Cap.8 - Telepatia no corredor

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O sinal do intervalo tocou e Hilary se aproximou de mim com passos apressados e ecoantes pelo corredor. Ela vinha com um sorriso e conversando com a mesma garota de antes. Uma aura angelical, como a da maioria dos alunos pairava sobre ela fazendo seus olhos azuis muito claros brilharem como faróis e seus cabelos louros quase brancos replandecerem como ouro branco a luz do sol, fazendo suas roupas cor-de-rosa parecerem ainda mais vibrantes, o que me fez lembrar de Dolores Umbridge, de Hatty Potter e a Ordem da Fênix. Só podia esperar que o caráter dela fosse melhor do que a bruxa do Ministério da Magia.
-Oi Emma. Esta é Angela.-Disse apontando a nova amiga que ainda sorria, para mim, como uma Barbie.
-É um prazer, Angela.-Digo sorrindo.
Angela me olha de maneira assustada, como se agora realmente me enxergasse e seu sorriso repentinamente morreu, como se nunca houvesse estado ali. Então era realmente assim? Esse tipo de preconceito ainda existia? A raiva borbulhou dentro de mim, pronta para explodir bem na cara daquele anjo preconceituoso
-Ela é...-Ela me olhou com os olhos cada ver maiores. A raiva em mim só aumentou e eu cruzei meus braços, erguendo uma sobrancelha e esperando que ela terminasse a frase. Ela definitivamente era igual a Dolores Umbridge.
-Sou uma Mestiça, sim. Algum problema?-Pergunto de maneira fria, estreitando os olhos. Hillary parecia notar o quão tenso o ar estava se tornando, pois seus olhos dançavam inquietos entre mim e Angela, temerosos por saberem muito bem o que eu era capaz.
Um peso parece ter sido retirado dos ombros da anjinha chatinha e ela voltou a sorrir, olhando minhas roupas, provavelmente me classificando.
-Ah, perdoe-me, é que sua aura está muito escura. Parecia ser um demônio, tipo, um demônio comum, não um Perdoado ou um Puro.- Disse ela colocando a mão sobre o peito, antes de dar uma risadinha aguda e afetada, claramente forçada.-Tolice a minha. Ás vezes sou muito medrosa e meus pais sempre tentaram implantar esse tipo de pensamento de que não se deve dar nenhum tipo de chance a raças diferentes. Peço minhas sinceras desculpas. Sou Angela, como Hillary falou. Seja bem-vinda ao céu.-Disse estendendo a mão para que eu apertasse.
Eu apertei a mão dela e dei um sorriso falso. Mandei uma mensagem telepática a ela. Se eu fosse um demônio mesmo, não passaria nem perto, né? Manda o seu preconceito pre Inferno que é onde ele merece estar.
-Emma! Vem aqui conhecer aquele pessoal qu eu te falei.-Disse Mike se aproximando de mim, Hillary e da vadia.
Salva por ele baranga, e sinta-se agradecida por ter a Hillary como amiga, porque se não tivesse, as coisas poderiam ficar feias por aqui. Eu "falei" antes de me afastar dela e de uma Hillary atônita, perfeitamente ciente do que eu havia feito.
Angela me olhou com um olhar surpreso e ofendido ao mesmo tempo. Segurei o braço de Mike e virei de costas para as duas anjinhas cor-de-rosa.
Sorry sweet, não ande com essas pessoas precoiceituosas. Li os pensamentos dela e ela te acha um nada, mas quer amigas que não ofusquem sua enooooorme beleza, sabe como é...Agora tchau e a gente se vê mais tarde. Disse telepaticmente para Hill, que já havia saído do transe e agora me olhava, envergonhada e irritada.
Segui com Mike pelo corredor com a cara mais tranquila do mundo e ele me olhou de maneira desaprovadora.
-Está louca? Falar aquilo para um arcanjo?-Ele perguntou, meio indignado, meio preocupado. Dei de ombros. Ela podia ser quem fosse que eu ainda não gostaria dela.
-Ela é um arcanjo, e daí? Nenhum tipo de preconceito deve ser tolerado, mesmo que este viesse do mais poderoso anjo, não deveria ser aceito e você sabe e concorda comigo..-Eu disse, séria.
-Pode até ser, mas é perigoso fazer esse tipo de coisa. Não estamos na Terra, ok? Você acabou de chegar na escola, não quero que você seja expulsa da escola em seu primeiro dia.-Ele disse, com a voz grave e baixa.
Dei um pequeno sorriso de canto para ele, juntamente com um olhar malicioso.
-Se preocupa comigo?-Digo eu, ainda sorrindo.
-Não é isso... Tá, é sim. É que nunca houve ninguém igual a mim desde que minha irmã... Se foi. -Ele suspira-Eu não tenho ninguém. Você é a primeira amiga que tenho desde muito tempo...-Disse ele olhando pro chão e para seus sapatos.
-Vem cá.-Eu falo o puxando para um abraço. Um abraço ligeiramente estranho, já que mal o conhecia, mas que eu senti que deveria soar melhor do que meras palavras.
Ele o retribui automaticamente e sinto a dor e o sofrimento vindo dele. Isso me atingiu como uma faca no peito. Eu nunca perdi nenhum parente para a morte, até porque, morrer não era algo comum para anjos, demônios ou mestiços, afinal, nós somos tecnicamente imortais.
Para um demônio ou anjo ser morto, ou melhor, destruído, teria-se que usar uma faca envenenada com o sangue da raça oposta. Por isso Mestiços, como eu e Mike, eram tão perigosos. Porque não havia um oposto específico. Nós éramos a mistura dos dois. Isso poderia significar que éramos totalmente imortais.
Eu tentei imaginar como seria saber que alguém de sua família morreu. Eu tentei, mas era quase impossível para mim entender pelo o que ele estava passando.
Mike, decididamente sofreu mais em uma noite do que eu em toda a minha vida. Mas agora eu estava determinada a curar seu coração, nem que fosse a última coisa que eu fizesse. Afinal, eu também não conhecia nenhum outro de minha espécie.

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