Capítulo XLII: Diante a todas as verdade

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Lexa

E nada mais era como um dia já foi, disse a voz na minha lembrança. A voz da minha mãe.

Ela me disse isso uma vez quando terminou de ler uma história para mim. Não era a Bela adormecida, a Branca de neve ou a Boneca de Piche, ela não lia contos de fadas, ela narrava suas próprias invenções e eu as adorava. Pois mesmo que eu não entendesse toda a sua doença, eu sabia que quando ela contava essas histórias, significava que ela estava bem. Ou pelo menos, melhor do que nos outros dias, quando a depressão e todo resto era pesado demais.

Recordo de me lembrar dessas mesmas palavras quando a enfermeira do meu segundo internato me disse que eu havia me tornado moça naquele dia, um jeito bem idiota de dizer que eu tive uma primeira menstruação. Recordo também de me lembrar dessas palavras quando nossa magia acendeu, anos antes, e agora eu me recordo de novo. Mas dessa vez nunca fez tanto sentindo.

Porque agora não éramos só um círculo. Éramos mais, e principalmente tínhamos algo que nos diferenciava de tudo correndo em nossas veias, mesmo que não soubéssemos como aquilo realmente funcionava.

Assim que os fantasmas absorveram a maior parte da energia que vazava do selo rompido, Sébastien correu para salvar Tate e ele quase não conseguiu curá-lo, se não fosse o aumento da sua força graça a nós. Tate tinha cortado sua barriga de uma forma tão descontrolada em busca de aumentar o fluxo de sangue para o feitiço que parecia quase suicídio.

Cecilly estava lá, e ela sorriu para mim e eu sorri de volta. Acho que ela o ajudou a sobreviver ao feitiço, pois o que ele tinha feito parecia insanidade demais para ter dado certo.

Depois disso Sébastien usou seu dom para curar os outros, somente o suficiente para acordá-los e para fazer Skandar andar. Killian e Roman pegaram o corpo de Jawantz e o levaram para a caminhonete e nós ajudamos os outros. Sam encontrou Rex caído na portaria destruída da igreja, com os primeiros raios de sol o banhando.

Rex parecia bem, fora o fato de estar desmaiado. Então não o acordamos até chegarmos à academia.

Tudo estava normal quando chegamos lá.

Havia toda uma multidão na porta, onde todos nos esperavam, primeiro para nos saudar e segundo para ter certeza de quem realmente tínhamos voltado.

Birdy chorou ao ver Skandar correndo para os braços dela.

Ninguém ficou muito triste ou emocionado por nos ver exatamente, por que também quem nos importava estava aqui no meio do grupo que voltava. Porém, houve um choro que eu não queria ver, quando todos pararam para perguntar onde o Jawantz estava e nós só podíamos apontar para caminhonete.

A diretora abraçou o Killian e Samuel já que ambos não se desgrudavam. O senhor Siegfried foi direto a Sébastien e Amora, pousando sua mão caridosa em seus rostos, as professoras MiMi e Moraes foram atrás dos outros alunos com um olhar de preocupação que era de dar pena e o senhor Garrett simplesmente acenou para mim e Roman, com um sorriso que eu nunca vi. Era de gratidão. Eu estranhei, mas era melhor do que um abraço dele.

Depois disso, fomos separados e postos em quartos na enfermaria, e ficamos assim por um tempo.

– Você é bem bonito.

Disse ao enfermeiro McHale enquanto ele terminava de me analisar.

– Obrigado, eu acho.

Respondeu ele tirando as luvas de látex.

– Eu namoraria você se não estive com o Roman.

Bruxos&Demônios, vol. II - Legado&SinaOnde histórias criam vida. Descubra agora