III- A Escola

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Hoje vou pela primeira vez conhecer a minha turma dentro de uma sala de aula. Aposto que o comportamento é 1000 vezes diferente do que quando o diretor abriu a porta de repente  e gritou, tão alto que o pavilhão B podia ouvir, que a turma ia ter uma aluna nova e que ela se ia apresentar e passar a frequentar as aulas a partir da próxima segunda feira. Só espero que não seja muito mau. É Línguas e História. Não pode ser assim tão mau!
Ao chegar à escola a primeira coisa que vi, infelizmente, foram os grupinhos de diferentes estilos de alunos em frente ao parque de estacionamento. Até me dá arrepios os grupos e a maldade com que alguns deles tratam os que acham serem inferiores como os desportistas obrigarem os nerds de ciências a fazerem-lhes os projetos para apresentar nas aulas. Mas pronto. Que ei-de eu fazer?!? Posso ter a capacidade de controlar a água mas não é como se eu pudesse simplesmente molhar as pessoas sempre que se "portam mal" e chamá-las de cão feio. Se pudesse, por esta altura já o tinha feito. A minha primeira aula é de Filosofia. Não é que não goste, mas questionar-me sobre a maneira de pensar de um filósofo qualquer que não entende certas coisas para além da sua capacidade cerebral, não é algo que me entretenha. Principalmente quando eles vêm com umas teorias estranhas para explicar certas coisas. E aqueles filósofos estranhos que tentam explicar a origem do Diabo e de Deus? Começam lá com aquela história sobre os anjos e sobre Deus ser muito poderoso e coisas dessas. De onde acham que é a origem disso?!? Angeli e Deminius. E foi por invenções dessas que o Deminius se revoltou cada vez mais. Às vezes tenho pena. Também não é como se Deminius tivesse escolhido nascer fraco e mau. Estava-lhe no sangue. Os Humanos são facilmente influenciados pelos Angeli e pelos Deminius mesmo que não saibam que existimos. Criaram cultos aos nossos antepassados e alguns até criaram cultos a nós, os serem a quem elses chamam de bruxos e de mágicos. Os Humanos têm cá uma imaginação fértil!
A minha escola é bastante grande. As salas são simpáticas. Ainda não tive aulas por isso não posso dizer nada acerca das professoras.
A campainha toca e sinto-me meio perdida no meio de tanta gente. Multidões furiosas a correrem em direção das salas. Nunca antes tinha visto pessoas tão preocupadas com as aulas. Credo Angeli Pai. Caso não tenham percebido é como nós dizemos Credo Deus Pai. Entrei na sala após ter dado algumas voltas sem saber onde era. Sentei-me a meio da sala na fila mais perto da porta. À minha volta um monte de alminhas sonolentas fingiam prestar atenção à aula. Olhei para a turma e reparei que numas pessoas interessantes que prestavam mesmo atenção. Havia uma rapariga ruiva, alta, com rímel até às pontas dos cabelos e um top às riscas. Parecia-se mais com uma caixa de maquilhagem vestida de zebra do que uma rapariga. No fundo da sala, um rapaz alto, de cabelo castanho e,  óculos de sol?!?!, camisa-casaco e calças de ganga. Parecia estar a dormir. Interessante e rebelde. Não é todos os dias que se vê isso. O professor fez a chamada. Anne, uma rapariga baixinha com óculos enormes e cabelo encaracolado loiro, foi a primeira da lista. Uma rapariga cor de café com leite, chamada Sophie, com cabelo pelos ombros liso e escuro como o carvão, sorriu-me quando a professora, após dizer o meu nome, disse que eu era a rapariga nova. Como se eles não notassem... Como a rapariga se mudou muito rapidamente para ao pé de mim e me começou a encher de perguntas, nem ouvi o nome das outras pessoas. Acho que a lista nem está por ordem alfabética. Que desorganização! Mas fiquei curiosa sobre o nome do rapaz rebelde.
À hora de almoço, Sophie arrastou-me por todo o lado e apresentou-me a toda a gente. Não me lembro do nome de ninguém. Assim que cheguei a casa refastelei-me no sofá a ver televisão. Começou a dar um filme de comédia. É melhor aproveitar. Amanhã as aulas começam com Matemática...

Romance Proibido - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora