Um nome esquecido

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Lauren:

Depois daquela noite, eu tive a certeza bem mais que absoluta de que Camila deveria ficar comigo e eu com ela. Agora que eu tinha me entregado, deixado com que conhecesse todo o meu corpo, ela era oficialmente a pessoa em que confio, quem amo e que posso chamar de namorada, amiga, amante... o que fosse. Era minha e eu dela.

Acordei sozinha na manhã seguinte. Sem sentir o seu calor, já que Camila dormira enrolada a mim. Mas havia me deixado em cima do travesseiro um bilhetinho com suas letras tortas dizendo:

"Bom dia princesa linda do meu coração que eu amo demais!!!!! precisei ir pra casa porque de domingo eu visito a Sofi mais cedo.. te vejo na lanchonete da Dinah mais tarde... me liga quando acordar, beijos da sua camz"

Com um sorriso bobinho no rosto (aquele que Camila sempre me faz dar), dobrei o papel e me sentei. Era uma manhã de domingo quente e bonita com o céu azul. Pude ver por que não tinha fechado as cortinas ontem... nem me lembrei disso. Claro que não me lembraria. E nesse momento minha cabeça foi invadida por momentos da noite passada. E que noite... Ainda estava sentada na cama e com as pernas dobradas, meus olhos passaram por toda a extensão do lençol branco e amassado. O cheiro de Camila ainda estava lá, era aquele seu perfume que eu tanto gosto. Fechei novamente os olhos e deixei o corpo cair na cama, quase sem reparar que ainda estava nua. Vai saber onde estão minhas roupas... pouco me importava, na verdade.

Eu estava tão bem, tão disposta, que seria difícil algo me irritar. Admitido, é graças à Camila. Com toda a minha sinceridade, acho que eu precisava de sexo mesmo. Com a vida corrida que eu levo, nem me lembro qual foi a última vez que me relacionei com alguém. Faz uns bons meses, disso eu sei. De qualquer forma, essa única vez com Camz valeu por todo esse tempo. É, eu tenho uma namorada que da conta do recado. E que, inclusive, sabe me satisfazer e pedir por mais.

Concluí que eu estava perdendo tempo... Nunca senti vontade de ficar com uma mulher antes... talvez uma breve e passageira curiosidade, mas nada passado disso. Contudo, todas as relações que tive foram com homens. Não estou dizendo claramente que uma mulher (no caso, Camila), é melhor, mas se eu disser o contrário disso, estaria mentindo. Bem que me lembro de uma matéria que li numa revista onde dizia que lésbicas têm mais orgasmos do que heteros... É fato que: se eu tiver a companhia de Camila em mais outras noites, estarei satisfeita e contente.

Pairou na mente que eu deveria ligar para ela quando acordasse, porém precisava de um banho antes. Andei recolhendo as roupas do chão do meu quarto e não havia pressa, não havia estresse. Era só eu e minha sombra contemplando a sensação de se estar completa e satisfeita. Mas então, de repente como sempre é quando acontece, eu levei um susto. Um tão grande que o tutano dos meus ossos pareceu congelar. Foi um barulho estrondoso de um bando de coisas batendo no chão. A princípio, eu pensei em mil motivos pela qual aquele barulho havia acontecido. Meu coração até acelerou, minhas mãos deviam estar tremendo e meus olhos estavam arregalados. Parei feito um poste pelado bem no meio do quarto, inclinando os ouvidos para tentar ouvir qualquer outro som. Porém, tão rápido quanto o susto, lembrei-me de que poderia ser Ally se atrapalhando na cozinha, então daí me aliviei. Vi que já era fim daquela manhã quando olhei no relógio da cabeceira da cama. Era Ally tentando se virar para conseguir fazer a própria comida, era sim. Levei em conta de que aquele barulho foi alto demais para deixar de me preocupar, então peguei o primeiro roupão que encontrei no banheiro e fui em direção à cozinha, cautelosamente.

Lá estava a pequena mulher, murmurando três milhões de palavrões enquanto recolhia a meia dúzia de panelas no chão. Meu humor estava bom demais para eu perder a oportunidade de...

- ALLYSON! - Gritei (berrei), apenas por vingança ao susto que acabei de levar.

Outra vez o mesmo barulho de antes. Ally gritou e atacou uma caneca de alumínio para frente, que bateu bem na porta da geladeira. Logo depois o som que se fez em todo o apartamento foi o da minha gargalhada.

Live And Let DieOnde histórias criam vida. Descubra agora