. A situação me deixa um tanto desconfortável, mas tento me animar.

Estamos indo para a minha livraria, afinal. Sim, minha livraria! Repetir isso na minha cabeça me traz felicidade e certa euforia. Por muito tempo eu quis isso (não que as pessoas soubessem, pois, despertei esse gosto por livros quando conheci Megan) e agora me sinto realizada.

Mais uma vez abro a porta para Megan, mas dessa vez a do elevador. Entramos no carro, em silêncio, e eu começo a dirigir. Tento me concentrar nas ruas e no dia, que está muito bonito. O sol brilha, o céu está azul e há uma brisa leve que acaricia todos que estão em seu caminho. Animo-me cada vez mais, a medida que vamos chegando perto de nosso destino, a livraria Rowling Story. Passo por mais algumas ruas, até finalmente conseguir vê-la. Estacionei em frente ao lugar, saímos do carro e eu a olhei por alguns instantes.

O letreiro me encanta. As letras são de um azul-turquesa mais escura, se destacando do resto da fachada, que é alguns tons mais claro. O formato das letras é simples, porém elegante. Logo abaixo, há uma grande porta de vidro, por onde se pode ver a 'vitrine' com os livros em destaque nas últimas semanas. Rapidamente, alcanço as chaves no meu bolso e abro a porta. A seguro para Megan e nós duas entramos. Ela se dirige ao caixa, ainda sem dizer uma sequer palavra, enquanto eu acendo as luzes.

Observo o chão de azulejo, completamente branco. As paredes são de um rosa um pouco mais escuro e forte. O teto é do mesmo tom de azul turquesa que o da fachada do recinto. Vejo se as prateleiras estão propriamente organizadas, assim como os livros em seus determinados assuntos e faixa etária.

Quando vejo que tudo parece estar em seu devido lugar, viro a placa pendurada na porta de modo que ela indique para os que passam na rua que a livraria está aberta. Fico no caixa com a Megan, mas todas as minhas tentativas de contato são brutalmente barradas. Alguns entram para olhar, outros parecem estar determinados a comprar um livro, e assim o fazem. Nós os atendemos bem, com sorrisos e simpatia, como se nada tivesse acontecido.

Após cerca de uma hora de movimento não muito grande alguém esbarra em uma das prateleiras e os livros caem. Vou rapidamente pega-los até que ouço uma voz familiar vinda de trás de mim:

— Então é aqui que você está trabalhando?

Levanto-me com alguns livros no colo e olho:

— Emma? O que faz aqui? — Pergunto espantada.

— Vim para tratar de alguns assuntos. Você tem um minuto? — Pergunta Emma, meio cabisbaixa.

— Claro! Vamos tomar um café e você me conta o que está acontecendo, ok?

Vou caminhando ao seu lado até umas mesas ao fundo da livraria. Sirvo à Emma um café expresso e sento junto a ela:

— E então? — Questionei, meio preocupada.

— Olivia, eu estou certa que Rebeca não nos contou toda a verdade sobre a sua morte... bem... teve todo um porquê.

— Como assim? — Perguntei, sem entender nada.

— Rebeca sabia de tudo o que iria acontecer com ela... e o motivo é o pai da Liz.

Olho espantada, sinto meu corpo todo se arrepiar e uma sensação ruim logo vem em meu coração:

— Quem é o pai da Liz?

(...)

Only Wolf 2 - Reviver ( Obra sendo reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora