Cap.16-O Sol e a Lua

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Dylan combinou de me encontrar às três, para fazermos a tatuagem. Ele iria fazer uma também, mas não disse qual seria, me deixando ligeiramente curiosa, mesmo com tantas outras coisas para pensar.
Quando dão dez para às três eu estava pronta, sentada na cadeira de minha escrivaninha. Usava blusa de alças vinho, calças pretas e sapatilha. Como eu era muito alta, quase não usava salto.
Meu cabelo loiro liso estava preso em um coque desleixado, acompanhado de delineador preto nos olhos e batom vermelho nos lábios.
Apesar do que Dylan disse, minha mãe me deu a permissão escrita para a tatuagem, e o dinheiro necessário, o que fez com que eu me sentisse muito melhor, já que nunca havia mentido para ela.
Quando Dylan chegou cinco minutos atrasado, eu o olhei dos pés a cabeça, apreciando o que via.
Os cabelos negros estavam bagunçados como sempre, os olhos castanho-escuros me olhavam juntamente com um meio sorriso. Ele usava um suéter preto que ajudava a mostrar o corpo perfeito, calça jeans e All Star preto.
-E aí, gatinha? Admirando?- Ele perguntou com um sorriso, se aproximando.
-Sai fora Dylan. Vamos fazer a tatuagem.- Digo o empurrando pra longe, saindo corredor a fora, até chegar no térreo.
Ele apenas ri e abre as asas. Eu percebi que nunca havia parado para notá-las. Eram penas brancas com pontas negras, parecendo serem feitas de couro.
"Asas de perdoado." Pensei comigo mesma, desviando o olhar.
Abri as minhas próprias asas e alçamos voo até a loja de tatuagem. Eu não voava havia tanto tempo e sentia saudade de apreciar o vento batendo no meu rosto e bagunçando meus cabelos, era boa a sensação de liberdade que aquilo me proporcionava, por que eu havia parado de fazê-lo?
Eu dei um sorriso, desejando fazer aquilo mais vezes, me perguntando se Dylan ouviu o meu pedido, e acredito que sim, já que ele olhou para a rua prateada lá em baixo e sorriu de uma maneira que nunca havia visto antes.
Nós aterrissamos na frente de uma loja roxo metálica escura, a única coisa obsura que havia visto em toda a cidade desde que havia chegado.
Comecei a gostar do lugar.
Por dentro a loja era em um tom de prata velho, com um grande balcão de mogno escuro, com dois computadores brancos e desenhos espalhados pelas paredes. Um homem careca e gordinho estava a frente de um computador.
-Dylan!- Disse ele, sorrindo- Bom vê-lo de novo garoto! Quem é essa menina bonita do seu lado?- Perguntou ele em um tom malicioso.
-Oi Cliff.- Falou Dylan sorrindo e revirando os olhos.- Esta é Emma, minha amiga. Ela é uma mestiça.-Ele respondeu, apontando para mim.
-Prazer em conhecê-lo Cliff.- Disse eu, sorrindo.
-O prazer é meu querida- Ele sorriu simpático, antes de se virar para Dylan novamente.- Qual é a de hoje? Vai ser nas costas, pescoço, perna, barriga, virilha...?- e Perguntou Cliff, pondo um par de óculos meia lua, digitando algo rapidamente no computador.
-Pulso, para nós dois. Eu quero este desenho.- Ele disse, entregando um papel para Cliff, me impedindo de ver. - E também aquela nas costas, que você me prometeu.
-Pois bem... E a Srta Emma?-Perguntou ele, olhando para mim.
-Eu quero essa aqui.-Falei apontando para o belo desenho de um sol negro com longos raios.
-Okay... Vou chamar Emilya.-Ele disse, ligando o telefone e falando com alguém em uma língua estranha, parecia grego.
Uma garota mascando chiclete com cabelos lisos platinados, batom preto, blusinha mostrando a barriga, shorts curtos e meia calça preta, com piercing no umbigo, na sobrancelha, no nariz e na língua apareceu, parecendo entediada e impaciente.
-Dylan!- Ela disse se enchendo de alegria.
-Oi Emilya. Como vai?-Ele perguntou, com um sorriso forçado, claramente entediado.
-Bem, bem.-Ela respondeu, ainda com um sorriso nos lábios.-Quem é essa aí?-Ela perguntou, olhando para mim com desgosto.
  Dylan se preparou para responder e eu o cortei.
-Sou Emma, amiga do Dylan. Mestiça. Namoro com Michael Banners.-Disse eu rapidamente, avaliando sua reação.
-Okay Emma.- Ela começou, agora mais simpática.- Posso ver os seus documentos e as autorizações dos dois por favor?-Ela perguntou.
Nós entregamos a papelada e ela nos leva até uma sala. Uma menina ruivinha super baixa leva Dylan para uma cadeira de couro preta e Emilya me leva para a outra.
Ela pega um papel vegetal com o desenho e aplica na minha pele. Depois desenhar no meu pulso a caneta azul, ela começa a tatuar.
A dor era terrível, mas eu não gritei nenhuma vez. Emilya ia devagar, vendo meu rosto de dor, para aliviar a tortura que era aquela agulha cheia de tinta preta. O desenho aos poucos ganhou forma, mostrando os belos traços.
O sol ficou lindo. Várias pontas onduladas saiam do pequeno círculo negro e deixavam-no quase angelical, mesmo com uma cor tão escura.
Dylan fazia uma tatuagem no pulso e assim que terminou, ele tirou a camisa e ficou de costas para a ruiva, que começou a desenhar.
Era um grande dragão que dava voltas em si mesmo é que ia da altura dos ombros até o fim da lombar, onde antes haviam cicatrizes feias e roxas. Eu fiquei analisando suas costas. Era fisicamente perfeito, tirando as cicatrizes. O que ele poderia ter feito para ganhá-las? Eu pensei, enquanto Emilya colocava o insufilmeno meu pulso.
Quando ele terminou e o plástico já estava no lugar, ele pôs a camisa e o suéter, suas asas se materializaram e não danificaram o plástico, nem deixaram o desenho menos visível.
Ele virou para mim sorrindo e se aproximando.
-Deixa eu ver a sua.-Ele disse, tomando a minha mão, me fazendo encolher de dor.-Ah, me desculpe.-Ele a segura mais delicadamente e a observa.
Tive um rápido vislumbre da dele enquanto ele pegava a minha mão. Ele deu uma risada.
-O destino é engraçado não?- Ele perguntou, descaradamente.
Dylan levantou a manga do suéter e mostrou a sua tatuagem no pulso. Uma lua, com duas estrelinhas acopladas. Eu sorrio e lhe lanço um olhar travesso.
-Você sabia o que eu ia tatuar. Fez de propósito.- Disse eu, meio desconfiada mas com um sorriso no rosto
Ele dá de ombros.
-Considere uma daquelas coisas bibas de amigos para sempre.- Ele respondeu rindo.
-Não acho que você saiba consideram uma garota amiga pra sempre.-Eu respondi, depois de pagar.
-Tem razão.- Ele respondeu, com um sorriso malicioso, pagando.- Eu não sei mesmo.
Ele piscou para mim e abriu as asas e voando para longe. Eu abri as minhas e fui até o meu apartamento. Eu coloquei os sapatos em qualquer lugar e subi, entrando no meu quarto.
Deitei na cama, olhando a tatuagem e sorrindo, passando meus dedos levemente por cima do insufilme. Era tão linda... Mas espera, eu estava deitada em minha cama, o que significava...
       Me sentei imediatamente, com olhos arregalados.
       Hilary.

Demon's LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora