Demon's Love

Cap.14-Mal Agouro

      Pelo resto da semana, tudo foi acontecendo muito rápido. Hilary ainda estava de cama, mas se recuperando gradativamente e dizendo coisas sem sentido, Mike havia me pedido em namoro, e é claro que eu acabei aceitando após olhar aqueles olhos que tanto me encantavam e sentir sua pele junto à minha enquanto estávamos abraçados.
       Dylan se manteve por perto e conversava comigo às vezes sobre todos os assuntos possíveis, mas o fato de ele ser um íncubo me incomodava. Eu não conseguia deixar de me sentir atraída por ele de uma maneira diferente. Não era apenas sua beleza, mas a maneira como falava e agia, daquela jeito que ele havia sido treinado para fazer por toda a sua vida.
       Mike nunca mais demonstrou ciúme algum e sinceramente, eu nunca vi uma pessoa dona de tamanha perfeição. A chuva continuava a castigar a Cidade Celestial todos os dias em horários impossíveis de se prever. Cada vez mais eu desconfiava daquela cidade brilhante. Ela parecia perfeita demais, bela demais.
       Mas ao mesmo tempo, com aquelas nuvens negras circundando e ofuscando os raios de sol, o Céu havia se tornado agourento, ligeiramente falso e estranho demais. Todas as vezes que eu falava isso para Michael ou para qualquer outro, sempre me respondiam o mesmo:
      -O que? Claro que não. A cidade está perfeita do jeito que está.-Diziam, com um sorriso, como se eu houvesse falado a maior bobagem possível.
      O único que partilhava meus pensamentos conspiratórios era Dylan. Ele via que tinha algo errado naquilo tudo, o que me fazia adorá-lo por ser meu amigo. E Callie é claro, também concordava, mesmo que sempre colocasse a culpa apenas nos demônios e não nos Arcanjos que não conseguiam toma conta da Cidade.
       Eu estava sentada na poltrona, lendo um dos meus livros favoritos pela milésima vez, completamente entediada, quando Hilary se sentou ereta na cama, em um de seus transes.
       -Cuidado, a todos as boas almas. O filho de Lúcifer está aqui. Ele finge, ele engana, assim como seu pai.-Ela falou, com uma voz rouca e baixa que parecia triplicada.-Filho de mais de uma entidade, ele se levantará, envolto em trevas, como uma naja atacará. Cuidado mestiça, a naja está perto, ela está contigo.-Ela fala, agora com sua voz diminuindo e sumindo.
      Como sempre, eu anotei o que ela dizia em um caderninho antigo com a caneta que estava presa atrás na minha orelha e a guardei em uma das gavetas do criado mudo. Eu só escrevia por que Dean pedia para ver como ela ia de tempos em tempos. Ele parecia saber de alguma coisa, mas eu não queria pressioná-lo.
        Nesse momento, Michael entrou no quarto e eu sorri para ele. O Mestiço olhou para Hillary, parecendo ligeiramente desinteressado, antes de me olhar de novo e se sentar na mesinha de cabeceira do meu lado.
       -Como você está?-Ele perguntou, afastando uma mecha do meu cabelo.
       -Eu estou bem.-Eu dou outro sorriso triste.-Não sou eu que é o foco maior de preocupação.-Eu falei, suspirando.
        -Ela vi melhorar. Pelo o que você me disse, ela já está melhor.-Ele disse, compreensivo. -Daqui a pouco ela volta para nós, é só ter fé, não é isso que praticamente lidera o nosso mundo? Não se preocupe, tudo melhora com o tempo.
        Eu assinto, sentindo a mão dele acariciando meu rosto, mas ainda séria. "É uma visão muito otimista desse caos que chamamos de vida." Eu pensei, apreensiva.
        -Os pais delas estão viajando. Nem sabem o que aconteceram, não temos contato com a Terra e eles estão lá tentando algum negócio com uns vampiros loucos aí.-Eu digo, olhando minha amiga ruivinha.-Eu sou a única que ela tem agora.
       Michael segura meu rosto gentilmente e o levanta com uma das mãos, sorrindo tristemente, olhando mus olhos, parecendo encantado.
       -Vai ficar tudo bem. A facada não atingiu o coração, né? Ela foi salva pelo Winchester. Logo, tudo voltará ao normal, ela voltará para Angelina, com aquela energia de sempre e poderemos voltar a respirar.-Ele disse, tentando me tranquilizar.
       -Eu te amo.-Eu falo, sorrindo, muito perto dele, mas ainda distante o suficiente para assistir seus olhos brilharem com a surpresa.
       -Eu sei.-Ele riu, me puxando mais pra perto.-E eu também te amo, Emma.
       Eu encostei meus lábios nos dele e o envolvi com meus braços, nem podendo notar que em algum lugar em um prédio dourado do outro lado da rua, em uma janela suja, coberta por cortinas, alguém nos observava atentamente.