Eu gosto de você

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Camila:

Se estabelecer em Miami não foi tão difícil quanto eu pensei que seria, talvez pelo fato de eu ter feito alguns amigos com facilidade. Dinah Jane está comigo quando não posso estar no hospital com Sofia ou trabalhando, se tornou uma grande amiga. Tenho meu primo Tyler também, passamos a manhã juntos na loja de móveis e ele parou de dar em cima de mim mascaradamente, até porque arrumou uma namorada e começou a estudar. Depois disso tem a lanchonete da rua do hospital, que é onde eu costumo comer alguma coisa todos os dias antes de ir para casa e, as vezes, vou para ouvir alguém cantar, consegui alguns amigos fazendo isso. E por último mas não menos importante, Lauren. Os dias passam e eu consigo me enxergar cada vez mais dependente dela, da sua amizade e proximidade. Como se fosse preciso estar perto de seu calor o tempo todo. Se sete dias passam, são sete pontos a mais para este amor. Minha tão grande paixão por ela está estampada na minha cara e Dinah já notou isso e não me deixou esconder. Com o tempo, nem mesmo Sofia se enganou, minha pequena começou afirmando que eu estava gostando de alguém, mas eu neguei, só que ela é esperta demais para não ver o que é óbvio. Dei indícios e Sofi prometeu não contar a ninguém de jeito nenhum.

E com essas coisas que acontecem e pessoas que entraram na minha vida, o tempo tem passado depressa. Os dias estão correndo rápido e, quase sem perceder, um mês se foi, dois meses. Era início de julho. Foi numa manhã de quinta-feira que o hospital decidiu comemorar o dia quatro. Eu estava de folga devido a isso. Ferido nacional. Comemora-se a independencia do país, o quatro de julho é importante demais e não existe hipótese de passar esta data em branco.

O hospital organiza uma pequena festa para os familiares dos pacientes internados. Sofia estava ansiosa para tal comemoração, se perguntando como é uma festa dentro de um centro médico para crianças com câncer. A pequena pensa que vai ver um desfile ou coisa do tipo; tudo que terá são balões vermelhos e azuis e doutores da alegria, isso por ser sexta-feira.

Era cedo quando meus pais e eu saímos de casa para ir ao hospital. Quem nos recebeu foi Normani, que nos levou até o lugar onde seria comemorado. Tiveram que fazer num lugar separado já que nem todos os pacientes estão bem para participar da festa.

Sofi estava bem hoje. Brincando com seus amiguinhos de qualquer coisa que precise bater as mãos. Meus pais estavam conversando com alguns médicos e eu fiquei com Troy, o dos olhos azuis. Nada mais óbvio do que eu ter perguntado por Lauren, mas ela não havia chegado ainda. Quero vê-la logo.

- Kaki! - De repente gritou Sofia. - Venha aqui, por favor.

Caminhei até a roda de crianças, todas tão sorridentes.

- Diga, Sofi.

- Quero que você brinque com a gente hoje. Esta é Louise, este é o Aiden e este é o Matthew. - Ela apresentou seus amigos que sorriram para mim, acredito que eu já os conhecia. - Esta é minha irmã, ela se chama Kaki.

- Kaki? - Perguntei. Quis me agachar para ficar na altura dos pequenos.

- Camila, na verdade.

- A gente vê ela todos os dias, Sofi. - Disse Louise, uma garotinha de sardas.

Sorri como resposta e a menina fez uma cara espantosa, não demorou para quase se jogar no meu colo e virar minha cabeça para o lado:

- Meu Deus! - Exclamou. - Este lacinho aqui é tão lindo! - Havia mesmo um laço no meu cabelo preso num coque. - Ele tem pedrinhas roxas!

- Tem sim. - Sorri.

Sofia e os outros dois meninos continuaram brincando enquanto a minha atenção era para a menina amante de laços.

Live And Let DieOnde histórias criam vida. Descubra agora