Capítulo VIII: Hierarquia do sangue

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Lexa

Os dias para o nosso aniversário se adiantavam cada vez mais, e de um lado isso era uma ótima distração. De outro era um péssimo lembrete que nosso pai tinha faltado ao baile de natal, e que talvez não se lembrasse de nosso aniversário. A mais provável.

Tentei focar então na paixão não correspondida de Sébastien por Amora.

Nos últimos dois dias, tentei bombardeá-la, da forma mais discreta possível, com perguntas sobre Sébastien, mas Amora estava tão acostumada a me ignorar quando queria que suas respostas eram tão vagas que não passavam praticamente emoção alguma para mim, seria preciso algo mais direto.

Algo que a forçasse a sentir sem poder se esconder por baixo de outras emoções. O que também me fez perceber que se ela começou a sentir algo, o único motivo para que eu ainda não tenha percebido é que a própria não percebeu.

Ela não teria capacidade de confundir meu dom, não como Killian fazia, Amora estaria presa a sentir ainda mais suas emoções depois que começasse a entendê-las e eu captaria rapidamente.

Aproveitando que ela e Sébastien iriam estudar novamente, eu iria me engatinhar pela biblioteca e tentaria sentir algo mais revelador. Mesmo contras as ordens expressas de Sébastien, o que eu estava claramente ignorando.

Mas algo na minha natureza me fazia demasiadamente intrometida, e eu não conseguiria ficar fora mesmo se quisesse. Mas Sébastien estava começando a mostrar atitude, então um empurrãozinho sem que ele saiba não iria realmente fazer mal.

Contudo para meu plano dar certo eu teria que ficar de boca calada, pois Sam iria respeitar a decisão de seu amigo, mas se ele não souber não poderá me impedir ou alertar o Sébastien. Então nem mesmo Roman poderia saber. Era hora de ser como uma dama, quieta, educada, virtuosa e vingativamente silenciosa.

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Esperei Amora ir para biblioteca, sem nem mesmo perguntar para aonde estava indo. Tentando ao máximo parecer despreocupada com a sua vida particular, como sempre fiz.

Alguns minutos depois, era hora de começar.

Pedi para porta que me deixasse perto de Amora e Sébastien de um jeito que ambos não pudessem me notar, e torci para que desse certo. Discrição seria o essencial agora.

A porta se desfez e eu atravessei. Consegui ver as pontas negras do cabelo de Sébastien passando pela estante ao meu lado, então me abaixei de forma que ninguém pudesse me ver, eu podia ser baixa, mas não iria contar com a sorte agora.

– Acho que achei.

Sébastien comentou, seu nervosismo era facilmente sentido.

Era hora de ler Amora.

Ela caminhou devagar com seus pés pequenos e passos leves, e era a primeira vez que percebia isso. Ela era estranhamente coordenada. Pelo pouco que sabia ela tinha treinado balé e ginastica artística por anos, eu tinha tentado ambas. F-R-A-C-A-S-S-O!

– Qual é o título?

Perguntou ela a ele.

– Classes dos demônios e hierarquia do purgatório.

– Perfeito.

Alegria. Conforto.

Maldição, pensei.

Bruxos&Demônios, vol. II - Legado&SinaOnde histórias criam vida. Descubra agora