33- Separação

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Corri até ele e ajoelhei-me ao seu lado, ficando com os joelhos cheios de sangue. Peguei no braço dele que continuava a escorrer sangue e encostei contra a minha camisola. Depois tirei a minha camisola fina de algodão e vesti o meu casaco. Rasguei-a com a adaga e envolvi o braço dele, fazendo pressão para o sangue parar de escorrer. Ele abriu os olhos, levou a outra mão ensanguentada à minha cara e sorriu. Depois apagou novamente.

_Chamem uma ambulância! Rápido! Livi!- gritei, começando a chorar. O mundo à minha volta parou e eu nem notei a altura em que os pais do Adam saíram dali ou o momento em que a minha mãe entrou. Existem hospitais privados para Não Humanos. São exclusivos e desconhecido do resto das pessoas. Dois sujeitos vestidos de branco sujo entraram com uma maca e levaram o Adam até uma carrinha daquelas com uma traseira enorme, branca. Do lado de fora parecia normal mas no lado de dentro era uma autêntica ambulância. Eu tentei entrar dentro da ambulância mas fui impedida. Logo a minha mãe me puxou para o pé dela. Eu estava cheia de sangue, desde a minha cara, ao meu casaco e às minhas calças. Estava também em estado de pânico e com muito medo.

_Vai ficar tudo bem.- abraçou-me, levou-me até ao hospital para onde o Adam estava a ser levado, depois de passarmos pela mercearia para comprar água. Quando chegámos ao hospital, a Miss Potter também lá estava, assim como a Olivia. Cheguei-me perto da Olivia e aninhei-me com ela no sofá na sala de espera pois não nos deixaram entrar.

_A senhora é uma das representantes de Angeli. Estava na cerimónia!- disse Miss Potter depois de olhar para ela.

_Sim, sou. Sou a mãe da Merlia. O meu nome é Rachel Angeli. Prazer.- respondeu ela, enquanto apertava a mão da Miss Potter.

Vi-as sentarem-se frente a frente nuns sofás perto de nós a falarem sobre a minha relação com Adam e sobre as razões que o levaram a ser um Aliud e onde é que eu entrava nessa história. Vi a minha mãe olhar-me várias vezes mas nem me importei com isso.

_Porque é que não nos deixaram entrar?- perguntei eu à Olivia.

_Porque ele teve de ir fazer uns exames, repor o sangue que perdeu e levar pontos no braço. O corte foi fundo em algumas zonas.- eu aconcheguei-me mais e só descansei quando apareceu o médico que disse que podíamos ir ver o Adam, umas 4 horas depois.

_Familiares de Adam Luminius?- perguntou ele enquanto segurava nuns papeis.

_Sim?- respondi eu enquanto me levantava.- Como é que ele está? Podemos ir vê-lo?

_ Ele está bem mas em repouso. Está acordado mas por pouco tempo. Demos-lhe uns medicamentos que fazem muita sonolência. Podem ir vê-lo mas agradecia que fizessem pouco barulho. - informou o médico, de uma forma desinteressada.

_Em que sala está? - perguntei eu nervosa.

_Na sala 213. - ele ia começar a falar novamente mas eu nem lhe dei hipótese e dirigi-me o mais rápido que pude para a esquerda.

_Obrigada! - e comecei a andar.

_Menina! - chamou o médico e eu olhei para ele. - A sala é para aquele lado! - e depois apontou para a direita. Dei-lhe um sorriso fraco e dirigi-me para a sala sem esperar pela Miss Potter, Olivia ou pela minha mãe.

Abri a porta devagar e a primeira coisa que vi foram os olhos dele. Irradiavam vida como nunca antes tinha visto, de uma cor tão azul como o céu num dia de verão. E a seguir foi o sorriso dele. Como podia ele sorrir tanto mesmo estando numa cama de hospital? Ouvi passos próximos no corredor e não olhei para trás. Aproximei-me do Adam e, sem pensar, beijei-o. Com alegria. Por ele estar ali, por ele ainda estar vivo (já disse que exagero em stress), por eu poder estar ali ao lado dele.

Romance Proibido - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora