10- A Casa Parte 2

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Coitado. Levantei-me ligeiramente e pousei as mãos no chão frio e duro. Olhei-o nos olhos fechados e o meu cabelo caído separava as nossas caras do resto da casa. Soltou uma das mãos das minhas costas e levou à cabeça. 

-Estás bem?- perguntou. Claro que estou bem, pensei. Caí e tu amparaste-me a queda, pensei. Queria ser egoísta e dizer isso mas as palavras não me saíam da boca para fora. Equilibrei-me numa só mão o melhor que pude e levei a outra à cabeça dele.

-Estás bem?- perguntei preocupada.- Estás bem Adam?- queria uma resposta rápida. Uma resposta que me fizesse sentir melhor por ter caído em cima dele. Ele abriu um olho, reparou na minha expressão de preocupada e respirou fundo.- Vou à cozinha buscar gelo espera só um bocadinho.- Virei-me por meio segundo e estava quase a levantar-me quando me sinto a ser puxada para baixo, contra ele. Largou a cabeça dele e agarrou-me novamente, puxando-me contra ele. Estávamos deitados no chão, eu tinha a cabeça perto do coração dele, um pouco mais acima e as suas mãos nas minhas costas.

-Estou bem Mel. Não te preocupes. - disse ele num tom tão calmo que juro que parecia estar a embalar um bebé.

-Mas e a tua cabeça?- Perguntei.

-Eu faço artes marciais. Estou habituado a cair. Não é isto que me vai magoar!- E riu um pouco. Eu não estava convencida. O meu coração devia estar acelerado ou assim porque o Adam inspirou fundo e repetiu:

-Estou bem. Podes confiar em mim.- e apertou-me mais contra ele. Ele está tão quente. Será que tem febre? A casa também está quente. Não consigo sentir muito as partículas de água cá em casa. Está tão seco. Ele pode estar quente mas foi a mim que as palavras atingiram e foi o meu coração que pareceu derreter naquele momento.

-Ainda bem.-respondi. Por algum motivo deixámos-nos estar naquela posição constrangedora por uns cinco minutos mais antes de nos movermos.

- Menino Adam!- Gritou uma senhora, vestida de preto com um avental branco e cabelo grisalho apanhado num pompom, no cimo da cabeça, do cimo das escadas.- Não se podem abraçar de pé? Aí no final das escadas interrompem quem tenta passar!- havia uma pontinha de zanga na sua voz.

-Calma Miss Potter. Ela escorregou da escada e caiu em cima de mim. Não nos estávamos a abraçar deitados no chão só porque sim.

-Ai menino Adam. - afligiu-se a senhora- O menino está bem? - disse ela correndo escada abaixo-Está ferido? E a menina?- perguntou ela enquanto me ajudava a levantar. Quando me levantei senti-me um pouco zonza- Está um pouco pálida a menina.

-Eu estou bem obrigada. O Adam bateu com a cabeça no chão. E está muito quente, talvez tenha febre. Tem um pouquinho de gelo para a cabeça dele?- perguntei eu apontando para a cabeça dele. O Adam fez um olhar de "isso era desnecessário". Não me interessa neste momento.

-Ai menino Adam, venha venha- disse ela enquanto o puxava para a cozinha.

Era enorme. Depois de se entrar, parecia a cozinha de uma cantina ou de um hotel. A cozinha de um hotel adequa-se mais, creio eu. Ao fundo da divisão, uma bancada com alguns bancos super confortáveis. Sentei-me no da ponta e Adam sentou-se ao meu lado. A senhora fez questão disso, porque será? Adiante. Foi ao congelador e remexeu durante um bom bocado, de rabo para cima, até encontrar o que queria. Pôs um pano vermelho em volta do gelo e, sem pensar duas vezes atirou-o a Adam.

-Ponha na cabeça. Não me interessa se diz que está bem ou não. Com a cabeça não se brinca menino. - ralhou ela enquanto agitava as mãos no ar e apontava para a cabeça.

-Está bem, está bem eu ponho.-disse ele a Miss Potter.- Obrigadinha Mel...-disse ele num tom super irónico. Com que permissão é que ele me está a chamar Mel? A cara dele passou a estar um pouco mais rígida- Estás bem Mel? Estás super pálida. Precisas de alguma coisa?

-É que está muito calor aqui. Não sentes? Se calhar sou só eu... podia-me dar um copo de água com gelo por favor?- pedi eu a Miss Potter.- Sabes, a minha família bebe muita água e não conseguimos aguentar estar em lugares muito quentes...-disse eu enquanto bebia um gole. De repente a minha visão ficou turva. Ele notou.

-Mel? - e abanou-me.

-Uhmm, sim estou bem.- disse. Mas não estava. Cada vez menos conseguia distinguir as coisas.

-Qual é o teu apelido Mel? O teu nome de família?- perguntou ele, meio que preocupado, assim como Miss Potter.

-Mare - respondi, mesmo antes de cair no chão, inconsciente. E a última coisa que vi foram os olhos ardentes de Adam. Depois, ficou tudo preto. 


Romance Proibido - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora