Capítulo XXXV: Sentimentos nunca ditos

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Samuel

Acordei sem saber o que fazer como em todos os dias desde aquela tarde. Com um aperto tão estranho no coração que era quase letal, se eu não soubesse que era impossível para mim morrer de coração partido.

Mas era minha culpa, eu não sabia como consertar as minhas falhas.

Bash havia conversado com Killian e ele tinha se aberto com ele, mas eu ainda desconhecia o teor daquela conversa, aparentemente, Bash havia achado melhor que Killian viesse a mim e expusesse ele mesmo tudo aquilo. Mas como isso iria acontecer se ele nem queria sair do quarto ou olhar na minha cara?

E não poderia haver época pior para essa distância entre nós do que esse mês, tão perto do aniversário dele.

– Quase dá para sentir sua tristeza no ar, sabe...

Sébastien acrescentou se deitando de costas para mim na sua cama.

– Desculpa, não quis acordar você com meus murmúrios.

– Sem problemas, mas é você ou a temperatura caiu?

Até então eu não tinha notado, mas Bash tinha razão estava realmente mais frio que o normal.

Levantei e pus minha cabeça na direção da janela entre as camas e vi, a chuva tomando conta de tudo fora da Casa do Leão.

– Voltou a chover.

Disse, como se a última chuva tivesse sido há poucos dias, em vez de meses.

– Lexa vai pirar, não que ela já não esteja.

Bash comentou.

– Como assim?

Algo estava perdido nessas informações.

– Ela não te contou? – perguntou, fiz que não com a cabeça – Amora me disse que as duas, junto de Roman, esbarram com o Tate e o espírito da Cecilly no bosque, e que eles contaram ao Tate sobre o que aconteceu naquela noite no baile. E Cecilly enfatizou que o mau que eles diziam antes ainda estava aqui, como bem sabemos.

– Perfeito. Fantasmas novamente. Tudo que precisávamos.

– Aparentemente o que Pippa fez na outra vez os afastou de alguma forma, mas ainda há muitos outros, mas não acabou ainda. Há outra coisa. Tate e Cecilly estão tendo um caso romântico entre planos.

– Tate? O mesmo Tate que parecia ser incapaz de sentir emoções humanas normais como todo mundo, esse Tate?

– É, esse Tate. Mas não sei exatamente como funciona. Como necropata ele pode vê-los e ouvi-los, mas interagir com eles é um outro nível, completamente diferente. Mas nossos poderes evoluíram muito desde que chegamos, os deles como dos outros alunos devem ter evoluído também.

– Não posso e nem tenho como me preocupar com isso agora, nada na minha cabeça funciona ao menos que tenha a ver com o Killian.

– Sam...

Sébastien tentou dizer, mas eu já estava fora do quarto, no corredor, a frente da sua porta batendo, batendo e batendo, como se eu tivesse algum direito de exigir um momento para falar.

A porta se desfez com Roman parado a minha frente, me sentindo ali da mesma forma que eu o sentia.

Entrei sem nem mesmo falar com o Roman, mas ele não estava lá. Sua cama estava já arrumada, sem vestígios do seu dono.

Bruxos&Demônios, vol. II - Legado&SinaOnde histórias criam vida. Descubra agora