Capítulo XXIV: Confuso sentimento

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Lexa

– Você está calado hoje.

Disse a Roman enquanto jogava meu cabelo para trás.

– É meio difícil falar quando você está abusando da minha boca a mais de uma hora e meia.

Comentou com um sorriso safado no rosto.

Não tive como refrear o meu próprio sorriso, e principalmente a respiração ofegante.

Ele estava certo, estávamos ali a quase duas horas e eu não havia dado tempo para ele me dizer qualquer coisa, mas independente de tudo, eu ainda sentia e sabia.

– Você está calmo, não de um jeito bom.

– Só distraído, não precisa se preocupar.

Disse se levantando comigo ainda em seu colo, me segurando pelas coxas, sem demonstrar nenhuma dificuldade com seus braços largos, gostava daquela sensação de segurança ao estar colada ao corpo dele então o beijei mais uma vez, cravando minhas unhas na parte de trás dos seus ombros, tomando cuidado para que pudesse ficar escondidas pelo uniforme na manhã seguinte.

Roman tentou conter um gemido abafado que escapou por entre seus dentes cerrados enquanto eu tirava uma breve pausa para respirar e por fim me libertei do seu corpo e fiquei em pé, tentando pegar algum ar. Principalmente um que me resfriasse desse calor.

– Está quente aqui.

Comentei, e ele riu. Dessa vez com aquele sorriso largo e ingênuo.

Uma brisa fresca soprou logo depois enquanto seus olhos faiscavam.

– Por que não costumava fazer isso sempre?

Perguntei me virando de costas e encarando as estrelas em um céu limpo, também trabalho dele.

– Fazer o que?

– Mudar o clima. Usar seu dom. Fazer a sua própria estação.

– É perigoso.

Respondeu ele arrumando a camisa por cima da calça, disfarçando algo que não dava mais para esconder.

– É só vento e chuva, não pode ser tão perigoso.

Ironizei.

– Claro que pode. Mexer no clima não requer só concentração constante, mas também requer risco. Se eu fizer chover em um momento posso estar afetando sem querer a condição climática de outro lugar. Posso até está mudando a rota de algum animal por causa da súbita mudança climática. Posso atrapalhar um bando de aves ou confundir insetos, um leve desequilíbrio na natureza pode desencadear um turbilhão de acontecimentos.

– Como o bater de asas de uma borboleta pode se tornar um furacão naquela teoria maluca?

Perguntei tentando compreender.

– Exato. Controlar o fogo, curar, criar ilusões ou manipular emoções é algo que pode ser específico. Centrado em um ponto, meu dom é mais expansivo e por isso mais arriscado. Fora que manter meus pensamentos em algo como fazer chover por horas é exaustivo e absurdamente entediante. Uma brisa, é fácil, requer menos concentração, mas uma ação real e construtiva é diferente.

– Okay, desculpa.

Disse acariciando seu rosto.

Sua mão desceu até as minhas coxas, fazendo um arrepio atravessar o outro lado do meu corpo, mas refreei o estímulo de tremer.

Bruxos&Demônios, vol. II - Legado&SinaOnde histórias criam vida. Descubra agora