4- O Lago

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As aulas correram melhor do que eu esperava. Em Matemática, fiquei ao lado de Sophie, ou a melhor dizer, ela ficou ao pé de mim porque eu estava na minha mesa descansada, pisco os olhos e de repente tenho a Sophie sentada ao meu lado com o caderno aberto e a sorrir-me como se nada fosse. Acho que já fiz uma amiga forçadamente. Mas ela parece-me simpática. Na aula seguinte, História, a professora deu realmente importância ao facto de eu ser nova e decidiu o meu lugar por mim. Fiquei a meio, ao lado de um rapaz chamado Damon. Ele é estranho mas muito inteligente. Respondeu a todas as perguntas do questionário sem sequer ler o texto. Mas que memória. Vim a saber mais tarde pela Sophie que ele tem memória fotográfica mas não é bom com desporto ou atividades físicas. A professora de Língua Portuguesa fez o mesmo. Estou ao lado de Anne. Não percebi bem alguns exercícios pois eram de um texto que eles estavam a estudar à algum tempo que eu nunca tinha ouvido falar. Deu-me o número de telemóvel dela, o mail, o nome de utilizador de umas 20 mil redes sociais e depois ofereceu-se para me dar explicações de Português até eu apanhar a matéria. Aceitei. Anne e Sophie são amigas e no grupo delas inclui-se ainda uma rapariga chamada Zoe que veio de Inglaterra e o namorado de Anne, o Peter, um rapaz com cerca de 1,70 e um penteado à surfista. Tem os olhos escuros e o cabelo claro. É bom a desporto mas não me parece lá muito inteligente. Continuo sem saber o nome do rapaz rebelde até porque mais nenhuma professora até agora fez a chamada. A rapariga ruiva com maquilhagem excessiva que erradia maldade chama-se Lucy Naturali. É uma de nós. Não me espanta. Assim que entrei senti uma atração estranha ao ver aquela rapariga. Adiante. No fim das aulas saí rápido o suficiente para não ter de ficar a falar muito tempo com o grupo. Fui a casa e larguei as minhas coisas. Saí. Novamente, apenas com a chave de casa e com o telemóvel e fones. Fui dar uma volta. A cidade não é grande. Mas para quem nunca lá esteve antes (eu) é fácil ficar perdido (eu). Ao tentar encontrar o caminho para casa, deparei-me com um magnifico lago. Não é muito grande mas tem o seu espírito. Neste lago havia nenúfares, peixes e uns patos. Rodeado de plantas e árvores altas e com ramos descaídos, flores e relva, tinha um cheiro único fantástico. Havia um pequeno pontão que ia estreitando até ao centro do lago e mesmo no centro do lago havia um coreto simples, pintado de castanho, com uns bancos no seu interior. Tinha uns vidros a toda a volta, o que não é comum. Ao lado do coreto, um pequeno barco a remos estava amarrado. Parecia que pouca gente conhecia este local por isso aproveitei. Apreciei até o sol se por. Memorizei o caminho para casa a partir do lago pois seria um local de sossego sempre que precisasse. Dava-me uma calma extrema aquela vista. Talvez seja do lago e de eu ser uma Mare. Talvez seja do local que tem esse efeito nas pessoas. Sei que vou regressar. No dia seguinte, depois das aulas, regressei lá. E no outro a seguir a esse e na semana que se passou. Tudo estava igual. Nada mudava. Parecia que o tempo estagnava ali. Depois das aulas, dirigi-me ao lago como sempre faço. No caminho cruzei-me com mais pessoas do que o normal. O lago continuava calmo e vazio. Apenas o velho que cuidava do jardim e uma senhora de meia idade que passeava o seu cachorro, eram "clientes habituais" do jardim. Entrei no coreto e fiquei espantada ao ver um livro. Olhei para trás para ver se havia alguém mas nada. Olhei em volta e de novo para trás. Pareceu-me ver uma sombra. Pode ter sido apenas uma árvore e, como não tenho a certeza, pego no livro. Tem uma dedicatória. "Para o Adam, com todo o meu amor porque não importa que sangue tens, serás sempre meu filho". Um Adam. Aproxima-se uma tempestade. Vou levar o livro para casa para não ficar molhado. Em casa penso melhor sobre o que fazer.


Romance Proibido - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora