5- O Livro

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Cheguei a casa numa correria louca pois tinha começado a chover. Por sorte o livro não se molhou.
Entrei em casa e a Nana acolheu-me calorosamente. Está velhinha mas continua viva como a maré cheia. Até aos seus 18 anos, era uma Naturali. Temos sempre flores cá em casa, em todas as divisões. Está-lhe no sangue, creio eu. Os meus pais, Rachel e David, raramente estão em casa. São professores de História privados para Angeli. Basicamente sabem a história por detrás da história que os humanos contam. Nunca se perguntaram como é que os egípcios construíram as pirâmides com blocos enormes?? Um ventinho e uma ligação extra à natureza ajuda... Adiante! A minha irmã mais nova de 8 anos correu contra mim como se nem me tivesse visto e fez-me derrubar o livro. A Sarah consegue ser extremamente irritante de vez em quando. Mas eu perdoo-a sempre. Ela sabe disso e por isso também se aproveita. Subi as escadas, bati à porta do quarto do Simon e abri-a. O meu irão gémeo é o meu melhor amigo. Ele não era mesmo meu irmão. Pertencia à família Aire mas usava sempre os seus poderes para brincar comigo. Ele é um ano mais velho do que eu. Já passou pela Mudança e pela Escolha. A Escolha é quando se muda de família ou de coração, pode-se mesmo, em casos extremos, vir a ser um Deminius. A Mudança é, como o nome indica, a mudança do que era antes para o que irá ser. Pode nem mudar muito mas a Mudança é inevitável. A Escolha, porém, é um fenómeno que só acontece para alguns. Para os humanos normais, Simon é meu irmão gémeo. Quando ele mudou de família, para proteger a sua identidade, juntou-se à minha e tornou-se meu irmão de sangue porque de coração já era. Contei-lhe o meu dia e ele contou-me o dele. Pareceu-me bastante divertido. Ele é bom a desporto por isso fez as provas para a equipa de futebol e entrou sem grandes dificuldades. Estou orgulhosa por ele.

- O que é isso que tens aí?- perguntou-me ele num tom curioso.

-É um livro. Estava no coreto do lago. Trouxe-o para casa para não apanhar chuva. Amanhã deixo um bilhete a dizer que o tenho. Achas que fiz mal?

- Não, não acho. Fizeste bem. Só fiquei curioso porque não costumas andar com livros de capa lisa. Dizem para não se julgar um livro pela sua capa mas tu só olhas para aqueles com capa bonita!

- Isso não é verdade!- e começamos os dois a rir.

Voltei para o meu quarto e abri o livro. Fiquei bastante admirada ao perceber que... estava em branco! Era um livro em branco. Sem linhas nem quadrados. Branco. Depois da dedicatória da primeira página, apenas meia dúzia de páginas estavam rabiscadas. Parecia-me uma linguagem meio arcaica misturado com inglês e português. Talvez fosse latim. Tinha uns símbolos estranhos e umas listas de pessoas e números, moradas e escolas. Parecia um stalker. Fiquei um bocado assustada. Podia ser perigoso. Só eram nomes de rapazes. Podia ser uma lista de contactos de amigos ou assim. Estou a pensar de mais. Que serial killer seria desleixado o suficiente para deixar o caderno com a informação das vítimas em cima de um banco de coreto no meio de um lago?? Devo estar maluca, só pode! Devo estar com fome é isso. Olho para o relógio e vejo que já são horas de jantar. Pois não havia de estar a delirar. Sem açúcar no sangue há mais de 5 horas. Era de esperar. Vou jantar e dormir. Pode ser que amanhã consiga arranjar uma solução para devolver o livro...



Romance Proibido - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora