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Com tanta coisa, acabei por não falar sobre o Jace. Precisava de perguntar se ele o conhecia, visto que ele também era um não humano. Presumo que seja Deminius pelo feitio dele. Mesmo que o Jace me tenha dito que não o conhece, pode ser que o Adam conheça o Jace de alguma maneira.
Quando estava no quarto, a preparar a mochila para o dia seguinte, ouvi batidas na janela e quando olhei, o Adam estava empoleirado em uns ramos, à pedir para entrar. Pseudo-corri até à janela e abri-a.

–Adam! O que é que estás a fazer aqui?

–Não falámos sobre o Jace. Achei que era importante saberes umas coisas...

–Entra.- disse-lhe eu dando-lhe espaço para passar.- Senta-te aí.

Ele puxou a cadeira da minha secretária e ficou de frente para a minha cama, onde eu me sentei de seguida.

–Adam. Que coisas importantes é que eu devo saber?

–Fazemos assim: tu perguntas-me o que ias perguntar antes de eu te dizer que tinhas que saber umas coisas importantes e se, no final, houver mais alguma coisa que eu ache importante tu saberes, eu conto-te.

–Tu és mesmo complicado mas está bem. Primeiro que tudo: ele disse que não te conhecia. Tu conhecias o Jace antes de ele vir para a nossa escola?

–Sim.- respondeu ele. Isso não pode ser bom.

–Sabias que ele era um Deminius?

–Sim.- ele respondia sempre sério e a olhar-me nos olhos.

–Como se conheceram e onde?

–Os pais dele eram amigos dos meus e nós costumávamos brincar todos juntos quando éramos pequenos.

–Todos juntos? Mas eu pensei que os Deminius não brincassem com os filhos. Era outra criança?- ele abanou a cabeça- Quem?

–A irmã dele. A gémea dele. -olhei-o muito sério. O Jace nunca me tinha falado nessa tal irmã- A Lucy.

O meu mundo parou naquele instante e eu deixei-me cair na cama, a olhar para o teto e a ver as coisas a finalmente fazerem sentido.

–Okay. Sabes porque é que ele se começou a dar comigo? Poderá ter sido para te provocar ou algo do género? Foi por causa da Lucy? - não é como se ele vá saber...

– Na verdade, posso ter uma ideia. Mas preciso que mantenhas isto em silêncio total. Se eles sabem que há uma fuga de informação, acontecem-me coisas muito más.- ele enfatizou o muito.

–Tens a certeza que queres contar-me?- perguntei. Será algo assim tão importante?

Ele olhou-me nos olhos muito sério, pareceu pensar durante um bocado e depois disse:

–Sim. Mas aqui não. As paredes têm ouvidos. Amanhã, no lago, às 4 da tarde. Trás os teus amigos Angeli. Vamos precisar deles. Chama a Liv e diz-lhe para trazer "Os idiotas". Ela vai saber quem são. Tentem ser discretos a ir para lá. Não queremos ser seguidos. Diz-lhe que "vamos por a conversa em ordem".

–Adam. Não estás a fazer sentido nenhum. Vamos por a conversa em ordem? Isso não tem sentido. Explica melhor por favor.- estava a ficar zangada com tantos segredos e enigmas.

De repente, o ambiente ficou quente. Porque ele se estava a esforçar para esconder algo, eu irritei-me. A água do copo e do aquário vazio (o meu peixinho morreu e ainda não esvaziei o aquário) começaram a movimentar-se e o tempo lá fora que já estava encoberto, fechou-se mais e começou a chover.

–Adam. Explica-me o que se está a passar.

–Amanhã. Hoje é perigoso!- disse ele, obviamente a esconder algo. Odeio isso.

Olhei para ele com um ar muito zangado e o tempo lá fora piorou. Ouviram-se trovões e viram-se relâmpagos. O quarto ficou mais quente. Um livro caiu da estante e tirou-me do meu transe de zanga. Olhei para ele mais calma e inspirei fundo. Bebi a água do copo, parou de chover e trovejar e fui por o livro na estante novamente. O quarto arrefeceu um bocado.

Ele foi até à janela, abriu-a e, momentos antes de saltar para o quarto dele, virou-se para mim e fez-me um movimento para eu me chegar perto dele. Cheguei-me, ele segurou a minha cara com ternura e olhou-me carinhoso nos olhos.

–Se o que eu sei está certo, tu corres perigo. Eu quero contar-te mas aqui não é seguro, e contar-te é perigoso. Mas se é a contar-te que eu te protejo, eu conto, independentemente das consequências. Porque eu jurei que te iria proteger sempre. -tenho quase a certeza de que os meus olhos se começaram a encher de lágrimas mas eu ignorei isso. Ele encostou as nossas testas e nós abraçamo-nos. Sem beijos, sem festas ternurentas, sem mexidas nos cabelos, sem nada. Apenas aquele abraço. E que abraço. Sentir o corpo dele junto ao meu novamente foi tudo o que eu pedi.

Ele foi para o quarto, eu mandei uma mensagem aos meus amigos a dizer para nos encontrar-mos em frente à minha casa por volta das 3:50 da tarde e eles responderam que podiam ir. Como o que eu precisava de dizer à Olivia era muito grande, não me apeteceu escrever uma mensagem e telefonei-lhe.

*Telefonema on*

-Estou?

-Liv. Sou eu. Lia. Mudei de número e esqueci-me de te dizer.

-Lia! Que saudades que eu tenho tuas!

-Vimo-nos hoje de manhã. E tivemos umas duas aulas juntas- ri-me.

-Pois foi. Então ao que devo o prazer deste telefonema?

-Estive aqui à pouquinho a falar com o Adam por causa do Jace e ele ficou todo stressado quando eu lhe perguntei se ele sabia porque é que ele se tinha aproximado de mim.

-Stressado como?

-Completamente misterioso e super secretivo. Acabou por não me dizer nada aqui. Ele acha que não é seguro.

-Uuuu! Mistério! Mas, por mais que eu adore mistério, o que é que eu tenho a ver com isso?

-Aí é que está. Mas ele pediu para eu te dizer o seguinte: Chama "Os idiotas" para "pormos a conversa em Ordem", amanhã à tarde, por volta das 4, no lago.

Um longo silêncio seguiu-se e o ambiente ficou pesado.

-Liv?

-Lia. Tens a certeza que ele disse isso?

-Absoluta! Ele enfatizou a parte dos idiotas e de por a conversa em ordem. Acho que ele se enganou na expressão.

-Não Lia. Ele está certo. Só não é um bom sinal.

-Pois. Pareceu-me. Mas a mensagem fica entregue.

-Sim. Está descansada. Beijinho e até amanhã.

-Até amanhã.

*Telefonema off*

Mas que raio será "por a conversa em Ordem" e quem raio são "Os Idiotas"? Odeio mistérios.

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Até à Próxima e muito obrigada por lerem! Se gostaram ponham gosto e comentem para eu saber o que estão a achar e o que querem/acham que vai acontecer.

Inês

Romance Proibido - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora