Capítulo XXVI: Sobre a natureza de nós mesmos

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Lexa

Acordei sentindo todos meus músculos ardendo e se retraindo. Minhas pernas pareciam reclamar mentalmente com as outras partes do meu corpo, e eu poderia jurar que desloquei meu mindinho.

A louca sessão de treinamento havia acabado comigo e com todos os outros, mas não tocamos no assunto. Não porque era algo sensível, mas por que falar do assunto era também falar de todos os assuntos críticos que não queríamos falar.

Retirei o coberto de cima de mim com a telecinese, temendo não ser capaz de dar forças aos meus braços para isso, e voltei minha atenção para o teto iluminado. Sem nenhuma vontade de me levantar.

– Acorde Amora, acorde agora.

Disse com um movimento de mão que a jogou da cama para o chão, junto da gata maluca.

– Idiota...

Grunhiu baixo e logo depois foi o meu corpo sendo arrastado para fora da cama com a telecinese dela, eu ainda estava imóvel, agora com metade do meu corpo em cima do da Amora.

– Temos que levantar – disse ela mais desanimada do que já foi – No três.

– Talvez no quarto.

Sugeri desanimada.

– É, quem sabe cinco.

– Cinco, está bom para mim.

Acrescentei.

– Então é nos seis.

Disse Amora por fim.

//

Terminei de arrumar o meu cabelo no mesmo instante que Birdy entrou no banheiro, então sorri automaticamente para ela.

Birdy não era minha pessoa preferida, mas era meiga e gentil sempre e com todos, e fora o fato que ela poderia se mostrar um pouco indefesa demais, era uma garota fácil de não desgostar. Mas havia uma luz nova nela. Quase literalmente.

– Bom dia.

Disse ela com seu sotaque britânico que eu estava tão acostumada.

– Então você vai me contar ou eu vou ter que arrancar de você a base de tortura?

Disse fazendo o rosto de Birdy, incrivelmente pálido, corar da forma mais intensa que eu já vi.

– O-o q-que v-você e-esta f-falando?

Perguntou gaguejando.

– Dessa coisa ao redor de você – comentei a deixando mais confusa – Que eu presumo ser por causa de alguém com certo nome hebraico.

Disse por fim, a informação no final tinha sido dada a mim por Sébastien, já que Skandar era uma variante de Alexander, ou algo próximo disso. Era bastante comum que bruxo tivessem nomes de nacionalidades diferentes dos países que nasciam, exatamente por muitas vezes seus pais serem de países diferentes. Como o pai de Skandar que era russo e sua mãe israelita.

– Ah... Er... Hmm...

– Okay Birdy, eu não vi nada. Eu não sei de nada.

Respondi sorrindo e saindo do banheiro, verificando as unhas das mãos e a falta de um bom esmalte em todas.

Como era quinta feira tínhamos aulas de Artes Especializadas logo cedo depois do café da manhã, então resolvi por meu uniforme logo. E aproveitar o tempo para ficar paralisada em algum lugar sem me mexer para dar algum descanso aos meus músculos doloridos.

Bruxos&Demônios, vol. II - Legado&SinaOnde histórias criam vida. Descubra agora